Aos últimos passos da década de 1980, o diretor John McTiernan conquistou dois feitos no mínimo impressionantes com o seu “Duro de Matar”: incluí-lo na relação de melhores filmes passados na festejada data de natal e, claro, revolucionar o modo de se fazer cinema de ação. O John McClane que levou Bruce Willis ao primeiro time de Hollywood era um herói destemido, honesto e comum, o que desviava dos estereotípicos de mocinhos valentões que banalizaram o cinema aquela década e que prosseguem até hoje no gênero. Também somam créditos a ação bem competente e um vilão encarnado por Alan Rickman sem nenhuma caricatura. Mas é uma série cinematográfica que, mesmo bem-sucedida chegando a sua terceira sequência com “Duro de Matar 4.0”, não tem uma boa estrutura em seu enredo, exceto pelo que se diz respeito a vida pessoal de McClane, como os desentendimentos com sua esposa e a presença de sua filha Lucy (Mary Elizabeth Winstead) neste recente episódio.
Estão lá alguns diálogos hilários soltados pelos personagens centrais, mas o blecaute surgido propositalmente como ataque terrorista pelo vilão Thomas Gabriel (Timothy Olyphant) renderia muito mais se a dupla de roteiristas Mark Bomback e Doug Richardson fosse esperta o suficiente para usar este caos como o fim de um país sem a energia como sua necessidade primordial, e não jogá-lo para segundo plano. É como imaginar nosso cotidiano sem eletricidade, o que nos impossibilita de trabalhar, se divertir, enfim, viver, algo que David Koepp imaginou e estacionou no meio do caminho com o seu suspense “O Efeito Dominó”. O diretor por trás da série “Anjos da Noite”, Len Wiseman, consegue provocar boa química entre a inusitada dupla formada por John McClane e o nerd da informática Matt Foster (Justin Long) e ainda é capaz de entregar as melhores sequências de ação do ano passado, como a eletrizante perseguição no túnel que termina com uma improvável explosão. Mas não é à toa que toda a franquia “Duro de Matar” venha à memória mais por John McClane e a competência de Willis em incorporá-lo e menos por suas histórias pouco engenhosas e bem preguiçosas.
Título Original: Live Free or Die Hard
Ano de Lançamento: 2007
Direção: Len Wiseman
Elenco: Bruce Willis, Justin Long, Timothy Olyphant, Mary Elizabeth Winstead, Maggie Q, Jeffrey Wright, Cliff Curtis e Kevin Smith.
Cotação: ![]()

Desde seu lançamento em 2002, Doug Liman injetou vigor no gênero com o filme “A Identidade Bourne”, inspirado num livro de Robert Ludlum e com roteiro de Tony Gilroy (que fez sua estréia em longa-metragem recentemente com o aclamado “Conduta de Risco”), dando início a uma série bem-sucedida, inteligente e com ação espetacular. O final da saga, ao menos como foi anunciado, do herói desmemoriado Jason Bourne (Matt Damon) é novamente preenchido pela sua busca em desvendar todo o passado que o condena ao mesmo tempo em que é procurado pela CIA e caçado por assassinos profissionais a mando de Noah Vosen (David Sthathairn). Neste episódio também é reaproveitado a personagem interpretada por Julia Stiles, Nicky Parsons, assim como Pamela Landy (ótimo desempenho de Joan Allen).
