Tendo feito algumas sequências de filmes bárbaros durante a década de 1980 e 1990, Woody Allen parecia pouco inspirado dos últimos anos para cá. Filmes como “O Sonho de Cassandra” e “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” pouco entusiasmaram. Por isto, foi uma surpresa a boa acolhida de “Meia-noite em Paris”, sua mais recente produção. A fórmula do sucesso está contida no resgate que faz de elementos de dois dos seus filmes mais populares: a homenagem que faz aos cenários que seus personagens transitam vista em “Manhattan” e o tom fantástico que predomina a narrativa de “A Rosa Púrpura do Cairo”. A diferença é que agora o local de filmagens é Paris e a mágica é a viagem para a década de 1920 a partir da meia-noite.
Mesmo que Gil (Owen Wilson, excelente) seja um roteirista americano bem-sucedido o que ele realmente deseja é fugir da mediocridade de Hollywood e escrever seu primeiro romance em Paris. Pois é para lá que ele viaja, tendo como companhia a sua noiva esnobe Inez (Rachel McAdams) e os pais dela. Gil não parece aproveitar como gostaria a estada num país cheio de cartões postais (é maravilhosa a sequência de créditos iniciais, aliás) até que, num passe de mágica, é transportado para uma vida noturna onde se via com facilidade figuras como o compositor Cole Porter (Yves Heck) e o casal Fitzgerald (Tom Hiddleston e Alison Pill) em bares parisienses.
A intenção do cineasta é registrar, tendo Owen Wilson como seu alterego, o sonho que muitas pessoas têm, mesmo que por um curto momento, de estar em uma época que jamais pode ser vivida. Estabelecido este desejo, faz uma reviravolta, ressaltando que o que realmente vale a pena é viver o presente. Tudo feito com o humor refinado mais do que conhecido de Woody Allen, mas o nova-iorquino parece se deslumbrar demais com a era de ouro concebida com o suporte do fotógrafo Darius Khondji, mostrando-se pouco afiado ao descrever os passos de Gil antes do sino badalar à meia-noite. Talvez Allen precisasse retomar ao passado para tornar personagens como os de Rachel McAdams e Michael Sheen mais deliciosamente sarcásticos e evitar algumas saídas fáceis, a exemplo do livro traduzido pela guia turística interpretada por Carla Bruni.
Título Original: Midnight in Paris
Ano de Produção: 2011
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Marion Cotillard, Léa Seydoux, Kathy Bates, Alison Pill, Tom Hiddleston, Corey Stoll, Yves Heck, Carla Bruni, Michael Sheen, Mimi Kennedy, Kurt Fuller, Nina Arianda, Sonia Rolland, Daniel Lundh, Adrien de Van, David Lowe, Yves-Antoine Spoto e Adrien Brody
Cotação: ![]()

Seja no circuito comercial ou restrito, o cinema nacional não estava com uma boa remessa de filmes ao longo dos últimos meses. Uma das poucas exceções é “Malu de Bicicleta”. O acerto da nova realização de Flávio R. Tambellini (“O Passageiro – Segredos de Adulto”, “Bufo & Spallanzani) concentra-se na escolha de Marcelo Rubens Paiva em adaptar o seu próprio romance publicado em 2004. Tem-se assim um programa descompromissado e com boa fluência no relato que faz de um relacionamento contemporâneo.
Uma das maiores pragas da Hollywood atual são astros com o ego às alturas. É ainda mais agravante quando se trata de um comediante medíocre. Não satisfeitos em arrastar multidões para os cinemas, alguns atores afeitos a personagens cômicos tentam em vão expandir horizontes se dedicando em roubar todas as atenções de um projeto para si. É o que fez Jack Black em “
É velho o embate entre a Ciência e a Ética no cinema. Mais do que criar novos experimentos, muitos cientistas fictícios estão mais dispostos com o plano individualista de servir de cobaia para a própria descoberta do que testar adequadamente seus efeitos e compartilhá-lo. Embora bem-intencionado, o casal Clive Nicoli (Adrien Brody) e Elsa Kast (Sarah Polley) não fogem deste padrão em “Splice – A Nova Espécie”, nova realização do americano Vincenzo Natali (do cult “Cubo”).
Geralmente temos nossas vidas conduzidas através das influências de nossa família. A formação de nossa personalidade, as escolhas profissionais, as decisões de constituir ou não uma nova família. O diretor e roteirista David Michôd faz uma discussão sobre isto, mas numa realidade nada nobre: o submundo da criminalidade.
– There’s a higher power that will judge you for your indecency.
Os irmãos Farrelly ganharam fama com “Quem Vai Ficar Com Mary?”, filme que deu tom a um tipo de humor hoje predominante no cinema americano: o politicamente incorreto. Sem cerimônias, os diretores fazem paródia com as anormalidades do ser humano, não importando quais elas sejam. Às vezes o caldo entorna e eles entregam bobagens como “Ligado em Você” e “Osmose Jones”, dois grandes fracassos. O recente “Passe Livre” representa um acerto da dupla.
Winona Ryder em “Maldito Coração”
A melhor comédia é aquela capaz de encenar com inteligência episódios que podem acontecer na vida de qualquer um. Está é uma fórmula que não assegura apenas um filme realmente engraçado, mas que consegue causar empatia com o espectador porque ele consegue enxergar algo crível naquilo que mais exagerado possa soar. É por conseguir um feito como este que “Missão Madrinha de Casamento” é, se não for cedo para tal afirmação, a melhor comédia do ano.
Às alturas com a popularidade de “