Os conflitos no Oriente Médio registram intolerâncias que jamais direcionam a uma solução. Em 2005, Wajdi Mouawad fez a primeira montagem de “Incendies”, peça teatral de grande sucesso cuja protagonista surge como vítima dos trágicos episódios em meio a uma guerra entre palestinos e cristãos. Denis Villeneuve foi o nome que recebeu carta branca de Wajdi Mouawad para levar seu espetáculo para o cinema. O realizador que já vinha do forte “Politécnica”, produção exibida na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que encena o massacre de estudantes em 1989 num colégio de Montreal, não apenas garantiu vaga na categoria de melhor filme estrangeiro na última edição do Oscar como faz de “Incêndios” um sério candidato a melhor filme exibido em circuito nacional neste ano de 2011.
A personagem interpretada pela bárbara Lubna Azabal (de “Exílios” e “Paradise Now”) enfrenta uma via crúcis. Nawal Marwan é mãe de gêmeos que morre ao entrar num repentino estado de choque. De sexos opostos, Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon (Maxim Gaudette) se deparam com um pedido impactante no testamento da mãe: a busca pelo pai e irmão deles. Ambos sempre acreditaram que o pai já estivesse morto e nunca souberam da existência de um irmão. Quando encontrados, duas cartas em poder do tabelião feito por Rémy Girard devem ser entregues pessoalmente. Simon é contra cumprir o pedido da mãe falecida, mas Jeanne é não é cética e embarcará nesta jornada de buscas pelas origens de Nawal.
Em um trabalho de montagem que permite que o público jamais desvie sua atenção, acompanhamos estes personagens no presente enquanto flashbacks se encarregam de mostrar Nawal e as tragédias que passam a abatê-la desde o instante que engravida de um palestino. Para não desonrar a família, por sua vez cristã, seu namorado não apenas é assassinado por seu irmão como seu filho é enviado contra sua vontade para a adoção ao nascer. A mãe de Nawal dá a chance de reencontro deixando no pé do recém-nascido três pequenas marcas circulares. A procura se mostra desoladora para Nawal, que será atingida de todas as maneiras ao percorrer um cenário marcado por violência.
Ir além será expor as grandes emoções oferecidas por uma narrativa que conecta irretocavelmente todas as pontas soltas e que permite que nós avancemos nas descobertas no mesmo ritmo atingido por Jeanne e Simon. Esta cumplicidade é o segredo de “Incêndios”, que através de uma mulher, Nawal, registra todos os horrores de um conflito que, amenizado ou não, não deixará de atingir futuras gerações, culminando num desfecho que apresenta uma coincidência que não soa forçada e capaz de destroçar muitos corações.
Título Original: Incendies
Ano de Produção: 2010
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve, baseado na peça de Wajdi Mouawad
Elenco: Lubna Azabal, Mélissa Désormeaux-Poulin, Maxim Gaudette, Rémy Girard, Abdelghafour Elaaziz, Allen Altman, Mohamed Majd, Nabil Sawalha, Baya Belal, Bader Alami, Karim Babin, Anthony Ecclissi e Yousef Shweihat
Cotação: ![[5star.jpg]](https://blogcineresenhas.files.wordpress.com/2008/10/5star.jpg?w=67)

Desde os primórdios do cinema, os efeitos especiais serviram de ferramenta para uma equipe criar cenas impossíveis de serem feitas sem recorrer a truques. Muitos anos se passaram e atualmente é raro assistir algo que não recorra aos recursos de computação gráfica. Trata-se de algo poderoso, capaz de dar formas as fantasias imaginadas. Seu mau uso é constante, concebido com desleixo ou excesso. Zack Snyder é um dos únicos realizadores americanos ao (re)criar universos fantásticos e deixar uma marca autoral. Já adaptou duas graphic novels (“300” e “Watchmen”) com resultados bem-sucedidos. Com “Sucker Punch – Mundo Surreal” ele se supera.
“A Vingança de Jennifer” é um digno exploitation produzido com baixíssimo custo no final da década de 1970. Com teor elevado de violência, a realização assinada por Meir Zarchi provocou polêmica e recebeu censura por onde passou. Hoje, “A Vingança de Jennifer” é um cult dentro do gênero e recebe atualização pelas mãos do americano Steven R. Monroe, cujo trabalho mais célebre até então era “Aprisionados” (fita razoável estrelada por Dennis Hopper e disponível em vídeo em nosso país). Eis uma refilmagem que é capaz de dar uma nova perspectiva ao original sem ofendê-lo.
Johnny Marco (Stephen Dorff) é um personagem fictício que pode ser confundido com muitos dos atuais astros de Hollywood. É um célebre protagonista de blockbusters e também um homem com uma vida cheia de excessos. Fora das aparições públicas, onde automaticamente se mostra um sujeito carismático, Johnny parece um nômade, alguém que pula de hotel para hotel e que afugenta a solidão marcando presença em festas regadas a bebidas alcoólicas, contratando dançarinas de pole dance ou transando com a primeira moça de corpo escultural que lhe abrir as portas.
Na realidade atual, é natural muitos casais jamais assumirem um relacionamento sério e responsável. As decepções amorosas anteriores e uma vida atarefada fazem com que invistam mais nos prazeres das relações sexuais e menos na paixão. Este é o assunto principal de “Sexo Sem Compromisso”. Infelizmente, Ivan Reitman (que há anos não acerta uma) pouco faz além de transformar esta comédia romântica em um filme bem cafajeste, seja no que diz respeito às piadas, seja na falta de qualidade.
Não faltam casos exibidos em noticiários de menores abusados sexualmente por pedófilos. Esta triste realidade mostra não apenas familiares, vizinhos ou membros religiosos como principais responsáveis como também condena a Internet como melhor ferramenta para estes desprezíveis predadores sexuais agirem. A produção independente “Confiar” encena esta tragédia que destrói psicologicamente muitos inocentes e a faz com contundência e sem amenizar para o espectador as severas consequências. Definitivamente, é uma obra dura de acompanhar.
Com a franquia Bourne temporariamente congelada após “
Filho de David Bowie, Duncan Jones pegou muitos de surpresa ao se lançar como cineasta em “Lunar”, produção que chegou no início do ano passado no Brasil direto em DVD. Considerado uma preciosidade dentro do gênero de ficção-científica, o filme protagonizado por Sam Rockwell provavelmente foi definitivo para o próximo passo de Duncan Jones, que se dá no comando de “Contra o Tempo”.
A adaptação da série literária “Harry Potter” seguia um rumo promissor com a mudança de diretores a cada episódio. Não eram filmes estranhos entre si e mesmo assim realizadores como Chris Columbus e Alfonso Cuáron foram capazes de impor suas diferentes perspectivas sobre o universo mágico do personagem. O inglês David Yates ofereceu com “
A presença de Jamie Lee Curtis e Sigourney Weaver em um filme sempre vale o ingresso. Dividindo a cena como rivais então, parece que estaremos diante de algo imperdível. Pois nem a Rainha do Grito, a Tenente Ripley e qualquer outra coisa compensa um tostão do bolso para encarar o entretenimento canhestro que é a comédia “Você de Novo”, que faz de um assunto sério, o bullying, uma mera ferramenta para pregar inúmeras piadas nada engraçadas.