No mês de julho havia inaugurado uma nova seção no blog chamada de Cinco Filmes. Nela, um blogueiro convidado comentava sobre os seus cinco filmes prediletos. Essa ideia surgiu através das minhas constantes visitas no Rotten Tomatoes, site internacional que apresenta esta mesma seção com grandes nomes do cinema. Mas o mundo blogueiro também conta com grandes nomes. A exemplo do Wally, do blog Cine Vita, que foi o primeiro convidado. E agora é a vez do Jefferson, ou simplesmente Jeff.
A nossa amizade virtual iniciou em dezembro do ano passado quando um retribuiu uma visita no blog do outro. Ele é editor do Receio de Remorso e mora no Rio de Janeiro. Além do inegável talento com a escrita, cursa universidade de Cenografia. É também um excelente amigo, como posso afirmar com base em nossas conversas no Messenger. Apesar de não gostar da Renée Zellweger, é um sujeito “muito legal”, como ele mesmo admite. Já o seu bom gosto pode ser testemunhado a seguir através se sua excelente seleção pessoal de filmes prediletos. Obrigado pela colaboração, Jeff!
Magnólia, de Paul Thomas Anderson (1999, Magnolia)
“É quase uma contradição evitar comentar sobre o meu filme preferido. Mas o receio vem da falta de palavras, da dificuldade de traduzir tudo que “Magnólia” é capaz de me causar. Porque creio que suas qualidades estão ali bem claras. O talento, o domínio e o que Paul Thomas Anderson é capaz de realizar com a câmera, o elenco com grandes interpretações – difícil escolher um único nome -, a bela trilha sonora que interliga junto com a montagem o mosaico de histórias e personagens. Mas isso muitos sabem e podem perceber. Quando assisti “Magnólia” pela primeira vez, sabia que havia vivenciado algo que o cinema não me proporcionara até então. Não compreendi completamente a história e tinha certeza que o filme era mais do que captei. Porém, isso não importou. Eu estava paralisado quando aquele último sorriso antecipou os créditos finais. Fui bombardeado por sentimentos e emoções, maiores que uma simples história de coincidências. Você nunca vai entender o que exatamente senti, até porque não saberei explicar. É uma experiência indescritível e o melhor filme que o cinema ofereceu até hoje.”
Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971, A Clockwork Orange)
“Eu ainda não sei se prefiro este ou “2001: Uma Odisseia no Espaço”, o filme mais lindo de todos os tempos. Tirei uni-duni-tê e saiu “Laranja Mecânica”. Ok, sem problemas. Stanley Kubrick é para mim o melhor diretor que o cinema já possuiu, simplesmente por unir de forma única o que constitui um filme, imagem e som. Em “Laranja Mecânica”, Kubrick brinca com essa união e reúne um amontoado de cenas antológicas e inesquecíveis, desde o olhar de Alex que inicia o longa até o “Eu estava mesmo curado” na cama do hospital. Entre esse dois extremos, me sinto questionado em todo o tempo por ser conquistado por um personagem como Alex, um delinquente dos mais repulsivos, mas que me arranca altas risadas. Se o livro de Burguess se sustente unicamente pela premissa, Kubrick cria uma narração que confronta diretamente a moral do espectador com qualidade visual e técnica que só grandes mestres podem proporcionar.”
Kill Bill Vol. I/Kill Bill Vol. II, de Quentin Tarantino (2003/2004, Kill Bill Vol. I/Kill Bill Vol. II)
“Falo, meio brincando, meio sério, que Quentin Tarantino é o melhor diretor vivo. Posso estar exagerando, mas nenhum diretor atual possui uma filmografia com tantas obras-primas como ele. A maior é a saga de vingança da Noiva (duvido que Uma Thurman supere esse seu trabalho), que trato como um único filme, apesar das claras diferenças narrativas. A questão é que Kill Bill me deixa louco, com vontade de pular do sofá de tanta empolgação a cada sequência de luta ou nos diálogos no melhor estilo Tarantino (o discurso de Bill sobre o Superman é genial). O sadismo, o exagero, o bizarro, a violência e o apuro visual do diretor transformam uma história, de certa forma, simples, no melhor filme da década. No mais, não há nada mais arrebatador do que ouvir Uma Thurman falando “bitch” com uma Hattori Hanzo na mão.”
