Resenha Crítica | Dreams (2024)

Capítulo de encerramento de uma trilogia temática do diretor norueguês Dag Johan Haugerud, “Dreams” (os demais são “Sex” e “Love”) mais parece irmãos siameses de personalidades bem diferentes do que uma obra bem acabada.

Isso se dá porque o filme tem dois momentos bastante opostos na execução, como se cada um fosse uma obra isolada.

Na primeira parte, que causa uma sonolência desesperadora, o diretor investe no intimismo e aconchego ao relatar Johanne se apaixonando por sua professora. A narração em off é um recurso tão excessivo aqui que as imagens captadas parecem dispersar diante de nossos olhos, pois elas perdem qualquer utilidade sobretudo quando não passam de reproduções dos próprios devaneios, ainda que trilha sonora e cenografia idealizem o seu sentimento de proteção em uma redoma de tricô.

Quando a mãe e a avó de Johanne vão ganhando relevância nesse roteiro, “Dreams” se transforma em outra coisa, onde essa adolescente faz uso de seu amor frustrado para escrever um livro.

Livrando-se das amarras, tudo se transforma basicamente em uma comédia de humor por vezes corrosivo. Evidentemente, o deslocamento do espectador diante da identificação de uma proposta segue presente, pois algumas interações, embora engraçadas, parecem até esquetes isoladas, como a discussão sobre “Flashdance”.

Nem é tão ruim quanto parece, mas o fato de “Dreams” carregar o peso como um vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim certamente confere ao filme um peso que ele não é capaz de sustentar, ainda que essa seja uma culpa de Todd Haynes do que propriamente de Dag Johan Haugerud.

★★
Direção de Dag Johan Haugerud
Assistido no 1º Festival de Cinema Europeu Imovision e em breve nos cinemas (Imovision)

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