Resenha Crítica | José (2018)

José, de Li Cheng

.:: 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

O sexo geralmente é associado a uma troca íntima que se faz com aquele ao qual o amor é correspondido ou a um prazer intenso, mas momentâneo. Para José, o personagem-título do segundo longa-metragem do chinês Li Cheng, o ato está mais condizendo com uma fuga da realidade.

Temos como cenário uma Guatemala periférica e nada atrativa, com uma população que ganha o mínimo para sobreviver. Entre a permanência em casa e no trabalho, José (interpretado pelo estreante Enrique Salanic) recorre aos aplicativos para encontrar parceiros sexuais em segredo, com eles tendo algum êxtase no tempo pré-pago em um motel barato.

Com 19 anos, José esconde a sua orientação, mas tanta discrição vai abrindo portas para alguns deslizes, percebidos por sua mãe (Ana Cecilia Mota), uma senhora superprotetora, dedicada ao lar e ao filho e religiosa. Esse momento se dá quando encontra em Luis (Manolo Herrera) alguém para ir além de uma transa casual.

A Guatemala é um país que produz muito pouco cinema (“José” é um dos três longas de ficção feitos ao longo de 2018) e Li Cheng desenvolve com George F. Roberson um texto que estabelece inúmeras características de identificação mesmo com as barreiras culturais. O sentimento mais forte que fica ao final, entretanto, é a extensão de uma história que talvez estivesse mais confortável como curta-metragem, algo que se confirma com um terceiro ato mais à deriva que José.

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