
É surpreendente conferir “Os Estranhos” em comparação do que foi oferecido pelo gênero horror nos últimos meses nos cinemas. Não que o saldo seja devedor enquanto a eficiência de filmes suspicazes, mas o filme do estreante diretor e roteirista Bryan Bertino se destaca por oferecer uma prazerosa e incômoda sensação de desespero para o seu público a partir de um projeto pequeno desde sua concepção. Afinal, é um longa independente (tem um custo estimado de 10 milhões de dólares), conta com uma eficiente dupla de protagonistas e pouquíssimos personagens secundários e a sua premissa não é um grande primor, ainda que acerte por diversas vezes no que tem para mostrar (ou melhor, ocultar) sobre os seus vilões.
Como a cena inicial entrega, algo de muito trágico acontecerá ao casal interpretado por Liv Tyler e Scott Speedman. Liv é Kristen McKay que recusa a proposta de casamento de James (Speedman) no estacionamento de uma festa que estavam presentes. Arrasados, eles vão descansar na casa que pertencia ao pai de James. Mesmo com a pequena troca de diálogos, eles estão a ponto de se entenderem quando, de repente, aparece uma estranha garota procurando por outra chamada Tamara. O que não passava de um aparente engano se torna um verdadeiro pesadelo quando batidas agressivas contra a porta de entrada são ouvidas e suspeitos vestígios de invasão surgem. E logo saberemos que não se trata de apenas um, mas três estranhos que Kristen e James terão de enfrentar.
Com uma tensão crescente, Bertino se inspirou num episódio pessoal de sua infância para o seu “Os Estranhos”, mas a descrição passada no início da metragem é falsa (um truque que Marcus Nispel também recorreu com o seu vídeo forjado na refilmagem de “O Massacre da Serra Elétrica”). E com todo esse suspense arrepiante, Bertino já se mostra como um diretor promissor dentro do gênero atual ao trocar sustos previsíveis com acertados posicionamentos de câmera que permitem que o espectador fique impactado com imagens que os personagens centrais não visualizam, a exemplo da aterradora primeira aparição de um dos mascarados do longa (Kip Weeks). E a explicação para o horror é um achado: a questão formada por Kristen para o porquê deste comportamento dos três mascarados é respondida por eles (e por Bertino) com originalidade. Só a se lamentar a cena que encerra “Os Estranhos”. Talvez impulsionado pelos produtores, infelizmente Bryan Bertino teve que deixar um gancho para uma sequência, programada para 2010.
Título Original: The Strangers
Ano de Produção: 2008
Direção: Bryan Bertino
Elenco: Liv Tyler, Scott Speedman, Gemma Ward, Kip Weeks, Laura Margolis, Glenn Howerton, Alex Fisher e Peter Clayton-Luce



Parece uma tarefa ingrata para qualquer homem, provavelmente antenado nas estréias de “O Incrível Hulk”, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” ou mesmo “Speed Racer”, longas com muita adrenalina, encarar um filme como “Sex and the City – O Filme”, que na primeira impressão se apresenta como um filme com personagens neuróticas e que só pensam nas aparências usando trajes, calçados e acessórios que custam uma verdadeira fortuna. E não ajuda muito se você não resgatou alguma informação do formato anterior que rendeu o filme de Michael Patrick King, um seriado televisivo que durou seis anos de transmissão. No fim das contas, não é preciso embarcar em dezenas de episódios das seis temporadas de “Sex and the City” para não se sentir deslocado das passagens vividas por Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), Charlotte York (Kristin Davis), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) e Samantha Jones (Kim Catrall) no cinema. E tanto o público feminino quanto o masculino podem se divertir com a amizade deste quarteto, mesmo que as mulheres consigam se deslumbrar mais.
O pós 11 de Setembro possibilitou que alguns diretores, cujas filmografias apresentam longas que muito se espelham na realidade na qual vivemos, tomassem incentivo de desenvolver novos projetos que encenam tanto a tragédia da queda das torres gêmeas ou mesmo a invasão de soldados americanos no Iraque quanto o comportamento dos cidadãos dos Estados Unidos diante deste traumático ataque terrorísta. O sequestro do jornalista Daniel Pearl em “O Preço da Coragem”, a procura de Hank Deerfield pelo seu filho desaparecido em “No Vale das Sombras” e Nick tentando elaborar junto com Joan um discurso em homenagem aqueles soldados que deram suas vidas em busca de sobreviventes ao ruir do World Trade Center em “Os Heróis” é uma pequena remessa dentro de uma extensa relação de dramas que, de forma ficcional ou não, transmitem toda a dor de seus personagens. No entanto, tais exemplares podem ser encarados como um “treinamento” diante de “Guerra sem Cortes”, o mais novo filme de Brian De Palma vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza em 2007.