Le grand jour, de Pascal Plisson
Produzido em 2013 e inédito no Brasil, “Sur le chemin de l’école” rendeu reconhecimento ao seu realizador Pascal Plisson, que venceu o César de Melhor Documentário em 2014. Nele, temos os registros de quatro crianças pertencentes a países distintos que se lançam a uma longa jornada para ir à escola. Agora, o cineasta tem o seu mais recente “O Grande Dia” desembarcando no país para exibir outras quatro crianças e adolescentes diante de desafios dignos da vida adulta.
O primeiro a ser apresentado à plateia é o pequeno de 11 anos Albert, que vive com a sua mãe e irmão mais novo em Cuba e treina duramente para se tornar um lutador de boxe. Com a mesma idade de Albert, Deegii pena para atingir a flexibilidade corporal exigida para conseguir passar nos testes de uma disputada escola de contorcionismo da Mongólia.
A terceira personagem real é Nidhi, que aos 16 anos estuda incessantemente para ingressar um programa para a universidade de engenharia na Índia, que disponibilizou somente 30 vagas. Por fim, vamos à Uganda para conhecer Tom, rapaz de 19 anos que participa de um processo para atuar como guarda florestal – trata-se do segmento mais esquecível e negligenciado na montagem.
Há certa valia no empenho de Plisson em alcançar um panorama de locais menos favorecidos do globo e como a realidade em cada um deles é ditada de modo diferente na busca por um futuro de sucesso em uma ocupação de grandes aspirações. Portanto, o documentário pode soar até mesmo inspirador para uma juventude na corrida por seus sonhos e o quanto é importante a persistência para realizá-los, independente da idade, das adversidades e das derrotas iniciais.
Já a audiência mais madura pode se aborrecer com algo que se pretende cativante. Incomoda um bocado a trilha sonora intrusiva de Krishna Levy (“8 Mulheres”), como se polvilhasse com açúcar o que já é bem doce. O mesmo pode ser dito sobre a fotografia de Simon Watel, embelezando em excesso o que é naturalmente rústico. Tais escolhas colaboram para “O Grande Dia” perder o seu caráter documental, principalmente por Plisson captar como uma encenação ficcional aquilo que deveria primar pela veracidade.
