Resenha Crítica | Todas as Cores da Noite (2015)

Todas as Cores da Noite, de Pedro Severien

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

No prólogo de “Todas as Cores da Noite”, há uma desorientação provocada pelo diretor Pedro Severien, pernambucano que iniciou a carreira com o curta “Carnaval Inesquecível” e agora debuta em longa-metragem. Isso porque a protagonista Iris (a intensa Sabrina Greve) verbaliza, por meio de narração em off, uma retrospectiva de sua relação com uma amiga, Tiara (Giovanna Simões) e de episódios recentes que levarão ao corpo sem vida que está na sala de estar de sua casa à beira da praia.

Ainda que tudo continue orbitando em torno de Iris, há outras duas mulheres que serão inseridas neste mistério. A primeira é Fernanda (Brenda Lígia), que promete soluções para se livrar do cadáver anônimo ao mesmo ponto que evidencia os ressentimentos de sua amizade com Iris. A segunda é Elga (Sandra Possani), uma senhora que vem para organizar os cômodos sem que se importe com o que aconteceu na noite anterior.

Pode ser que estejamos diante de um assassinato, de um acidente ou de um cenário construído pela mente desequilibrada de Iris, mas Pedro Severien está mais interessado nas possibilidades de desconstruir uma narrativa convencional do que elucidar mistérios. Assim vem os monólogos em tom teatral, bem como a realidade distorcida para experimentar algumas possibilidades da ferramenta audiovisual. Já vimos isso inúmeras vezes: a excitação de um diretor de primeira viagem reproduzida em vivências que jamais se comunicam com a audiência a que elas se destinam.

Resenha Crítica | A Senhora da Van (2015)

A Senhora da Van (The Lady in the Van)

The Lady in the Van, de Nicholas Hytner

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

Famoso dramaturgo britânico de 81 anos, Alan Bennett passou ele próprio por uma situação digna de ficção: entre os anos 1970 e 1980, ele abrigou em sua garagem Miss Shepherd, uma senhora que tinha uma van caindo aos pedaços como único lar. Conhecido por “As Loucas do Rei George”, peça de 1991 que três anos depois seria levado aos cinemas pelo então estreante Nicholas Hytner, Alan não poderia deixar de relatar como artista a sua convivência com uma velhinha aparentemente com alguns parafusos a menos.

O resultado é “A Senhora da Van”, antes narrado na BBC Radio 4, transformado em romance e agora encarnado em um longa-metragem. É também Nicholas Hytner que se encarregou em compartilhar essa história no cinema atrás das câmeras, que inicia com Miss Shepherd (Maggie Smith), uma senhora religiosa envolvendo-se em um acidente. Só se houve o barulho da batida de um sujeito contra a sua van e, na sequência, a sua fuga do local e das autoridades.

O destino fez Miss Shepherd estacionar o seu veículo em um bairro cercado de vizinhos que adoram fofocar uns com e sobre os outros. De faixada em faixada, Miss Shepherd acaba estacionando permanentemente na residência Alan Bennett (interpretado por Alex Jennings), ainda em uma fase em que não atingiu o ápice da consagração como autor. Ao mesmo tempo em que respeita o passado de Miss Shepherd (ele parece a última pessoa da Terra curioso em remexer as circunstâncias que a deixaram em um estado tão desolador), Alan entra em conflito consigo mesmo quando vê na situação um belo argumento para a escrita de um novo romance.

É inevitável não pensar em “Philomena” ao avaliar “A Senhora da Van”, pois há uma série de coincidências que os aproximam. Entre os principais, temos a vida de uma idosa voltando a ganhar movimento com o acesso a um homem intelectual e alguns traumas ou perdas que serão revividos para que uma solução seja encontrada.

Lamentavelmente, a sensibilidade de Nicholas Hytner ficou nos tempos de “As Loucuras do Rei George” e “As Bruxas de Salem”, pois a história de “A Senhora da Van” recebe aqui um tratamento descuidado e desinteressado. Sem que os protagonistas sejam submetidos a qualquer processo de envelhecimento, fica difícil acreditar que o convívio entre Alan Bennett e Miss Shepherd tenha durado nada menos que 15 anos. Pesa também a condução em banho-maria, com tiradas tipicamente britânicas e um clímax revelador que não elevam a pulsação de uma história real extraordinária.

