Resenha Crítica | Estrelas do Cinema Nunca Morrem (2017)

Film Stars Don’t Die in Liverpool, de Paul McGuigan

O cinéfilo não muito antenado com a era de ouro hollywoodiana correrá o risco de embarcar em “Estrelas do Cinema Nunca Morrem” sem reconhecer a atriz interpretada por Annette Bening, a oscarizada Gloria Grahame. Sem peso na consciência, pois uma das estrelas de “Assim Estava Escrito” (e também indicada ao Oscar de coadjuvante anteriormente por “Rancor”) foi uma das vítimas que confirmaram a máxima de que raramente uma atriz poderia visualizar uma carreira acima dos 40 anos.

Nos últimos anos de sua vida, Gloria Grahame se notabilizou muito mais pelos romances do que necessariamente por seus feitos como artista, priorizando o teatro enquanto amargava papéis secundários de baixa expressividade no cinema. Foi nesse período em sua vida, quando já tinha passado dos 50 anos, que Gloria se relacionou seriamente com Peter Turner (Jamie Bell), aspirante a ator de 28 anos que conheceu durante a encenação de um de seus modestos espetáculos em Liverpool.

O peso de Gloria ter se divorciado quatro vezes (entre os ex, estavam Anthony Ray e o filho deste, Nicholas Ray, o que rendeu um verdadeiro alvoroço nos tabloides à época) e o fato de pertencerem a contextos muito diferentes não impediram que a paixão que nutriam um pelo outro prosperasse por um tempo. Mesmo na ruptura, seguiram juntos até o final a partir do instante em que a saúde de Gloria ficou debilitada por um câncer que contraiu.

Realizador de “Xeque-Mate”, “Heróis” e “Victor Frankenstein”, o britânico de 54 anos Paul McGuigan definitivamente não soa como a escolha mais acertada para a condução de “Estrelas do Cinema Nunca Morrem”. Para surpresa geral, impressiona a forma singela como direciona uma história que prioriza mais a atração por dois opostos do que qualquer outro aspecto no entorno deles, como as (des)ilusões do mundo do cinema.

Assim, permitiu mais território para os seus protagonistas brilharem. Annette Bening já havia experimentado em “Os Imorais”, o filme que a revelou ao mundo, alguns tiques de Gloria Grahame, como a sua voz doce tremendamente complicada de imitar. Já Jamie Bell, bem como o próprio Peter Turner, não corresponde ao protótipo de astro de cinema, sendo absolutamente charmoso justamente por se distanciar de um padrão ainda estabelecido de galã. Formam um casal irresistível de um filme que acerta por não ambicionar mais do que tem a oferecer.

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