First Man, de Damien Chazelle
O mais jovem da história a receber um Oscar de Melhor Diretor (32 anos), Damien Chazelle iniciou a carreira escrevendo ou revendo roteiros de suspense e terror, como os de “O Último Exorcismo: Parte 2”, “Toque de Mestre” e “Rua Cloverfield, 10“, mas como diretor parecia enveredar pelo musical. O nada visto “Guy and Madeline on a Park Bench” foi um exercício de aprimoramento para os notáveis “Whiplash: Em Busca da Perfeição” e “La La Land: Cantando Estações“.
“O Primeiro Homem” é o filme ambicioso esperado para quem foi laureado por todos os seus pares, mas a falta de autoria é reconhecida. Se a escrita do texto ficou totalmente a cargo de Josh Singer (roteirista com olhar jornalístico que assinou “Spotlight: Segredos Revelados” e “The Post: A Guerra Secreta“), a estética que o seu diretor de fotografia Linus Sandgren sugere é totalmente distinta do que antes orquestrou.
Produtor executivo aqui, Steven Spielberg seria um diretor perfeito para narrar o recorte proposto sobre Neil Armstrong, astronauta que comandou a missão Apollo 11 e que com ela atingiu o feito de ser o primeiro homem a pisar na lua. Conquista que demandou muitos custos, como vamos testemunhando no curso dos eventos.
A escolha de “O Primeiro Homem” é tornar secundária o deslumbramento que se espera e exige de uma história real como essa para traçar um caminho que humanize o seu personagem. O prólogo mesmo é todo dedicado a contar um episódio dramático da vida de Armstrong: a perda prematura de uma filha, que morreu com apenas dois anos em decorrência de um tumor cerebral.
Além do mais, um espaço muito generoso é dado para Janet Armstrong, esposa de Neil. Com outros dois filhos para cuidar, ela é a perspectiva que encoraja o amado em suas missões, mas que não deixa de tomar uma atitude mais firme para o bem da família quando lhe é evidente os riscos que correrá em sua viagem à Lua.
Todo crédito à Claire Foy como Janet. Os minutos finais de “O Primeiro Homem” são lindos, mas a caminhada até eles são insípidos, bem como Ryan Gosling, que, com feições não compatíveis com a da figura real, parece somente interpretar a versão aborrecida de si mesmo. O oposto faz Foy, mais grandiosa do que a encenação do grande feito de Armstrong e o coração que impede o filme de morrer.
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James R. Hansen (Tradução: Donaldson M. Garschagen e Renata Guerra)
Intrínseca
Páginas: 512
