As Aventuras de uma Francesa na Coreia (2024)

Com a média de entrega de um filme por ano, o diretor sul-coreano de 64 anos Hong Sang-soo hoje atingiu um patamar de conjunto de obra com autoria reconhecida o suficiente para se amar ou deixar para lá. E isso se aplica até mesmo em suas aventuras com a musa francesa Isabelle Huppert, que agora somam três parcerias.

O resultado de “As Aventuras de uma Francesa na Coreia” não é tão aborrecido quanto o de “A Visitante Francesa”, mas a objetividade e até os poucos lampejos de novos ares oferecidos em “A Câmera de Claire” não são reprisados aqui.

Por um lado, existe algum encanto nessa crônica ao longo de um dia onde Huppert se passa por uma professora particular de idiomas a partir de uma metodologia bastante particular, onde interações em outro idioma com os personagens se dão a partir da descrição de seus sentimentos diante de ações banais.

Para a sua primeira aluna, ela pergunta que emoções a atingiram quando tocou piano. Para outra, uma mulher adulta, questiona o que passou pela sua cabeça ao ver o seu marido ajoelhar para um monumento.

São instantes que quebram o estereótipo de que a cultura asiática está a todo o momento em uma sintonia poética com tudo a todo o tempo. Infelizmente, “As Aventuras de uma Francesa na Coreia” não tem noções além desta para oferecer ao espectador que tenta se engajar na viagem dessa estrangeira.

Além do mais, causa incômodo esse desprendimento cada vez mais expressivo do Hong Sang-soo com o suporte digital. Além daqueles enquadramentos que vão se reajustando conforme a disponibilidade dos corpos no cenário, há também toda aquela fotografia estourada e foco desregulado que só agrada mesmo – e vai entender a razão – os seus fãs mais hardcore.

★★
Direção de Hong Sang-soo
Em exibição nos cinemas (Pandora Filmes)

Deixe um comentário