Pelo visto, a parceria entre William Friedkin com o dramaturgo Tracy Letts não sofreu abalos diante do pouco entusiasmo com o qual a obra-prima “Possuídos” foi recebida diante do público e crítica. Seis anos depois, Tracy Letts adapta a própria peça teatral “Killer Joe” para o cinema contando novamente com William Friedkin como diretor. Assim como em “Possuídos”, “Killer Joe – Matador de Aluguel” é provocante e explosivo, ingredientes sempre presentes nos mais notáveis filmes de William Friedkin, que agora vive uma fase em sua carreira em que não há hesitação ao explorar o mundo de perversões habitado por seus personagens.
A trama é ambientada no Texas e não haveria cenário mais adequado para tipos tão desajustados como os que compõem a família Smith. Chris (Emile Hirsch), um jovem traficante, passa por apuros com uma dívida com os seus fornecedores. Sem visualizar possibilidades para se livrar do problema, ele recorre a uma atitude extrema: matar a mãe ausente e resgatar o dinheiro do seguro de vida. Para isso, Chris, com o consenso (acredite) de seu pai e madrasta (papéis de Thomas Haden Church e Gina Gershon), contrata o detetive e matador de aluguel Joe Cooper (Matthew McConaughey, em um papel que representa um divisor de águas em sua carreira) para executá-la. Cobra 10 mil dólares pelo serviço e exige Dottie (Juno Temple), irmã caçula de Chris, como garantia.
Embora a assinatura de William Friedkin seja reconhecida a cada fotograma, é impossível não lembrar de alguns trabalhos dos irmãos Coen, especialmente “Gosto de Sangue”. Assim como no longa-metragem de estreia dos Coen, “Killer Joe – Matador de Aluguel” tem desdobramentos inesperados a partir do acordo de uma morte por encomenda e apresenta um terceiro ato absurdamente doentio. Se em “Gosto de Sangue” há um verdadeiro jogo de gato e rato entre uma mulher e um detetive contratado para matá-la, em “Killer Joe – Matador de Aluguel” há banho de sangue e uma submissão obscena envolvendo a fantástica Gina Gershon e KFC.
O que diferencia o William Friedkin que dirige “Killer Joe – Matador de Aluguel” de qualquer outro diretor ou filmes a ele associados é que não há o interesse em antecipar na tela o destino que acompanhará os personagens que restam ao final da história. Desagradável para muitos devido o humor negro inserido em alta potência, a conclusão em aberto talvez sugira um círculo da família disfuncional que se inaugura, como se um nascimento representasse, acima de tudo, a previsão de futuras tragédias na existência dos Smith.
Killer Joe, 2012 | Dirigido por William Friedkin | Roteiro de Tracy Letts, baseado em uma peça de sua autoria | Elenco: Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Juno Temple, Thomas Haden Church, Gina Gershon, Marc Macaulay, Danny Epper, Jeff Galpin e Charley Vance | Distribuição: California Filmes

Sua opinião sobre “Killer Joe” foi uma das menos entusiasmadas que li sobre esse longa. De todo jeito, é uma obra que quero muito conferir.
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Kamila, pois é só impressão, pois “Killer Joe” tem tudo para figurar num top 10 dos melhores do ano.
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[…] Killer Joe – Matador de Aluguel, de William Friedkin + […]
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Gostaria de obter a trilha sonora do filme. Em especial a que toca quando ele termina.
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Eis o link para download. No entanto, não estou certo que há apenas as composições instrumentais de Tyler Bates: http://uploaded.net/file/k7sfkymk
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[…] Joe – Matador de Aluguel (+) Porque a perversidade humana atinge níveis […]
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[…] incentivará, no entanto, há no texto de Tracy Letts (já notório por “Possuídos” e “Killer Joe – Matador de Aluguel”, peças de sua autoria adaptadas para serem dirigidas por William Friedkin no cinema) uma […]
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[…] Outros indicados: James Wan (“Invocação do Mal”) | Kathryn Bigelow (“A Hora Mais Escura”) | Park Chan-wook (“Segredos de Sangue”) | William Friedkin (“Killer Joe – Matador de Aluguel“) […]
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[…] Embora a assinatura de William Friedkin seja reconhecida a cada fotograma, é impossível não lembrar de alguns trabalhos dos irmãos Coen, especialmente “Gosto de Sangue”. Assim como no longa-metragem de estreia dos Coen, “Killer Joe – Matador de Aluguel” tem desdobramentos inesperados a partir do acordo de uma morte por encomenda e apresenta um terceiro ato absurdamente doentio. Se em “Gosto de Sangue” há um verdadeiro jogo de gato e rato entre uma mulher e um detetive contratado para matá-la, em “Killer Joe – Matador de Aluguel” há banho de sangue e uma submissão obscena envolvendo a fantástica Gina Gershon e KFC. + […]
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