Resenha Crítica | Os Incontestáveis (2016)

Os Incontestáveis, de Alexandre Serafini

Chegando ao circuito comercial com dois anos de atraso, “Os Incontestáveis” sinaliza em seus primeiros minutos se tratar de um projeto em que os seus principais envolvidos parecem compreender com grande intimidade. Não somente da parte de seu diretor Alexandre Serafini, como também de seus protagonistas Fabio Mozine e Will Just.

Com três curtas na bagagem, Serafini estreia em longa-metragem e coassina um roteiro com as características de um road movie, mas com as particularidades de alguém que explora as rodovias de Espírito Santo. De Mozine e Just, respectivamente baixista do Mukeka di Rato e guitarrista do The Muddy Brothers, vêm uma bagagem musical que impregna “Os Incontestáveis”.

Na premissa, os músicos vivem dois irmãos em um relacionamento cheio de rachaduras. Já no prólogo, iniciam uma viagem a bordo de um Opala 73 para rever um Maverick 77 que pertencia ao pai que os abandonou ainda na infância. Como o esperado, algumas figuras inusitadas vão cruzar o caminho de ambos, como Velho (Fernando Teixeira) e Lobo (Tonico Pereira), senhores de caráter dúbio.

A amoralidade da narrativa por vezes remete ao cinema de Russ Meyer (Faster, Pussycat! Kill! Kill!), só que com um sexismo ainda mais evidente. O problema dessa escolha é que a ausência de uma bússola moral de certo modo transforma “Os Incontestáveis” basicamente em um carro desgovernado.

Assim, o que a princípio se apresenta quase como um exercício de estilo, vai rumando para territórios confusos. Na exposição de instintos primitivos, enfrentamentos com indivíduos que detêm alguma autoridade e até o flerte com questões antropológicas de um estado marcado pela colonização, “Os Incontestáveis” logo se converte em aborrecimento, especialmente por sua sonoplastia estridente.

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