O Segredo de Brokeback Moutain, de Ang Lee (2005, Brokeback Mountain)
“Assisti “O Segredo de Brokeback Moutain” uma centena de vezes. E a cada assistida, sou atingido da mesma forma como na primeira vez. Choro copiosamente nos mesmos momentos e termino num estado de tristeza que permanece nos instantes seguintes. Não necessariamente pelo romance não se concretizar devido a fatalidade com um dos personagens, mas pela dificuldade que nos impomos de amar. São obstáculos e preconceitos que nascem na sociedade, mas que muitas vezes não deixamos de também possuir, ainda que não queiramos. No caso de Ennis Del Mar, suas imposições foram maiores que seu amor. Graças ao tratamento de Ang Lee, o amor é apresentado sem limites e a homossexualidade é tratada de forma natural, como sempre deve ser. Possui uma das minhas trilhas sonoras favoritas e a prova do talento do saudoso Heath Leadger.”
O Rei Leão, de Rob Minkoff e Roger Allers (1994, The Lion King)
“Minha primeira experiência na tela grande, meu primeiro VHS da minha coleção de desenhos Disney e não há filme que eu tenha assistido mais na vida que “O Rei Leão”. Até hoje, faço questão de rever, no mínimo, uma vez ao ano. Assisto cantando as músicas, falando juntos com os personagens e repetindo seus gestos e expressões. E toda vez é como se o filme trouxesse o clima da minha infância, mas sem deixar de atingir meus sentimentos. Pois ainda me arrepio facilmente na abertura – mais precisamente no verso “É o ciclo que sem fim que nos guiará” – ou quando Simba sobe na Pedra do Reino e assume o trono. Apesar de questões pessoais que me fazem amar “O Rei Leão” como nenhuma outra animação, não deixo de salientar a profunda história de autoconhecimento, de redescobertas, de redenção, de perdão pessoal que o desenho oferece. Há uma forte carga dramática que não deve ser ignorada, mas, sinceramente, isso é o que menos busco em “O Rei Leão”. O que importa é rever os grandes personagens da minha vida.”

Magnólia, de Paul Thomas Anderson (1999, Magnolia)
Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971, A Clockwork Orange)
Kill Bill Vol. I/Kill Bill Vol. II, de Quentin Tarantino (2003/2004, Kill Bill Vol. I/Kill Bill Vol. II)
O Segredo de Brokeback Moutain, de Ang Lee (2005, Brokeback Mountain)
O Rei Leão, de Rob Minkoff e Roger Allers (1994, The Lion King)










“Conquista Sangrenta”, longa-metragem de 1985 com Rutger Hauer e Jennifer Jason Leigh no elenco, foi o primeiro filme americano do diretor holandês Paul Verhoeven. Após este seu primeiro passo fora de seu cinema de origem Verhoeven se tornou célebre ao registrar o seu nome em três longas espetaculares e que são fontes para influências até hoje: as ficções “Robocop – O Policial do Futuro” e “O Vingador do Futuro” e o ousado suspense “Instinto Selvagem”, cuja cruzada de pernas de Sharon Stone se transformou em um dos retratos a marcar toda a década passada. No entanto, o cineasta errou ao se envolver com “Showgirls”, que certamente deixou uma marca irreversível em sua carreira. É verdade que ele se redimiu com os bem divertidos e caprichados “Tropas Estrelares” e “O Homem Sem Sombra”, mas os amargos resultados de bilheteria provavelmente foram resultantes para o afastamento de anos de Verhoeven.![[5star.jpg]](https://blogcineresenhas.files.wordpress.com/2008/10/5star.jpg?w=67)
A frase destacada no poster internacional de “Tudo Azul” nos dá uma clara noção da excentricidade da comédia: “Toda família tem uma ovelha negra. Está é azul”. E a frase é levada a sério por Scott Prendergast, que além de protagonizar também se responsabiliza pela direção e roteiro de “Tudo Azul”. E é bom ficar atento ao nome de Scott Prendergast. Depois de três curtas-metragens, Prendergast tem aqui a sua estreia na direção de um longa-metragem. E o seu primeiro passo se dá com um projeto pequeno, independente. Mas certamente se trata de uma dos títulos mais originais dentro do cinema independente.