Resenha Crítica | Bem-vindo ao Clube (2014)

Bem-Vindo ao Clube (Willkommen im Klub)

Willkommen im Klub, de Andreas Schimmelbusch

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

A ficção continua lançando um olhar curioso sobre a decisão que muitos têm em interromper a própria existência. Portanto, o suicídio vem como uma ação que incita um debate sobre os personagens que desejam cometê-lo e o contexto que estão inseridos. Em seu filme de estreia, o diretor alemão Andreas Schimmelbusch parece interessado em estabelecer esse diálogo com o público, abrindo o seu “Bem-vindo ao Clube” com a seguinte frase de Sylvia Plath: “Morrer é uma arte, como tudo o mais. Que eu pratico surpreendentemente bem”. Ledo engano.

A história inicia com Kate (Patrycia Ziolkowska) realizando o check-in em um hotel. Ela é atendida pelo prestativo Viktor (Wolfram Koch). O cardápio pouco usual, envolvendo uma leva de comprimidos, e um disparo em uma das acomodações vizinhas denunciam: a protagonista está em um estabelecimento especializado em receber pessoas com o desejo de se matarem. Porém, uma química imediata de Kate com Viktor a faz repensar sua escolha.

A partir do ponto em que essas duas almas se conectam com a decisão de viverem juntos,  “Bem-vindo ao Clube” começa a embaraçar tudo o que deduzíamos não somente sobre eles, como também sobre a própria premissa. A constatação provoca uma frustração crescente, pois a sensação é a de que todos transitam em um buraco negro sem qualquer rastro de coerência.

Kate e Viktor são figuras desinteressantes e o roteiro desastroso também assinado por Andreas Schimmelbusch cria uma série de situações sem qualquer unidade. Além do mais, as motivações de Kate, uma atriz em aparente declínio, sugerem como base o trauma provocado por uma figura paterna, ainda que essa dedução seja perdida em pesadelos e em uma DR insuportável. Nunca se desejou tanto que uma personagem se matasse na primeira oportunidade.

Resenha Crítica | Dheepan – O Refúgio (2015)

Dheepan - O Refúgio (Dheepan)

Dheepan, de Jacques Audiard

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

O mundo não vive apenas a crise financeira, mas também a humanitária. Milhares de indivíduos ainda persistem em buscar refúgio em países que oferecem um cenário de algum modo menos opressor e indigno. São barrados pelas fronteiras, deportação e indiferença. Somente alguns praticam um ato solidário, permitindo que uma quantidade limitada adentre o seu território.

O tema já estava em pauta durante a realização da mais recente edição do Festival de Cannes neste ano. Trata-se de um dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo e a decisão do júri geralmente reflete o contexto político em que estamos inseridos. Uma comprovação desta afirmação está em alguns vencedores recentes, como o documentário “Fahrenheit 11 de Setembro” (laureado com a Palma de Ouro quando Bush já planejava sua reeleição) ou mesmo “Azul é a Cor Mais Quente” (Palma de Ouro em 2013 e atual expoente do cinema LGBT).

Preterido em duas ocasiões nas quais Michael Haneke foi contemplado com o prêmio máximo do Festival (por “Amor” e “A Fita Branca”), Jacques Audiard e o seu “Dheepan – O Refúgio” foram apreciados pelo júri presidido pelos irmãos Coen. As novas obras de Todd Haynes (“Carol), Hou Hsiao-Hsien (“A Assassina”), Yorgos Lanthimos (“The Lobster”), Paolo Sorrentino (“Youth”) e Denis Villeneuve  (“Sicario: Terra de Ninguém”) foram elogiadas por público e crítica, mas prevaleceu a abordagem conferida por Jacques Audiard.

