
A junção de talentos brasileiros e argentinos costuma trazer bons frutos para o audiovisual, mas aqui em “Abraço de Mãe” as expectativas se frustram porque estamos diante de dois cinemas muito irregulares quando a disciplina é filme de terror.
Com uma obra pregressa desconhecida no Brasil, o diretor Cristian Ponce até apresenta um arrojo visual curioso, com uma trama em grande parte confinada em um casarão de um Rio de Janeiro dos anos 1990 chuvoso, explorando contrastes de azul e dourado.
Como alguém que já se provou uma baita atriz mais do que o suficiente, também não é exagerado enaltecer a Marjorie Estiano como aquela do elenco que carrega o filme nas costas, convencendo na postura de bombeira e ainda dando com a sua interpretação uma densidade que “Abraço de Mãe” nunca parece corresponder.
Caro ao gênero, o argumento do desprezo materno é novamente o fio condutor, mas Ponce, que também é autor do roteiro, joga um monte de aleatoriedades sem jamais justificá-las: qual o motivo daquele grupo de vulneráveis ser multicultural? Quais os rituais que praticam? Por que conspiram contra a protagonista da forma que assistimos? A criatura que nunca é efetivamente revelada está ali somente para a alegoria de raízes que precisamos cortar com as próprias mãos?
★★
Direção de Cristian Ponce
Disponível na Netflix