No material extra disponível no filme “Escritores da Liberdade”, é também fornecido comentários em áudio do diretor Richard LaGravenese e a protagonista Hilary Swank. Ao término dos comentários do filme, baseado em fatos verídicos da luta de uma professora em manter uma nova didática com seus alunos indisciplinados e sem perspectivas por influência da vida que levam, houve certo ânimo do cineasta e da atriz em repetir futuramente a parceria. O resultado veio rapidamente com “P.S. Eu Te Amo”, drama onde Holly Kennedy (Swank) tenta superar a morte do marido Gerry (Gerard Butler), com o qual se casou jovem e viveu durante um longo tempo. Além de contar com o apoio das melhores amigas Sharon (Gina Gershom) e Denise (Lisa Kudrow), Holly também recebe o conforto de algumas mensagens que são enviadas num curto espaço de tempo, cada um ao seu modo, escrito pelo seu próprio marido quando ainda estava vivo e já preparado com o fato de que não adiantaria lutar contra o tumor cerebral que causara sua morte prematura. Também ganha consolo ao fazer uma inesperada amizade com Daniel Connelly (Harry Connick Jr.), homem que nutre certa paixão por ela.
Ainda que eficientes no dever de chocar o seu público, muitos longas do cineasta Alfred Hitchcock eram apedrejados, na época de seu lançamento, pela estrema coragem do cineasta, o que, a sua maneira, quebrava certos padrões daquela geração. Ainda que não tenha sido o único a se consagrar como mestre do suspense (entretanto, o maior já existente), não tardou para Hitchcock se tornar referência neste gênero de cinema. Não faltam modos para comprovar a afirmação: os filmes do mestre já foram sujeitos a refilmagens (“Um Crime Perfeito”, “Psicose”) e serviram como referências sutis (as câmeras de Paul Verhoeven em “Instinto Selvagem” e até mesmo em “O Chamado”). Mas houve outros cineastas que foram totalmente influenciados pelo talento de Hitchcock em suas produções, mas poucos foram capazes de fazê-lo com carinho, astúcia, elegância e originalidade. Salva-se Robert Zemeckis e seu “Revelação” e, inegavelmente, o grande Brian De Palma, outro cineasta que se firmou como mestre, proporcionando os melhores filmes da década de 1970 e 1980.
Eclético e talentoso, o cineasta Danny Boyle foi capaz de conceber em 2002 o filme “Extermínio”, cujo desfecho foi orquestrado de modo extremamente original e inovador. Não somente pela forma como foi delineada o fim daqueles mortos-vivos aterradores, mas por nos mostrar que por maior fosse a ameaça estabelecida, ela não seria extrema o suficiente quanto o perigo que o próprio ser humano representa. Mas não houve a disposição necessária de conduzir com essa mesma maestria a ação que antecede essa surpresa. Uma tarefa que o estiloso diretor de “Intacto”, Juan Carlos Fresnadillo, cumpriu com a eficiência mais que desejada na sequência “Extermínio 2”, onde acompanhamos Don (Robert Carlyle) na Grã-Bretanha após uma fatalidade que também envolveu a sua esposa Alice (Catherine McCormack). É neste país repovoado pelos sobreviventes do vírus espalhado no filme anterior que ele reencontra Tammy e Andy, seus dois filhos (respectivamente, Imogen Poots e Mackintosh Muggleton). E essa será a família ao qual as câmeras são direcionadas que se dá novamente o desespero de toda a humanidade em lutar pela sobrevivência quando desvendamos que Alice ainda pode estar viva (e infectada).
Sempre houve no Homem certo fascínio em desvendar os enigmas enquanto a nossa existência. E por mais que a ciência insista em localizar uma explicação para este mistério, nunca somos capazes de encontrar explicações plausíveis que vá além de nossa fé em algo fora do nosso alcance. O mesmo pode ser aplicado quando pensamos na morte, pois qual o destino que nos aguarda? Será apenas um eterno repouso ou nossa missão em Terra ainda não terminou? É nesta questão que o j-horror vem investindo só que com uma perspectiva nada otimista. Ainda que tenha passagens ao seu desenvolvimento que justifique o título desta primeira investida dos irmãos diretores Oxide Pang Chun e Danny Pang em território americano, as almas que habitam corpos agora pútridos retornam, assim como outras produções da mesma linha, para “trabalharem” como informantes de uma tragédia passada, onde o “descanse em paz” só será selado quando o contato do além for correspondido por aqueles que ainda estão vivos.