
37ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
Um dos maiores atrativos da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo é a presença quase garantida de um diretor para apresentar a sua obra ao público. As chances de você ouvir curiosidades sobre uma produção e até mesmo direcionar uma pergunta a um diretor são ainda maiores se você optar em ver a primeira ou segunda exibição de um título presente na Competição Novos Diretores.
Em nosso primeiro dia de Mostra, pudemos registrar o bate-papo com o francês Antonin Peretjatko, diretor da comédia “A Garota do 14 de Julho“. A transcrição pode ser lida a seguir.
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“A Garota do 14 de Julho”, filme x digital e nostalgia.
A imagem do filme é bem colorida. Muitas pessoas me disseram que meu filme remete a muitos filmes dos anos 1970, talvez pelo uso das cores e por ter sido filmado em 35mm. Todos os filmes que dirigi anteriormente foram em película e por isso fiz este também em película. Desta forma, posso controlar melhor o resultado, algo que não conseguiria rodando em digital. Também é um modo de dirigir a equipe como um todo, pois a película é cara e assim posso trabalhar com os atores de forma mais precisa. Quando começávamos a gravar, havia uma concentração muito maior entre a equipe. Obviamente, também havia muitos ensaios antes de eu começar a gravar. Em relação ao digital, o mundo de hoje produz câmeras para ver o mundo de hoje. “A Garota do 14 de Julho” é um filme nostálgico e por isso o rodei em película..

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Sobre as dificuldades em fazer o primeiro longa-metragem.
Há muitas dificuldades em financiar um filme de estreia, pois geralmente na França o primeiro filme é destinado para a televisão que, por sua vez, quer nomes conhecidos. Além do mais, a crise deixou todo mundo muito temeroso.Sobre a principal intenção em fazer “A Garota do 14 de Julho”.
Trata-se de um road movie em que os personagens realmente atravessam o país na crise. Se eu pudesse resumir o filme em uma ideia seria sobre personagens que colocam a amizade e o amor acima do poder material.Sobre a opção de filmar em película.
Os personagens são exagerados e isso é até uma razão para a qual eu filmei em película, pois não conseguiria controlar esses personagens filmando-os em digital. O digital é mais realista que o filme. Trabalhei 22 quadros ao invés de 24 quadros por segundo com a intenção de criar um lado burlesco. Nas cenas documentais do prólogo já há um efeito de comédia. É uma forma de mostrar o mundo do jeito que eu o vejo.

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Sobre filmagens e referências.
Gravávamos apenas duas ou três vezes por semana, entre 2011 e 2012, e “A Garota do 14 de Julho” segue a linha da contestação de comédia, como os títulos italianos. Na França, tem uma grande produção de contestação cômica desde a Revolução Francesa. Meu filme pertence a essa corrente estética.Sobre a recepção de “A Garota do 14 de Julho”.
Ainda não tenho uma ideia clara quanto ao acolhimento de “A Garota do 14 de Julho”, mas sei que no Leste Europeu e na Alemanha o filme não funcionaria muito bem. O filme provavelmente seria atrativo para a Itália, a Espanha e Portugal. Não no Norte ou no Leste Europeu.Sobre o próximo projeto.
Não tenho intenção de fazer somente comédia, mas meu próximo filme será uma e todos os meus curtas-metragens também são do gênero. Meu próximo filme será sobre a construção de uma estação de esqui na Guiana Francesa, no alto da América do Sul, como forma da Europa mostrar o seu poder.

Que legal ler entrevistas por aqui, Alex! Parabéns!!!
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