No caso de “Dheepan – O Refúgio”, o enfoque de Audiard ficou somente nas boas intenções, pois este talvez seja o seu momento mais irregular em uma carreira como diretor iniciada com “O Declínio dos Homens”, de 1994. Há um bom ponto de partida, no qual um ex-soldado, Dheepan (o ótimo estreante Jesuthasan Antonythasan), busca se estabelecer em Paris ao fugir da guerra civil no Sri Lanka. Carrega com ele Yalini (Kalieaswari Srinivasan) e Illayaal (Claudine Vinasithamby) como modo de forjar uma família e assim obter estadia e trabalho em um conjunto habitacional.

A irregularidade de “Dheepan – O Refúgio” se vê no vício de Jacques Audiard em infligir às fronteiras de uma ficção calcada no realismo, como se ele próprio estivesse se refugiando de algo mais palpável. Isso porque a paz ainda não bateu à porta de Dheepan, que se verá em um campo de batalha como alusão ao seu passado recente. Seria crível se ainda não fosse inserido a isso um triângulo amoroso com o ex-presidiário Brahim (Vincent Rottiers, intérprete de Jean Renoir em “Renoir”) em uma das pontas, o ressurgimento de uma figura de líder para Dheepan (Bass Dhem) imediatamente ignorada pelo roteiro e uma conclusão ilusória e contraditória.

Resenha Crítica | Beira-Mar (2015)

Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

Vez ou outra nos deparamos com um filme que traz a todo o instante o desconforto de um argumento que seria melhor valorizado se adaptado para o formato de curta-metragem. É uma constatação que geralmente persegue os esforços de cineastas iniciantes, que recorrem a subterfúgios questionáveis para alcançar o sonho de ganhar as telas de cinema. É o limite que atinge justamente “Beira-Mar”, o debut de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon.

Martin (Matheus Almada) e Tomaz (Maurício José Barcellos) são dois jovens que se tornaram amigos ainda na infância. Martin realiza uma viagem com duração de um fim de semana para resolver um problema familiar. Para não ficar só em uma bela casa à beira da praia, ele convida Tomaz, que discretamente demonstra ter mudado em vista da última ocasião em que se encontraram.

Com apenas 83 minutos de duração, “Beira-Mar” contém dois atos preenchidos com casualidades que nada de importante decifram sobre o contexto em que os dois protagonistas estão inseridos. Claro que existe um progresso sobre a orientação sexual de Tomaz, mas ele emerge em sessões de embriaguez e prendas entre amigos que não ressoam dramaturgicamente.

Alguns espectadores podem notar a aproximação de “Beira-Mar” com duas obras estrangeiras. A primeira é o americano “Deixe a Luz Acesa”, em que o cineasta Ira Sachs encena episódios verídicos de sua privacidade.  É também o que faz a dupla Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, namorados que completaram recentemente sete anos de relacionamento. A segunda obra é o francês “Azul é a Cor Mais Quente”, em que a coprotagonista tem madeixas azuladas, bem como Tomaz após uma partida de Verdade ou Consequência. Felizes coincidências, nada mais.

Há, no entanto, um bom ato final reservado em “Beira-Mar”. É o momento para os sentimentos mais íntimos aflorarem e há nele uma riqueza de detalhes em uma troca precisa de olhares, de sorrisos nervosos, de gestos imprecisos. Tudo o que “Beira-Mar” precisava para ser um bom filme, algo que não se efetiva ao substituir a precisão por uma obviedade maçante que não passa de muleta para caminhar até um clímax envolvente e passional.

10 Dicas de Filmes Para Ver na 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

A Bruxa - The Witch

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

Antes mesmo de a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo iniciar, muitas pessoas buscam facilitar o longo processo de organização de uma programação espiando a lista de filmes confirmados. A partir dela, já é possível considerar as atrações imperdíveis. Assim, restará somente a torcida para que as sessões tenham uma sintonia para que nenhuma prioridade fique de fora.

No entanto, nem todos sabem de onde começar diante desse panorama do cinema mundial. Assim, compartilhamos com os leitores 10 dicas de filmes que pretendemos assistir para a nossa cobertura e que merecem uma atenção especial.

