Scoop, de Woody Allen
A experiência em ver um filme de Woody Allen é reconfortante, é notável, é magistral. É difícil não se contentar com o singelo humor de suas histórias ou quando aborda uma narrativa mais delicada. Em “Scoop – O Grande Furo” o veterano cineasta de 71 anos retorna aos bons tempos recentes de “Dirigindo no Escuro” e “Trapaceiros”, filmes que não apelam para as “máquinas” de entretenimento que tornaram os filmes americanos tão banais, ou histórias que, de tão mirabolantes, acabaram pretensiosas. Quem gosta de diálogos bem escritos, acontecimentos engraçados sempre autografados pelo diretor e ar nostálgico poderá apreciar a produção sem queixa alguma.
Uma das melhores atrizes jovens desta geração, Scarlett Johansson novamente triunfa com outro desempenho perfeito, mostrando que seu estágio com o veterano cineasta está rendendo os melhores e mais saborosos frutos. Ela é Sondra Pransky, dedicada estudante de jornalismo que, após esbarrar em um fantasma (interpretado por Ian Mcshane, que estará no aguardado “A Bússola de Ouro”) no exato momento de um truque de mágica, tem o furo (ou scoop, no inglês) ideal para pesquisar a todo custo: descobrir a verdadeira identidade do Assassino do Tarô, que atua nas noites de Londres. Evidências apontam para Peter Lyman (interpretado por Hugh Jackman), aristocrata elegante de vida nababesca pelo qual Sondra acaba se apaixonando. O mágico Sidney Waterman de Woody Allen também entra na teia de mistérios, ajudando a jovem jornalista na busca do verdadeiro serial killer.
O cineasta continua investindo nas suas excelentes tiradas, enquanto Johansson demostra charme e competência em cena, além do elenco coadjuvante gracioso, como McShane, Charles Dance e Romola Garai. Cineasta que sempre reúne um elenco quase dos sonhos, Allen infelizmente conta com um Jackman bem envergonhado. Nada que comprometa a bela Londres, a formidável trilha sonora, o humor delicioso e a grande astúcia de Allen. Se não nos entregou uma obra à altura de “Match Point” ao menos matou toda a saudade do seu velho e excelente cinema cômico: não confere mudanças no seu desenvolvimento, mas o texto é repleto de inteligência, estilo e singeleza, elementos suficientes para um resultado agradável.



