Harvey Bernard Milk foi o primeiro homossexual eleito a um cargo público, atuando como supervisor do município de São Francisco. A sua trajetória narrada no filme, por sua vez protagonizado por Sean Penn (que ganhou o seu segundo Oscar), que vai desde o início do seu relacionamento com Scott (papel de James Franco) até a sua trágica morte, é comandada por Gus Van Sant. O diretor assumidamente homossexual, que iniciou a sua carreira na execução de longas-metragens em 1985 com “Mala Noche”, usa o texto do vencedor do Oscar e também homossexual Dustin Lance Black para extrair um filme político que atua da mesma forma como Harvey Milk se desempenhava, protestando em favor dos direitos da minoria.
Mesmo que nos tempos atuais se note que os preconceitos diante da diferença em opções sexuais (ou mesmo de qualquer outro como raça ou credo), filmes como “Milk – A Voz da Igualdade” se fazem necessário por vivermos em uma sociedade que ainda está cega ao ponto de não abraçar o direito que os humanos têm de se relacionar com um parceiro do mesmo sexo.
Com base nesta verdade, mas ilustrando os anos 1970, “Milk – A Voz da Igualdade” se articula diante das investidas políticas de Harvey Milk, que aos quarenta anos está totalmente revoltado em ver tantas pessoas de mesma orientação sexual serem tão humilhados e desprezados como se fossem anomalias, abandonando a sua loja de revelação fotográfica em busca de algo maior. Diante de discursos públicos e movimentos pelas ruas de São Francisco, Milk consegue recrutar aliados e conquista um maior número de votos a cada eleição até conseguir se candidatar.
Só é uma pena que o diretor que constrói esse registro real seja Gus Van Sant. Ele é um bom diretor. Mas o que incomoda continua sendo a sua falta de identidade. O cineasta, que ora realiza filmes “convencionais” ora “alternativos”, parece perdido na condução de “Milk – A Voz da Igualdade”. Há grandes vacilos. A primeira cena com Milk, por sinal, já antecipa a tragédia que tomará o final, com ele usando um gravador para registrar a sua luta e como ela foi interrompida. E se o uso de documentos de época inclusos na obra não são muito bem casadas à narrativa, é estranho os cortes que sequências íntimas entre Milk e seu namorado ou amante sofrem. Harvey Milk sempre lutou por aquilo que acreditava. A sua vida no cinema merecia ser conduzida por um diretor que de alguma maneira tentasse corresponder profissionalmente a essa virtude.
Título Original: Milk
Ano de Produção: 2008
Direção: Gus Van Sant
Elenco: Sean Penn, Josh Brolin, James Franco, Emile Hirsch, Diego Luna, Alison Pill, Victor Garber e Joseph Cross



