Torquato Neto: Todas As Horas do Fim, de Eduardo Ades e Marcus Fernando
Durante os 28 anos que viveu, Torquato Pereira de Araújo Neto se desdobrou em um sem número de afazeres artísticos. Foi jornalista, letrista, poeta, ator, diretor e tantas outras coisas que a sua subversão autorizava. Mesmo assim, pode ser um nome não reconhecido de imediato para quem conhece apenas a superfície de algumas vanguardas, como a Tropicália e o Cinema de Invenção.
A razão para isso é um pouco justificável. Mesmo com toda a obra disponível dentro de todas essas expressões artísticas, quase nada há de Torquato Neto por ele mesmo. Isso é essencial para determinar o modo como Eduardo Ades e Marcus Fernando (este mais conhecido pela sua atuação como produtor musical) criam a narrativa de “Torquato Neto: Todas As Horas do Fim”.
.
Como o próprio documentário aponta a certa altura, uma breve entrevista constou na pesquisa da dupla como o único registro audiovisual de Torquato Neto. Restou reconstruí-lo com a música, com as aparições no cinema, as poesias, as cartas pessoais. Há também as declarações somente sonoras de nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Ivan Cardoso, assim como a narração de Jesuíta Barbosa.
A forma que “Torquato Neto: Todas As Horas do Fim” assim assume poderá causar reações diversas. Por um lado, comprova especialmente o talento do montador João Felipe Freitas em estabelecer rimas. Por outro, a estrutura similar a de uma colagem, de ressignificar todo um material de arquivo, é plano por demais, sem picos emocionais. Vale o esforço em dar luz à uma figura que merece ser descoberta ou rediscutida.
.
+ sobre Torquato Neto
Ítalo Moriconi (Organização)
Autêntica Editora
