Resenha Crítica | O Homem que Parou o Tempo (2018)

O Homem que Parou o Tempo, de Hilnando SM

Alguns teóricos do cinema classificam como pós-terror a narrativa de horror que tem em sua essência fatores dramáticos que se sobressaem a uma gramática em que se priorizava o mero susto ou a manifestação física e imediata de um perigo. Logo deverão avaliar também a condição atual da ficção científica, em que o fantástico nem sempre é explícito.

Com orçamento limitado, o estreante Hilnando SM (como assina Hilnando Souto Mendes) tenta estabelecer um exercício de imaginação ao apresentar o seu protagonista João (Gabriel Pardal). Rapaz na faixa dos 30 anos, planeja executar um plano em que seja capaz de interromper o curso do tempo.

Se não o flagramos caminhando a esmo por uma Rio de Janeiro fotografada em tons de cinza por Tiago Rios, João fica isolado em um apartamento alugado cujos adereços são garrafas pet de água, anotações fixadas na parede, um colchão, peças de roupa espalhadas e um aparelho celular fora de moda que toca incessantemente.

A intenção mirabolante de João, no entanto, vai servindo somente de justificativa para uma viagem existencial, na qual reflexões buscam ser estabelecidas dentro de seu isolamento social, o mergulho em códigos de programação e algumas interações pontuais com indivíduos de fora. O seu amigo Lucas (Iuri Saraiva) e a desconhecida Mai (Camila Márdila) são alguns deles.

Seria um diagnóstico curioso sobre o enfado de uma geração às voltas com as responsabilidades mundanas assumidas em um cotidiano em que o tempo passa com a ausência de vibrações significativas. Há, entretanto, três problemas gravíssimos que desmantelam “O Homem que Parou o Tempo”.

Com uma figura central apática como João, é difícil o interesse para acompanhar a sua estagnação. Com poucas ferramentas em mãos, Hilnando SM é repetitivo na sensorialidade. Por fim, a enxuta duração de uma hora só fortalece a suspeita de extensão de algo que seria melhor alocado em um formato de curta-metragem.

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