Resenha Crítica | Thelma (2017)

Thelma, de Joachim Trier

.:: 25º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade ::.

Os recomeços não costumam ser vistos com boas expectativas pelo diretor e roteirista dinamarquês Joaquim Trier. Uma nova etapa da vida é experimentada pelos protagonistas de seus filmes geralmente com muita amargura. Às vezes como já apontado direto no título, “Começar de Novo”, o seu debute na direção sobre um casal em crise. Ou na tentativa de viver um novo dia se livrando do vício até então sustentado nos dias prévios, como se vê em “Oslo, 31 de Agosto”. E há também a vontade de seguir adiante após a morte de um familiar, o plot de “Mais Forte Que Bombas”.

“Thelma” talvez seja o melhor que Trier (que nenhum parentesco tem com Lars von Trier) já apresentou até agora. Interpretada pela excelente Eli Harboe, a personagem-título também está tentando recomeçar a sua vida em um novo ambiente, ainda que presa aos preceitos do passado. Cursando Biologia, Thelma veio de um lar totalmente isolado do mundo ditado pelo fundamentalismo religioso de seu pai Trond (Henrik Rafaelsen) . Entra assim em um contexto em que a realidade que a rodeia parece a cada segundo desafiar os valores que carregou até então.

A “pegadinha” aqui é que Trier, em nova colaboração com o corroteirista Eskil Vogt, ambienta aos poucos a sua história no campo do fantástico, associando os ataques epiléticos sofridos por Thelma com algo que vai além da racionalidade. E toda essa confusão é ainda multiplicada quando ela percebe uma excitação recíproca por Anja (Kaya Wilkins), a única com quem fez amizade no campus universitário.

Há muitas fórmulas em estágio de fermentação em “Thelma” e Trier parece um pouco perdido em desenvolvê-las simultaneamente, refletindo em uma experiência que se beneficiaria com alguns minutos a menos. De qualquer modo, acompanha-se com interesse a via crucis quase literal da protagonista, com consequências que rendem um terceiro ato explosivo. Além do mais, a proposta ousada autoriza o realizador a flertar com imagens impactantes nas suas representações de uma jovem aos poucos se livrando das amarras da repressão.

 

Lançamento em streaming:
Disponível a partir do dia 8 de março
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