Isabelle (Ludivine Sagnier) optou por um estilo de vida em que todas suas atenções são direcionadas ao trabalho. A escolha pode lhe trazer imensa satisfação, mas não é o que enxergamos. Isabelle é uma pessoa solitária, com relacionamentos nada duradouros e com contatos que se limitam ao ambiente de trabalho. Até mesmo a bela residência em que vive é ausente de calor humano. É o extremo oposto de sua irmã Claudine (Marie Guillard), uma mulher feliz nos papéis de esposa e mãe.
Como não há indivíduo no mundo incapaz de externar suas emoções em algo ou alguém, Isabelle dá tudo de si para agradar Christine (Kristin Scott Thomas), uma poderosa executiva de uma multinacional para o qual trabalha como assistente. Isto é bem evidente na cena inicial de “Crime de Amor”, em que há uma mistura de gentilezas e flertes entre Isabelle e Christine.
Morto em decorrência de câncer poucos dias após lançar “Crime de Amor” na França, o cineasta Alain Corneau fez um suspense criminal denso e de prender na cadeira graças às interações que desenvolveu para personagens tão distintas como Isabelle e Christine. Algo que se inicia no instante em que Christine se mostra uma mulher inescrupulosa ao roubar os méritos dos esforços de Isabelle apenas para fortalecer sua autoridade.
Isabelle não encara a atitude de sua chefe como antiética, mas como uma punhalada certeira em seu coração. Christine percebe que Isabella não está digerindo tão passivamente à puxada de tapete e faz pior: a humilha diante de todos os funcionários. Abatida, Isabella armará uma vingança.
Numa realidade em que assédio moral e a luta de mulheres para ocuparem os níveis hierárquicos mais altos de uma organização são reconhecíveis, “Crime de Amor” se torna ainda mais delicioso. A escalação de Kristin Scott Thomas (uma atriz muito superior a já excelente Ludivine Sagnier) como a executiva Christine foi uma das melhores decisões de Alain Corneau para fazer “Crime de Amor” funcionar.
Como ponto negativo, e este é bem forte, há a vontade desnecessária de seu realizador em explicar por demais algumas pequenas arestas que surgem antes da conclusão da história, como se o público não fosse capaz de desvendar por si próprio os passos dados por Isabella ao executar a sua vingança contra Christine, encenados em flashbacks em preto e branco dispensáveis.
De qualquer maneira, a história de Alain Corneau ganhará uma nova chance para brilhar sem este equívoco sob as mãos de Brian De Palma, cuja nova versão, “Passion”, será protagonizada por Rachel McAdams e Noomi Rapace. Mas é preciso antecipar que De Palma terá que se esforçar bastante para conseguir igualar o trabalho de seu amigo francês.
Título Original: Crime d’amour
Ano de Produção: 2010
Direção: Alain Corneau
Roteiro: Alain Corneau e Nathalie Carter
Elenco: Ludivine Sagnier, Kristin Scott Thomas, Patrick Mille, Guillaume Marquet, Gérald Laroche, Julien Rochefort, Olivier Rabourdin, Marie Guillard, Mike Powers, Matthew Gonder, Jean-Pierre Leclerc, Stéphane Roquet, Frederic Venant e Stéphane Brel
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Ao contrário do que se supõe, Henry Harrison, personagem de Kevin Kline em “Os Acompanhantes”, não é um gigolô. Trata-se de um “homem extra”, indivíduo que dedica parte do seu tempo em acompanhar senhoras endinheiradas em eventos chiques ou socializar nas mansões em que vivem. Louis Ives (interpretado por Paul Dano) aluga um quarto no apartamento precário de Henry e imediatamente se interessa em participar dessas ocasiões excêntricas. Esta é a trama do novo filme assinado pela dupla Robert Pulcini e Shari Springer Berman, que conquistaram fama em “Anti-Herói Americano”, fita protagonizada por Paul Giamatti. Infelizmente, a única coisa válida no filme é a boa química entre os protagonistas.
Histórias de amor parecem atrair o cineasta francês Philippe Garrel. Porém, apenas quando elas estão fadadas ao fracasso. No final de 2008, estreou no circuito brasileiro “A Fronteira da Alvorada”, cuja história em denso preto e branco é sobre o romance entre um fotógrafo e uma atriz desequilibrada. Agora, Philippe Garrel filma em cores a história de “Um Verão Escaldante”, mas permanecem as reviravoltas emocionais.
Se todos fizessem uma lista de sonhos impossíveis, ter superpoderes provavelmente estaria no topo. Afinal, super-heróis donos de grandes habilidades povoam o imaginário infantil e adolescente e não há nada mais natural do que refletirmos o quanto a nossa vida seria fantástica se pudéssemos voar, controlar objetos e até ler a mente das pessoas. No filme “Poder Sem Limites”, três adolescentes tão comuns quanto nós realizam esse desejo num cenário real.
Em seu último longa-metragem, o divertido “Smiley Face – Louca de Dar Nó”, o cineasta Gregg Araki conduziu uma história que nada tinha a ver com os temas que explorou ao longo de sua carreira. Na comédia protagonizada por Anna Faris, rebeldia e receios do universo gay em nenhum momento são abordados. Em “KABOOM”, Gregg Araki retorna ao seu famoso estilo underground agora inseridos em uma trama com um pé no fantástico. Infelizmente, o resultado é tão decepcionante que “KABOOM” pode ser considerado o pior filme em toda sua filmografia.
O cinema nacional vem se desenvolvendo cada vez mais. Há um equilíbrio entre as produções feitas para vender milhares de ingressos e também aquelas em que a mira é um público mais alternativo. Porém, ainda falta diversidade de gêneros. Há muitas comédias e dramas. Filmes de terror, suspense, ficção científica e ação quase inexistem. Muitos produtores apontam duas deficiências: a falta de público fiel a esses gêneros e especialmente as dificuldades de desenvolver um primoroso trabalho técnico em produções que contam com um orçamento tão pequeno.
Steven Spielberg se encontrou num verdadeiro impasse recentemente. Filmados entre um curto intervalo de tempo, “