
A pior coisa que você pode fazer para arruinar a carreira de um cineasta promissor é conferir a ele a alcunha de gênio logo em seus primeiros passos. M. Night Shyamalan, Richard Kelly, Ari Aster são apenas alguns dos vários nomes contemporâneos que caíram feio do cavalo e o mesmo acontece com Robert Eggers, que em seu quarto filme já aparece com a pretensão de resgatar “Nosferatu” para ser a versão definitiva de um jovem século.
O cineasta novamente aposta em um estética gótica austera para o seu novo conto de época, às vezes com isso estabelecendo um bom jogo de sombras, mas que descolore totalmente o sangue humano, exibido aqui com uma timidez bem questionável.
Pautando o seu elenco com um roteiro com um vocabulário por vezes arcaico, o resultado ficou totalmente desigual: enquanto grandes atores como Willem Dafoe, Ralph Ineson e Simon McBurney tiram o texto de letra, o núcleo mais inexperiente é difícil de lidar – e vocês ainda têm a pachorra de pegar no pé dos pobres Winona Ryder e Keanu Reeves na versão do Coppola.
Outro fator complicado aqui é como o filme parece mal regido ao ponto de estabelecer uma falta de continuidade de lógica e de ordem emocional. Se já não fosse um absurdo um jovem adoecido chegar ao seu destino a cavalo antes de um algoz no navio ou de um idoso alcançar uma dupla correndo para uma execução, há aqueles momentos mal costurados, como a declaração de amor que procede um sexo desesperado e um jump scare aleatório.
Enfim, um filme mais sem alma que um cadáver sem sangue.
★★
Direção de Robert Eggers
Em exibição nos cinemas
