
“O mundo é um lugar horrível.”
O cineasta sueco Magnus von Horn havia há cinco anos criado um bom drama contemporâneo, “Sweat”, onde exibia a realidade superficial de digital influencers, trazendo uma protagonista que arquitetava uma vida perfeita e autoimagem impecável visando popularidade digital.
Agora, ele se apropria de uma figura real como coadjuvante de um drama (horror?) de época em que tudo transcorre no melhor modo “desgraça pouca é bobagem”, numa Copenhague de um século atrás afetada pela guerra.
A jovem atriz Vic Carmen Sonne já tinha provado que é muito corajosa ao assumir os riscos de “Holiday” e agora faz uma Anora onde a pior coisa que acontecerá em sua vida está longe de ser o anulamento de seu casamento com o herdeiro de uma fábrica de costura. Quem dera: a sua via-crucis passará pelo retorno do marido convertido em freak de circo, despejo, miséria, gravidez indesejada e por aí vai.
Definitivamente, “A Garota da Agulha” é muito desagradável e as pessoas tendem a apresentar os mais diversos julgamentos. De uma forma muito estranha, é um filme que sempre preserva uma promessa de respiro para a sua figura central, mesmo que a estética advinda da esplêndida fotografia de Michal Dymek (que também trabalhou em “A Verdadeira Dor”) assuma que não há cores neste mundo horrível de se viver.
★★★★★
Direção de Magnus von Horn
Disponível na MUBI
