Em “Por Um Sentido na Vida”, filme dirigido por Miguel Arteta e roteirizado por Mike White, Jennifer Aniston é Justine, uma jovem mulher amargurada que, como bem representa o título nacional, procura por algo ou alguém que a faça ter uma nova perspectiva de vida e que ela tenha alguma emoção. Mas o seu marido indecoroso e o emprego monótono dificultam que ela alcance seus objetivos, até se relacionar com um dos seus colegas de trabalho (interpretado por Jake Gyllenhaal), que compartilha os mesmos objetivos de Justine, apesar das suas excentricidades. Na sua primeira experiência por trás das câmeras e com o apoio de Brad Pitt e Jack Black como produtores, sendo também ator de outras comédias como “Escola de Rock” (que também assina o roteiro), Mike White confere muitas características daquele drama independente de 2002 em “Amor Pra Cachorro”, sendo agora a comediante Molly Shannon a protagonista. Ela também é amargurada e tem a sua vida modificada com a chegada de um homem. Entretanto, White optou por uma narrativa mais leve, com muitos momentos de diversão.
O veterinário Newt (Peter Sarsgaard) é o responsável pela mudança de comportamento de Peggy. Mas antes que o provável interesse amoroso se estabeleça, passamos a conhecer um pouco da vida dela, uma mulher doce, um exemplo de funcionária competente e carinhosa com as poucas pessoas que estão presentes em seu cotidiano, como o seu irmão Pier (Thomas McCarthy), a sua cunhada Bret (Laura Dern), os seus sobrinhos e a sua amiga Layla (Regina King). Mas é no seu cãozinho de estimação Pencil (ou Lápis, se preferir) que ela encontra a sua companhia para todas as horas. O problema é que ao animal ultrapassar a barreira para a casa vizinha, Peggy depara-se com o seu cachorro num péssimo estado, resultado em seguida na sua morte por possível envenenamento, talvez ocasionado por Al (John C. Reilly). É aí que surge Newt e suas boas intenções em doar um de seus cães a Peggy, sendo nesta amizade sincera que ela começa a desenvolver expectativas de encontrar um parceiro que sempre desejou, chegando a apoiá-lo em projeto em defesa aos animais e virando vegetariana.
É nesta situação onde aquela velha frase cômica “quanto mais conheço as pessoas, mais eu amo os animais” surte um efeito mais sério, já que Peggy sofre uma grande decepção ao notar que esta paixão crescente que tem por Newt não está sendo correspondida. Assim que ela começa a cometer algumas pequenas “loucuras”, como transferir dinheiro da empresa onde trabalha como doação para ações que salvam os animais de experiências de cosméticos ou para virarem casacos de pele. Mas o conhecimento de White por tipos melancólicos e solitários permite que este drama nunca derrape na caricatura. Ao contrário. Este retrato triste mas esperançoso adquire um resultado especial com o seu belo desfecho, numa confortável mensagem de autoconhecimento. Mas é um resultado agradável obtido muito pela interpretação de Molly Shannon, num dos melhores desempenhos femininos até o instante. Descoberta no programa humorístico americano “Saturday Night Live” e atriz frequente em filmes de comédia, Shannon prova que também possui um invejável talento para interpretações dramáticas, sendo capaz de emocionar com toda a dor que expressa.
Título Original: Year of the Dog
Ano de Produção: 2007
Direção Mike White
Elenco: Molly Shannon, Laura Dern, Regina King, Thomas McCarthy, Josh Pais, John C. Reilly, Peter Sarsgaard, Amy Schlagel, Zoe Schlagel e Dale Godboldo.


Grandes amigos desde que se conheceram no início da década passada, Tarantino e Rodriguez sempre se uniram de uma forma ou de outra nos próprios projetos. A oportunidade e expectativa de vê-los como parceiros íntegros de uma mesma realização aconteceu em “Planeta Terror”. Mas nada que seja muito animador: além das irregularidades na direção de Rodriguez como o ritmo esquizofrênico, Tarantino surge irritante numa participação pequena neste filme sobre zumbis. Sem um pingo de humor e com ausência total de um bom clima de horror, “Planeta Terror” é puro desleixo – proposital, claro. Mas não é essa a intenção? Sim, mas existem filmes B mais competentes mofando nas locadoras que foram realizados com recursos totalmente limitados melhores do que este. O pior de tudo é que sua maior atração só é apresentada nos minutos finais, sendo as pernas matadoras de Cherry Darling (Rose McGowan, que também aparece em “À Prova de Morte”).
Não à toa, o momento de Tarantino na direção foi reservado para a segunda parte da sessão. Sem aquele número gritante de pontas bobocas de celebridades visto no filme de Rodriguez, “À Prova de Morte” obtêm um resultado bem melhor, ainda que longe de ser memorável. Algumas marcas registradas do cultuado diretor de “Pulp Fiction – Tempo de Violência” estão presentes neste filme que nos apresenta ao maníaco Stuntman Mike (Kurt Russell), cujo possante indestrutível é a ferramenta de uso para matar garotas rebeldes. Os trinta minutos finais são geniais, onde um trio de amigas planejam uma brincadeira para lá de audaciosa: Zoe (Zoe Bell, a dublê de Uma Thurman em “Kill Bill”) posiciona-se no capô de um carro enquanto Kim (Tracie Thoms) dirige em alta velocidade e Abernathy (Rosario Dawson) somente assiste a loucura. Só que as coisas começam a ficar ainda mais perigosas quando Mike decide interferir na diversão em plena tarde ensolarada. É sufocante, sensacional, divertidíssimo. Uma pena que, para chegar nessa seqüência, o espectador tenha de aturar uma hora de diálogos bocejantes entre outras personagens dentro de um bar.
Em Salamanca, localizada na Espanha, o Presidente americano Ashton (William Hurt) sobe ao palco e encara centenas de pessoas para discorrer sobre o combate ao terrorismo. Mas antes que as suas propostas sejam ouvidas por toda aquela multidão centrada na Plaza Major, tiros e explosões resumem o seu discurso. Estes ataques são vistos em um trailer por Rex Brooks (Sigourney Weaver) e toda a equipe televisiva com a qual está cobrindo todos os detalhes da conferência. Resta saber quem está por trás desta ação e como estão agindo. Aparentemente uma missão da qual o espectador apreciaria com a maior serenidade, se não fosse as artimanhas que a direção de Pete Travis e a história de Barry Levy armam.
Com o objetivo de entrevistar Laura Quinn (Demi Moore) para uma matéria sobre o surgimento da mulher moderna a partir da década de 1950, Cassie (Natalie Dormer) surpreende-se ao ver que ela guarda consigo um precioso diamante. Com o relato de como adquiriu o objeto somos transportados para a Londres de 1960 e como Laura subiu de cargo de executiva para gerente da Companhia de Diamantes, uma empresa controlada por homens. Mas antes é mostrado a sua rotina naquele lugar e como se envolveu com Mr. Hobbs (Michael Caine), um zelador. É ao focar a relação entre estes dois personagens, que antes só se comunicavam através de saudações diárias no início de expediente, que o roteiro do estreante Edward A. Anderson começa a ganhar formas muito bem desenhadas pelo interessante cineasta Michael Radford, aclamado em filmes como “O Carteiro e o Poeta” e “O Mercador de Veneza”.