Resenha Crítica | Rosas Selvagens (2017)

Dzikie róze, de Anna Jadowska

.:: 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.

A Polônia é um país tomado pelas temperaturas mais extremas em sua mudança de estações e costumamos ter um acesso ao registro mais cinza das vidas que a habitam. Em “Rosas Selvagens”, a cineasta Anna Jadowska (que está em seu quinto longa-metragem) propõe um filme tão solar que mesmo o público se sentirá em um clima de casa de campo.

Essa atmosfera radiante não condiz nada com os tormentos internos de Ewa (a expressiva Marta Nieradkiewicz). Após uma longa estadia em um hospital por razões que não são explicitadas, ela regressa ao lar que abandonou temporariamente, tendo deixado os seus dois filhos, Marysia (Natalia Bartnik) e Jas (Dominik Weslig), aos cuidados de sua mãe (Halina Rasiakówna).

O momento de reconexão com as suas crias bate com a volta de seu marido Andrzej (Michal Zurawski), que costuma ficar meses em outros países a trabalho. A reunião é extremamente conflituosa, pois não se sabe o que Ewa estava enfrentando em isolamento, criando uma dessintonia com Andrzej. Sem dizer as intervenções de Marcel (Konrad Skolimowski), um jovem estudante com quem teve algo íntimo em um passado muito recente.

Jadowska também assina o roteiro e a sua pauta central é, evidentemente, a maternidade. Com a velha tradição das tarefas familiares e domésticas sendo relegadas às mulheres, Ewa nos faz questionar essa condição com uma desestabilização emocional que a impede de encontrar um ponto de equilíbrio. É uma mulher que passará por inúmeras provações e que ao final ainda assim revelará uma humanidade que surpreenderá a qualquer um.

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