A Bruxa

A Bruxa, de Robert Eggers

Nova Inglaterra, 1630. Sob ameaça de ser excomungado da igreja, um agricultor deixa sua plantação colonial e se muda com a esposa e os cinco filhos para um terreno remoto no limite de uma floresta onde se esconde um mal desconhecido. Coisas estranhas começam a acontecer e os membros da família acusam a adolescente Thomasin de praticar feitiçaria, o que ela imediatamente nega. Com episódios cada vez piores, a fé, a lealdade e o amor da família são testados.

Por que assistir?: Longa-metragem de estreia de Robert Eggers, que venceu o prêmio de Melhor Direção em Sundance, “A Bruxa” já vem com uma reputação construída em alguns festivais de cinema, sendo considerado por parte da audiência e da crítica especializada o melhor filme de terror deste ano. A Universal deve lançá-lo comercialmente somente no primeiro trimestre do próximo ano no Brasil.

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A Floresta que se Move

A Floresta que se Move, de Vinícius Coimbra

Elias é um bem-sucedido executivo que trabalha em um grande banco privado do Brasil. Uma misteriosa mulher prevê seu futuro: ele se tornará o vice-presidente da empresa naquele mesmo dia e, em breve, será presidente. Ao saber da previsão, sua mulher, Clara, sugere que ele convide o atual presidente para jantar. Uma sequência de assassinatos é perpetrada pelo casal, deixando um rastro de sangue em seu caminho para o poder e tornando-os algozes e vítimas de seus próprios destinos.

Por que assistir?: Vinicius Coimbra foi laureado com cinco prêmios no Festival do Rio de 2011 por “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”. Neste novo trabalho, há a expectativa em ver uma produção nacional inspirada em Shakespeare – neste caso, “Macbeth” -, bem como o retorno de Ana Paula Arósio, há cinco anos em um processo de recolhimento.

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A Senhora da Van

A Senhora da Van, de Nicholas Hytner

Baseado em uma história real, o longa conta a relação entre Alan Bennet, o roteirista do filme, e a singular senhora Shepherd. De origem desconhecida, ela estacionou sua van “temporariamente” em frente à garagem dele em Londres, e morou lá por 15 anos.

Por que assistir?: O britânico Nicholas Hytner estava devendo uma obra à altura de seu início promissor, formado por “As Loucuras do Rei George” e “As Bruxas de Salem”. Exibido em Toronto, “A Senhora da Van” recebeu elogios entusiasmados e pode trazer a veterana Maggie Smith em uma interpretação que deverá se destacar na temporada de premiações, como o Bafta e até mesmo o Oscar.

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Bem-vindo ao Clube

Bem-vindo ao Clube, de Andreas Schimmelbusch

Kate, uma atriz maníaco-depressiva, faz check-in em um “hotel de suicídio”, determinada a se matar. O local oferece aos clientes várias opções de suicídio e promete privacidade total. Lá, ela conhece Viktor, funcionário que explica o “menu” aos clientes. Os dois acabam se apaixonando e decidem morar juntos. No entanto, a vida com o enigmático Viktor torna-se sufocante e as tendências suicidas de Kate voltam com força total.

Por que assistir?: Sempre há na Mostra alguma produção que discuta o desejo de um protagonista em encerrar a própria existência. O debut de Andreas Schimmelbusch na direção de longa-metragem é cercado de curiosidade por trás de um ato permanente e, com isso, promete desenhar um painel de uma fatia da sociedade polonesa contemporânea.

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Experimentos

Experimentos, de Michael Almereyda

Baseado na história real do famoso psicólogo social Stanley Milgram, que em 1961 realizou uma série de radicais experimentos comportamentais. Com o uso de eletrochoque, ele buscou testar a vontade de obedecer das pessoas comuns.

Por que assistir?: Após o pouco entusiasmo com o qual “Cyberline” foi recebido, Michael Almereyda lança “Experimentos” com a promessa de ser um dos seus pontos mais altos como diretor. É também uma boa oportunidade para conhecer o psicólogo Stanley Milgram e o polêmico experimento que sustenta a narrativa.

