Babygirl (2024)

Babygirl (2024)

Outra vez, temos Nicole Kidman naquele modo que amamos: totalmente destemida e cúmplice de seu cineasta-autor para ser instrumento central de uma narrativa que não navegará as marés mais calmas.

Mesmo que Nicole tenha 57 anos e eu seja um fã desde as minhas primeiras memórias, ainda fico surpreso como ela sempre sobe mais um lance de escadas quando deduzo que ela já atingiu um limite em cena, aqui fazendo uma mulher com família consolidada e mais do que bem-sucedida profissionalmente que é frustrada sexualmente ao não colocar desejos de submissão em prática.

Grande parte de “Babygirl” é concentrado na relação dessa mulher madura com o seu estagiário, um rapaz enigmático que fareja de longe a sua repressão carnal. E o melhor de tudo é que, ao contrário do que se espera, não temos aqui um thriller erótico, pois as cartas são colocadas na mesa logo de cara nessa dinâmica, que não visa chantagem profissional. É ainda melhor o fato de o passado de ambos não ser explanado para definir as figuras que se formaram.

É acima da média, mas não excelente. Atriz em “A Espiã”, Halina Reijn trocou o ofício pela direção a partir de “Instinto”, merecidamente associado pelos poucos que o assistiram a “Elle”. Naquele filme, ela não largava a mão de sua protagonista de jeito nenhum, indo até as últimas consequências para compreender a sua natureza sombria, gerando uma conclusão desconcertante. Aqui, Romy também é plenamente saciada, mas pela resolução menos convidativa, na qual todas as lacunas são devidamente preenchidas como um comercial erótico de margarina.

★★★
Direção de Halina Reijn
Em exibição nos cinemas (Diamond Films)

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