O Rotten Tomatoes é um site que visito diariamente, pois já que tenho um espaço onde atualizo com análises de filmes contemporâneos nada melhor do que saber a opinião da imprensa antes de receber a oportunidade de assistir o filme e escrever as minhas impressões. O Rotten Tomatoes tem uma seção atualizada com frequência ao qual gosto muito, onde intérpretes, diretores, roteiristas, entre outros profissionais do cinema, comentam sobre os seus cinco filmes prediletos. Para rechear mais o Cine Resenhas acabei adaptando esta idéia. Mas os grandes nomes que convidarei são vocês, blogueiros cinéfilos.
Estava com uma relação com vários nomes consideráveis para convidar, mas a primeira pessoa que pensei mesmo foi o Wally. Editor do Cine Vita, blog hospedado no WordPress desde setembro de 2007, Wallysson Soares é um dos meus melhores amigos virtuais. Conversamos pela Internet com grande frequência e já tocamos alguns projetos juntos. O CineCast, que teve os seus dois volumes editado pelo Luciano Lima (do site A Sala), é um. O extinto Cinemateque (que espero que em breve retorne com as suas atualizações) foi outro. Vale também destacar a sua contribuição para o site da DVD Magazine.
Prestes a completar dezoito anos, Wally é cinéfilo de carteirinha. De extremo bom gosto, o jovem blogueiro tem uma filosofia bem interessante sobre o cinema com o mundo de hoje. “Tento fugir de rótulos e procuro ver as cores do mundo refletidas na tela”, admite. Outra coisa interessante no Wally como cinéfilo é a sua admiração pelo cinema contemporâneo, que muitos sujeitos metidos a sabichões julgam como não sendo capaz de criar obras equivalentes a aquelas produzidas em gerações anteriores. “O poder de grande parte dos filmes de hoje se assemelham aos de ontem – e futuramente serão eles os clássicos”. Wally é apaixonado pelas obras de diretores célebres como Steven Spielberg, Martin Scorsese, Paul Thomas Anderson e Sam Mendes, mas não esconde o seu fascínio pelo mundo literário de J.K. Rowling (“Isso mesmo!”). Já os seus títulos cinematográficos prediletos vocês conferem a seguir, com comentários do próprio blogueiro.
Beleza Americana, de Sam Mendes (1999, American Beauty)
“Jovem e até pouco tempo peixe novo no mundo cinematográfico, posso dizer de forma bem segura que a estréia brilhante de Sam Mendes na direção, com o magistral “Beleza Americana”, se destaca – ainda hoje – como uma das ações mais explícitas que me levaram à reação de cinéfilo. O roteiro poético e real de Alan Ball não só tocou em feridas provocadoras relacionadas ao “sonho americano”, mas amplificou seu retrato ao analisar, de forma sincera e bela, o valor da vida – e da morte. O filme é engraçado, ácido, terno e impactante em suas verdades cortantes. Construído em cima de elenco, trilha e fotografia impecáveis, é inegavelmente o filme mais fascinante – e impressionante – que tive o prazer de conferir. Não tem como segurar às lágrimas ao fim.”
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry (2004, Eternal Sunshine of the Spotless Mind)
“Acredito que ninguém terá encontrado a verdadeira originalidade se ainda não tiverem visto um filme roteirizado por Charlie Kaufman. Genial escritor e dono de uma visão bizarramente bela sobre as relações humanas, a ousadia e a originalidade de Kaufman pavimentam este que acredito ser o romance mais bonito do cinema. Michel Gondry, por sua vez, extrai do texto de Kaufman uma experiência cinematográfica sensorial e emocional rica e meticulosa. O filme é um exemplo concreto de puro frescor, e uma obra composta com tamanha paixão que me afetou profundamente. Suas análises sobre nossos temores diante do amor e da fragilidade de nossas escolhas, unem-se ao seu retrato cheio de humor de nosso subconsciente para se tornar um filme belíssimo.”
O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola (1972, The Godfather)
“Clichê em qualquer lista de melhores, a obra-prima de Coppola é irrefutável em seu poder como cinema de uma força maior. É intimidante analisar a película, que possui elementos tão sincronizados, fluidos e virtuosos que almejam nos transportar não só ao mundo dos personagens, mas aos seus mais densos pensamentos. Contando com as brilhantes performances de Marlon Brando e Al Pacino – o filme marcou época e se mantém, mais de 30 anos depois, mais atual do que nunca. Forte, lírico e complexo, é o filme definitivo do sub-gênero, e talvez a obra que mais exemplifique a pura perfeição cinematográfica. Tendo lido o rico livro de Mario Puzo, é ainda necessário declarar que esta é, de longe, a minha adaptação literária preferida.”
A Lista de Schindler, de Steven Spielberg (1993, Schindler’s List)
“Filmado em um preto e branco belo e poético, a obra máxima de Spielberg é o filme mais sensível e extraordinário à trazer às telas o Holocausto. Cheio de nuances, enquadramentos inesquecíveis e acompanhado pela trilha comovente de John Williams, é um filme de beleza bruta e rara, que nos pega desprevenidos ao retratar o ser humano e sua situação social com grande desenvoltura e crueza. A cena que traz a inocência surgindo em forma vermelha do caos preto e branco ainda se mantém como uma das mais significativas da história da sétima arte.”
Magnólia, de Paul Thomas Anderson (1999, Magnolia)
“Um daqueles filmes de pura identificação, Magnólia não só é cinematograficamente perfeito, mas uma obra-prima de sentimento e humanismo. Composto por uma direção simbólica e intimista, e um roteiro densamente intricado em seu retrato da solidão, o longa de Paul Thomas Anderson é irresistível em seu ode às nossas particularidades como seres, e energicamente vivo graças à um elenco irretocável em sua maestria. Uma vez foi o suficiente para embuti-lo à minha mente. Mas que graça teria de vê-lo apenas uma vez?”