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Flocking

Flocking, de Beata Gårdeler

Uma pequena comunidade sueca parece idílica, mas apenas na superfície. Quando Jennifer, de 14 anos, afirma ter sido estuprada pelo colega de classe Alexander, tudo muda. O rumor se espalha rapidamente e cada vez mais gente acredita que Jennifer está mentindo. É o início de um caso de perseguição de uma comunidade contra uma garota e sua família. Provas ou decisões da Justiça não significam nada em um lugar onde as pessoas estabelecem as próprias leis e regras. O mais importante é permanecer com o grupo.

Por que assistir?: A trilogia “Millennium” colocou em evidência o histórico absurdo de violência contra a mulher na Suécia. Em seu segundo longa-metragem, a diretora Beata Gårdeler utiliza esta realidade para uma trama mais intimista, que se destacou no Festival de Berlim e no Los Angeles Film Festival.

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Garoto

Garoto, de Júlio Bressane

Inspirado no conto O Assassino Desinteressado Bill Harrigan, do escritor argentino Jorge Luis Borges, o filme acompanha um jovem casal que se encontra em um lugar encantado, onde experimentam uma aventura amorosa e espiritual. Tudo muda quando o rapaz, inesperadamente, comete um crime que conduz os dois à separação. No entanto, uma série de eventos inquietantes os reunirá mais uma vez. O filme integra o programa Tela Brilhadora.

Por que assistir?: Júlio Bressane segue como um dos nomes mais importantes da cinematografia nacional ainda em atividade e a sua presença na Mostra sempre é obrigatória. Inspirando-se em Borges, o realizador carioca pode novamente conceber uma obra que permite uma série de interrogações e discussões após a sessão e ainda tem o potencial de transformar Marjorie Estiano em sua nova musa.

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Memórias Secretas

Memórias Secretas, de Atom Egoyan

Zev e seu melhor amigo, Max, fazem um pacto para dedicar os últimos dias de suas vidas à conclusão de questões do passado: encontrar e se vingar do comandante nazista que matou suas famílias durante a guerra. Max está muito frágil para deixar o asilo, mas Zev, mesmo com Alzheimer, embarca em uma jornada para encontrar seu algoz.

Por que assistir?: Maior destaque do cinema canadense, Atom Egoyan desapontou ano passado com “Sem Evidências” e “À Procura“, dois dos momentos menores de sua carreira. “Memórias Secretas” vem com a promessa de reconquistar um público desacreditado, bem como o de lançar luz em um episódio histórico a partir de uma perspectiva original e angustiante.

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O Filho de Sal

O Filho de Sal, de László Nemes

Outubro de 1944, campo de Auschwitz-Birkenau. Saul Ausländer é um húngaro que integra o Sonderkommando, grupo de prisioneiros judeus forçados a ajudar os nazistas no extermínio em larga escala. Trabalhando nos crematórios, Saul descobre o corpo de um garoto que acredita ser seu filho. Enquanto o Sonderkommando planeja uma rebelião, Saul decide se lançar em uma tarefa impossível: salvar o corpo da criança das chamas, encontrar um rabino para o Kadish e dar ao menino um enterro apropriado.

Por que assistir?: Primeiro longa-metragem do cineasta húngaro László Nemes, “O Filho de Saul” saiu de Cannes com vitórias em nada menos que quatro categorias, entre elas o Grande Prêmio do Júri. Um dos primeiros títulos confirmados nesta edição da Mostra, o filme é presença certa no próximo Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

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O Inquilino

O Inquilino, de Alfred Hitchcock

Um serial killer conhecido como “O Vingador” está à solta em Londres, assassinando mulheres loiras. Um homem misterioso chega à casa do Sr. e da Sra. Bunting procurando um quarto para alugar. Um dos detetives designados para o caso, namorado da filha dos Bunting —uma modelo loira—, começa a suspeitar que o inquilino possa ser o assassino em série.

Por que assistir?: Antes de ser mundialmente reconhecido como o mestre do suspense, Alfred Hitchcock teve um início de carreira que não revelava o grande diretor que um dia se tornaria. A exceção desta etapa, conhecida como “fase britânica”, é “O Inquilino”, um dos mais belos filmes mudos já produzidos. É um título que não pode deixar de ser visto pelos cinéfilos interessados pelas retrospectivas da Mostra.

