10 Segundos Para Vencer, de José Alvarenga Jr.
Desde que debutou no cinema em 1988 com a direção de “Os Heróis Trapalhões: Uma Aventura na Selva”, José Alvarenga Jr. tem sido um dos nomes mais importantes do país a fortalecer a comédia como gênero a atrair multidões à tela grande. Fez o mesmo com aqueles que preferem a televisão, como comprovam os marcos globais “Os Normais”, “Sai de Baixo” e “A Diarista”.
Ao contrário de alguns nomes mais contemporâneos, nunca foi um mero realizador de aluguel, injetando autenticidade em textos que versavam sobre casamento, abismos sociais, funcionalismo público, crise da meia idade e tantos outros temas identificáveis para qualquer público. Portanto, não causa estranheza a sua associação em “10 Segundos para Vencer”, o primeiro drama de sua filmografia.
A partir de um roteiro elaborado por Thomas Stavros e Patrícia Andrade, a cinebiografia acompanha a trajetória do pugilista Éder Jofre, nome conhecidíssimo por nossos pais e avós, mas um tanto misterioso para as gerações mais recentes. Apelidado de Galinho de Ouro, é reconhecido como um dos maiores atletas dos ringues, inclusive em esfera internacional.
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Entrevista com Daniel de Oliveira e Osmar Prado sobre “10 Segundos Para Vencer”
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Atualmente com 41 anos, Daniel de Oliveira tem inúmeros desafios físicos aqui, da preparação para obtenção de massa muscular até o uso de sua jovem aparência para convencer na fase em que Éder sequer tinha 30 anos. No entanto, o seu protagonismo por vezes é cedido aqui para o grande Osmar Prado, que interpreta o seu pai, Kid Jofre.
Isso significa tudo para “10 Segundos para Vencer”, pois as convenções dos filmes de luta não moldam todo o roteiro. Assim, muito mais do que a trajetória de superação de Éder, temos aqui uma narrativa interessada na perspectiva de um pai que supervisiona os passos do próprio filho, antes avesso ao ofício que o notabilizou devido a vocação como desenhista arquitetônico.
Pode ser considerada uma visão pouco lisonjeira de quem se busca fazer tributo. Mas “10 Segundos para Vencer” não quer mexer em vespeiro e, por isso mesmo, acaba resultando esquecível (quando não enfadonho) pela adoção da estrutura episódica. Eventos dramáticos, como o casamento de Éder, a saúde frágil do irmão e a sua aposentadoria precoce, ocupam a tela sem qualquer ressonância. Alvarenga Jr. entende do riscado, contemplando o público com evidente apuro técnico e boa direção de atores, mas a sua cinebiografia se perde entre as demais produzidas em nosso cinema.
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