
Ah, como é fascinante um filme autoindulgente, desses que parecem ser feitos com o único propósito de autoimolar o seu diretor e o sistema que o viabiliza!
Após “Beau Tem Medo”, “Babilônia” e “Megalópolis”, é a vez de Todd Phillips jogar tudo para os ares, uma vontade que inclusive se materializa durante a própria narrativa, vejam só!
Depois de arrecadar mais de um bilhão ao fazer uma adaptação de quadrinhos abraçada pelos nerds insuportáveis e até mesmo pela ala artística (Leão de Ouro em Veneza! 11 indicações ao Oscar!), chegou a hora de desagradar a todos.
Agora com 200 milhões no bolso, Phillips fez um filme que parece ter custado 10% disso, basicamente enclausurando o protagonista em apenas dois cenários e ainda lidando com um gênero, o musical, do qual ele não tem a menor ideia de como manipular – o pessoal esperava mesmo números imaginativos de um cara cuja única afinidade prévia na música foi com um doc do GG Allin, um cantor punk que defecava no palco durante as suas apresentações?
Pra piorar, ele ainda faz de palhaço (perdão pelo trocadilho) um dos vilões mais icônicos da história, reduzindo-o a um Charles Manson patético com a sua horda de seguidores acéfalos, num registro muito mais interessante de se acompanhar sobre cultos do que aquele proposto por Tarantino em “Era Uma Vez em Hollywood”.
Enfim, como diria Lady Gaga, pode haver 100 pessoas numa sala de cinema e 99 detestarem “Coringa: Delírio a Dois”, mas basta eu para eu acreditar nesse filme e tudo mudar.
★★★
Direção de Todd Phillips
Disponível no cinema e em breve no MAX
