El Pampero, de Matías Lucchesi
.:: 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.
Quanto maior a oferta de filmes dirigidos por cineastas ainda produzindo o seu primeiro ou segundo projeto, maior a sensação de que muitos estão mais impulsionados pelo desejo de deixar uma obra somente para chamar de sua e menos de ter a convicção de que está de fato apresentando algo com relevância para a plateia. O argentino “El Pampero” é só mais um na multidão de perdas de tempo que assolam a programação dos festivais.
A premissa poderia muito bem ser condensada para o formato de curta-metragem, mas quem se arriscar precisará disponibilizar 77 minutos para somente confirmar aquela convicção inicial de que era melhor ter visto outra coisa na sala vizinha. É preciso se alongar se o desejo é ser exibido na tela grande.
Sujeito ranzinza, Fernando (Julio Chavéz) é o clichê ambulante do doente terminal. Vive em isolamento, cospe sangue a cada 10 minutos e, com uma estranha em fuga chamada Carla (Pilar Gamboa), vai demonstrando que o seu coração é maior que a sua desconfiança.
Enrola-se uma metade inteira da metragem para que Carla explique do que ou de quem se esconde e a metade que resta para tentar aumentar a tensão com a presença de um terceiro elemento, Marcos, um personagem porcamente construído em que nem o grande talento de César Troncoso é capaz de agregar algum sentido. Realizador de “Ciências Naturais”, Matías Lucchesi volta três anos depois com um novelão.
