Os produtores de “A Saga Crepúsculo” parecem ignorar um pouco a máxima de que em time que está ganhando não se mexe. Isto se aplica nos nomes responsáveis pela direção de cada episódio desta série cinematográfica. Em “Crepúsculo” tivemos Catherine Hardwicke e em “A Saga Crepúsculo: Lua Nova“, Chris Weitz. Agora em “A Saga Crepúsculo: Eclipse”, temos David Slade comandando este romance com vampiros e lobisomens. Um nome incomum, vendo que Slade tem em seu currículo títulos como “Menina Má.Com” e “30 Dias de Noite”, antecipando uma esperada mudança de personalidade perante aquilo que já foi feito com base nos livros de Stephenie Meyer.
Neste sentido, David Slade se mostra mais arrojado que Chris Weitz, mas algo se perdeu desde que Catherine Hardwicke abandonou o barco no fim de sua primeira viagem. Por outro lado, a ação se tornou mais eficaz pelas melhoras técnicas graças a um orçamento maior, ainda que bem enxuto dentro dos padrões de hoje. Ao final desta história, Bella (Kristen Stewart) finalmente parece compreender os seus sentimentos pelo namorado vampiro Edward (Robert Pattinson) e pelo melhor amigo lobisomem Jacob (Taylor Lautner) enquanto ambos unem forças para combater um grupo de vampiros malvados denominados “recém-criados” liderados, sem que todos saibam a princípio, por Victoria (Bryce Dallas Howard, assumindo a personagem incorporada nos filmes anteriores por Rachelle Lefevre, estando tão perdida que dá até pena).
O episódio apresenta alguns detalhes narrativos bem interessantes. O primeiro são os flashbacks que montram as origens de alguns integrantes da família Culler – compreende-se melhor o comportamento de Rosalie Hale (Nikki Reed) aqui. Já a presença dos poderosos Volturi é capaz de provocar arrepios, saindo de cena através de uma atitude chocante. E se os velhos vampiros conhecidos por todos viram cinzas ao morrerem no contato com a luz solar, os sanguessugas de “A Saga Crepúsculo: Eclipse” se assemelham a bonecos de vidro ao terem suas cabeças e braços arrancados no campo de batalha. Pena que estes e outros aspectos interessantes continuam sendo guiados por um relato de amor cheio de afetações.
Título Original: The Twilight Saga: Eclipse
Ano de Produção: 2010
Direção: David Slade
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Bryce Dallas Howard, Anna Kendrick, Michael Welch, Christian Serratos, Jackson Rathbone, Ashley Greene, Paul Jarrett, Iris Quinn, Sarah Clarke, Peter Facinelli, Elizabeth Reaser, Kellan Lutz, Nikki Reed, Justin Chon, Billy Burke, Xavier Samuel, Jodelle Ferland, Ben Geldreich, Daniel Cudmore, Cameron Bright e Dakota Fanning
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Não há dúvidas de que a cineasta americana Catherine Hardwicke compreende bem o universo juvenil. Isto é evidente desde sua estreia com “Aos Treze”, forte contribuição ao cinema independente em 2003. Já sua obra seguinte, o pouco visto “Os Reis de Dogtown”, focava um pequeno grupo de amigos skatistas que passam a perder o controle de suas próprias vidas ao lidar com a fama. Hardwicke parece ter tentado se reinventar com “Jesus – A História do Nascimento”, mas com “Crepúsculo” mostra que deve prosseguir contando histórias voltadas ao público jovem.
Que o cinema sempre preservou uma obsessão em retratar aquilo que já é passado, que pertenceu a outra geração, não é novidade. Porém, raramente um feito é tão grande quanto o obtido pelo jovem Ti West em “A Casa do Diabo”, filme de terror que estreou no último Halloween americano em circuito restrito, mas que obteve imediato reconhecimento da crítica especializada – no site Rotten Tomatoes ele foi um dos poucos filmes a adquirir em 2009 impressionantes 85% de críticas positivas. West não ambienta somente sua narrativa para meados dos anos 1980 como faz com que o espectador reviva aquela época. Mesmo realizado no ano passado, é difícil não pensar se estamos diante de algo filmado em torno de trinta anos atrás.