Quando uma adaptação de game é anunciada há a grande preocupação se a mesma experiência de jogabilidade será preservada num formato que não oferece a mesma interatividade. É fato que o diretor inglês Edgar Wright adapta junto com o roteirista Michael Bacall a graphic novel de brochura composta por seis volumes, mas é a primeira vez que o que realmente se espera desse universo virtual no cinema chega ao alcance do público. Mais do que atingir este feito quase impossível, “Scott Pilgrim Contra o Mundo” é o evento pop mais divertido de 2010.
Michael Cera acerta novamente ao compor Scott Pilgrim com variações de sua persona deslocada. Scott é um adolescente louco para se apaixonar por uma garota. É integrante de uma banda chamada “Sex Bob-omb” e divide uma casa (e a cama) com seu amigo gay Wallace (Kieran Culkin, impagável). A graciosa Knives Chau (Ellen Wong) tem interesse em manter um relacionamento que vai além da amizade com Scott, mas o protagonista digire seus sentimentos para Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead). A coisa engata, mas o quadro fica complicado para Scott Pilgrim. Ramona teve nada menos que sete relacionamentos e seus ex desafiam Scott para batalhas que pode lhe valer a vida.
A liga do mal? 1: Matthew Patel (Satya Bhabha), sujeito que pode dominar o fogo; 2: Lucas Lee (Chris Evans), astro de cinema de ação que se multiplica em dublês e que tem uma agilidade impressionante; 3: Todd Ingram (Brandon Routh), que tem o poder de telecinese; 4: Roxy Richter (Mae Whitman), a ex-namorada lésbica com habilidades de teletransporte e luta; 5 e 6: os irmãos gêmeos Katayanagi (papéis de Keita Saitou e Shôta Saitô); 7: Gideon Graves (Jason Schwartzman), o famoso “chefão” dono de uma gravadora.
Famosos elementos dos videogames ganham tradução em “Scott Pilgrim Contra o Mundo”. Além de arenas e narração, os oponentes, quando derrotados, se transformam em moedas (qualquer um que algum dia já jogou “Mario” sabe para que elas servem). O resultado é o inverso de uma tentativa recente, “Speed Racer”, pois o que se contempla em “Scott Pilgrim Contra o Mundo” é uma união perfeita de escolhas de muito bom gosto. Há um aproveitamento bem oportuno do que caracteriza a juventude de hoje em cada um dos heróis e o trabalho técnico colabora para a elaboração de situações empolgantes que jamais caem na extravagância.
Título Original: Scott Pilgrim vs. the World
Ano de Produção: 2010
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright e Michael Bacall, baseado na graphic novel de Bryan Lee O’Malley
Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Ellen Wong, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons, Kieran Culkin, Anna Kendrick, Aubrey Plaza, Chantelle Chung, Chris Evans, Don McKellar, Mae Whitman, Brandon Routh, Jason Schwartzman, Julie Powers, Satya Bhabha, Keita Saitou, Shôta Saitô, Clifton Collins Jr., Thomas Jane e voz de Bill Hader
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O cinema brasileiro contemporâneo não é afeito a obras biográficas de figuras públicas que marcaram seus nomes na história do país. Quando “Chico Xavier” foi confirmado com o nome de Daniel Filho na direção a resposta do público não foi tão positiva. Mesmo que tenha se saído muito bem como diretor de “Tempos de Paz” (apesar do constrangimento que resultou sua intervenção como ator secundário), Daniel Filho realiza projetos direcionados ao grande público, que primam mais pelo uso de chavões populares do que por qualquer relevância artística. O fenômeno de “
Com exceção de títulos com conteúdo impróprio para menores, pouquíssimas são as animações voltadas ao público adulto. Por ser um gênero cinematográfico que desde a sua concepção se preocupou em entusiasmar as plateias infantis, mirar em outro público-alvo é uma proposta arriscada e que nem sempre encontra o financiamento apropriado. O mérito de “Mary e Max – Uma Amizade Diferente”, longa-metragem do australiano Adam Elliot, é em vincular temas que o espectador mais maduro processará com maior facilidade. Mesmo assim, se uma criança garantir a oportunidade de assistir esta melancólica realização será presenteada por uma aventura cheia de valores que a acompanhará durante seu processo de desenvolvimento.