39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo | 22 Outubro – 4 de Novembro

39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

.:: 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

“Esta não é uma Mostra em crise.” Foi com esta afirmação que Renata de Almeida iniciou a coletiva de imprensa da 39ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que aconteceu no último sábado, 10 de outubro.

Com a alta do dólar, frequentadores assíduos da Mostra temiam que este ano o evento fosse prejudicado de modo implacável, especialmente com depoimentos de Renata à imprensa sobre a busca de patrocinadores e a meta de orçamento, que estava para ser atingido.  Felizmente, a programação (com 312 filmes – clique aqui para visualizar a listagem completa) teve uma queda pequena títulos em comparação com as edições passadas e as homenagens, exibições especiais e a vinda de convidados não foram comprometidas.

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Tendo “Meu Amigo Hindu”, como filme de abertura, a 39ª Mostra traz como principal destaque uma homenagem a The Film Foundation, criada há 25 anos por Martin Scorsese, diretor que também assina a arte desta edição. Notória pela sua contribuição na preservação de grandes clássicos do cinema mundial, a The Film Foundation disponibilizou filmes como “Aconteceu Naquela Noite” (de Frank Capra), “Como Era Verde o Meu Vale” (de John Ford), “Eraserhead” (de David Lynch), “O Inquilino” (de Alfred Hitchcock), “Rocco e Seus Irmãos” (de Luchino Visconti), entre outros.

Na relação de produções inéditas, brilha o cinema nórdico, que marca presença em um panorama com mais de 50 obras produzidas no último ano. Há também uma celebração ao centenário do mestre italiano Mario Monicelli, por meio das versões restauradas de “A Grande Guerra”, “Casanova ’70”, “Filhas do Desejo”, “Ladrão Apaixonado” e “Os Eternos Desconhecidos”.

E por falar em cineastas homenageados, nós seremos representados pelo incansável José Mojica Marins, o maior expoente do terror da história da cinematografia brasileira. Além da exibição da trilogia do Zé do Caixão, o seu personagem mais famoso, José será contemplado com o Prêmio Leon Cakoff.

São muitas novidades, que serão esmiuçadas aos poucos em nossa cobertura, que começará a dominar o Cine Resenhas a partir dos próximos dias. A 39ª edição da Mostra começa na quinta-feira que vem, 22 de outubro, e segue até o dia 4 de novembro. É importante ressaltar que a organização sempre promove a famosa repescagem, a última chance dada ao público para conferir as produções que perderam ao longo da agitada maratona cinéfila.

SERVIÇO
ABMIC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA
R. ANTONIO CARLOS, 288 | CEP.01309-010 | SÃO PAULO – SP | BRASIL
+55 11 3141-2548 | INFO@MOSTRA.ORG

PERMANENTES E PACOTES PROMOCIONAIS

Permanente Integral – R$ 430,00
Permanente Integral Folha (15% de desconto para o titular da assinatura, mediante apresentação da carteirinha de assinante) – R$ 365,50
Permanente Especial (para sessões de 2ª a 6ª feira até às 17:55h, inclusive, não contempla finais de semana nem sessões noturnas) – R$ 100,00
Permanente Especial Folha (15% de desconto para o titular da assinatura para sessões de 2ª a 6ª feira até às 17:55h, inclusive, não contempla finais de semana nem sessões noturnas) – R$ 85,00
Pacote de 40 ingressos – R$ 315,00
Pacote de 20 ingressos – R$ 185,00

* O desconto de 15% da Folha é válido somente para o assinante titular, pessoa física.
* Desconto de 50% na compra de até dois ingressos por sessão de filme da Mostra na bilheteria dos cinemas, para a força de trabalho do sistema Petrobras (devidamente identificada com crachá funcional) e para Titulares do Cartão Petrobras (mediante apresentação do mesmo).

INGRESSOS INDIVIDUAIS

Segundas, terças, quartas e quintas: R$ 16,00 (inteira) / R$ 8,00 (meia).
Sextas, Sábados e Domingos: R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia).

* Para adquirir ingressos no dia da sessão, somente nas salas de cinema.
* A Central da Mostra não vende ingressos avulsos, apenas os pacotes.