Nicolas Cage já deu muitas evidências de talento numa filmografia que hoje ultrapassa sessenta títulos. Entretanto, raramente se testemunhou um intérprete tão bom investindo em projetos tão medíocres, aquém de sua capacidade. Para se ter uma clara noção, Nicolas Cage não se envolveu em nenhum projeto relevante desde 2005, ano em que protagonizou “O Senhor das Armas” e “O Sol de Cada Manhã”. O motivo de se envolver nos últimos anos em uma dívida milionária ao governo americano não justifica tantos tropeços, ainda que seu cachê seja gordo nos blockbusters que estampa seu nome artístico. Neste sentido, o ator deve muito a Werner Herzog, o principal responsável pelo seu desempenho perfeito em “Vício Frenético”, talvez o melhor entre todos os trabalhos masculinos ao longo do ano passado.
O cinema brasileiro raramente prima pelo bom gosto quando produz ficção com uma boa pitada de erotismo. Isto tem mudado de um tempo para cá, especialmente com base no sucesso de “Bruna Surfistinha”. Mas também se deve destacar “Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos”, uma comédia romântica nada convencional. Trata-se do primeiro longa-metragem de Paulo Halm, um dos roteiristas mais prestigiados do país, contando com créditos pelos textos de “Antes Que o Mundo Acabe”, “Olhos Azuis” e “Amores Possíveis”.
Nunca faltou exemplares que destacassem famílias disfuncionais. O gênero comédia é o que apresenta o acervo mais volumoso. Também é verdade que muitos desses filmes conseguem ser inventivos com os dramas que criam para cada um dos membros de uma família. “
A dupla Chris Sanders e Dean DeBlois apareceu em 2002 com uma das animações mais adoráveis dos estúdios Disney: “Lilo & Stitch”. De lá para cá, mergulharam de cabeça em “Como Treinar o Seu Dragão”, adaptação do romance infantil escrito por Cressida Cowell. Na comparação, “Como Treinar o Seu Dragão” se mostra superior no trabalho técnico, pois o orçamento de 165 milhões de dólares (o dobro do custo de “Lilo & Stitch”) se vê em cada cena grandiosa. Apesar das ambições e da troca de estúdio (agora é a Dreamworks), Chris Sanders e Dean DeBlois repetem os singelos valores processados em “Lilo & Stitch”.
Existem filmes que apresentam uma trama tão complexa que lançá-lo comercialmente pode ser um risco. Com isto, os distribuidores optam por exibições no circuito limitado e lançamento direto no mercado de vídeo nos países que adquirem o direito da obra. Os destinos são dois: ou o filme se torna um cult instantâneo na base do boca-a-boca ou caí no eterno esquecimento. O primeiro destino se aplica ao filme “Triângulo do Medo”, lançado ano passado direto em DVD e o thriller mais fascinante dos últimos tempos.
De uma hora para outra, o vampirismo voltou a se tornar popular. Atualmente, em todos os lugares se encontra uma história protagonizada por vampiros em qualquer mídia. Livros, seriados, games e especialmente filmes. Em matéria de cinema, nenhum título recente da linha supera “Sede de Sangue”, horror comandado por Park Chan-wook. O realizador se mostrou notável com sua inusitada Trilogia da Vingança e com “Sede de Sangue” ele se supera, colaborando para fortalecer ainda mais o cinema sul-coreano como dono de narrativas que sempre discutem a ausência de moral do ser humano e com técnica cinematográfica arrebatadora.
Em tempos onde discutir sobre orientação sexual tem deixado de ser o mesmo tabu de antes, não faltam filmes que muitas vezes aparecem com a intenção de permitir que as pessoas reflitam sobre a intolerância que atinge muitas pessoas ao redor do mundo. Entretanto, poucos são bem-sucedidos. A intenção de falar abertamente sobre a homossexualidade é diluída sempre que os realizadores se preocupam com um filme quadrado, de poesia barata. Felizmente, o que interessa para a diretora Lisa Cholodenko não são essas características, mas o de mostrar, sem meias palavras, que há muitas outras barreiras para serem enfrentadas quando uma união é selada por um casal do mesmo sexo.