Resenha Crítica | Bailarina (2025)

“John Wick”, “Bourne” e “Missão: Impossível” são franquias que realmente conquistaram uma região de fãs quando fixaram uma cabeça criativa específica como norte. Desenvolvido um estilo que fez um determinado capítulo atingir um grande êxito comercial, o que passou a ser feito é compensar a repetição de uma premissa com uma ação que vai se mostrar cada vez mais elaborada para o seu time de dublês – ou para o próprio Tom Cruise.

De todas essas cinesséries mencionadas, vou sempre defender que o material de base, a obra original, persistirá como superior às sequências. Pois, para mim, são os filmes que se desafiaram a um risco e os mais autênticos, fazendo o máximo possível em um orçamento muito mais modesto.

Perdi a paciência com “John Wick”, que passou a ter quase três horas para terminar do ponto em que começa e com uma coreografia de embate cada vez mais óbvia e repetitiva. Sequer assisti ao quarto filme. E enquanto os fãs dos filmes com Keanu Reeves vão detestar “Bailarina”, esse capítulo com Ana de Armas é o que há de mais refrescante desse universo justamente desde “De Volta ao Jogo”.

Enquanto Chad Stahelski é esse coordenador de dublê que se transforma em diretor, Len Wiseman é um diretor de ação muito mais interessante. Com Kate Backinsale, provou que você pode construir uma franquia inteira de ação liderada por uma mulher com “Anjos da Noite” e até fez uma boa adição para “Duro de Matar” em 2007. Seu principal vacilo na carreira foi querer refilmar “O Vingador do Futuro”, mas nada tão grave que justifique o fato de “Bailarina” ser o seu primeiro filme para cinema em nada menos que 13 anos. 

Se Ana de Armas não é Kate Backinsale em termos de presença nos embates físicos, ela é talentosa o suficiente para segurar o velho fiapo de narrativa envolvendo uma vingança familiar. Ela se beneficia porque, ao contrário de John Wick, que sempre tem a pontaria certeira para eliminar os seus alvos, Eve está mais em situações em que a sua perspicácia para lidar com o improviso é a que a manterá viva.

E o que não falta aqui é imaginação nos confrontos, desde maneiras muito especiais para explodir homens com granadas até uma cena maravilhosa com facas em um restaurante russo. Isso sem dizer o clímax absurdo, trazendo uma briga com lança-chamas. 

Um deleite – sorry, futuros haters!

★★★
Direção de Len Wiseman
Em exibição nos cinemas (Paris Filmes)

Resenha Crítica | Premonição 6: Laços de Sangue (2025)

25 anos após o lançamento do filme original, a franquia “Premonição” chega ao seu sexto episódio mais consciente do que nunca de suas próprias virtudes, sabendo que os seus fãs vão reaparecer nos cinemas para uma história contanto que ela estabeleça conexões com o passado, uma dose de humor e mortes elaboradas.

Após os bilhões da nova franquia de “Homem-Aranha”, o diretor Jon Watts é o principal nome a viabilizar “Premonição 6: Laços de Sangue” e a nova ideia apresentada aqui é ótima: a de construir uma árvore genealógica amaldiçoada após a integrante de uma família (na fase idosa sendo interpretada pela ótima veterana Gabrielle Rose) prever um acidente e salvar dele uma centena de pessoas.

Uma pena que essa nova aposta acaba desperdiçando grande parte de seu potencial na escolha da dupla Adam B. Stein e Zach Lipovsky na direção. Ainda que contem com experiências em curtas-metragens e projetos televisivos, o resultado que apresentam aqui é medíocre.

Por um lado, temos aqui um “Premonição” em que essa conexão de sangue nos faz se importar como nunca com o destino dos personagens e há ainda uma cena linda com Tony Todd, que felizmente pôde reprisar o seu icônico William Bludworth para se despedir não somente da cinessérie, como também de nós.

Por outro, o descarte desses pais e filhos é executado de maneira tão aleatória que me pergunto se vale a pena todo o investimento emocional que depositamos neles. 

Além disso, embora eu ame muitas cenas bizarras aqui (a da sala de ressonância magnética já nasceu um clássico), eu sempre fico incomodado como esse filme escancara demais uma crise estética que anda atingindo cada vez mais a produção americana num todo. É tanta intervenção digital ou tomadas mal iluminadas que fico com saudade de como tudo era mais prático e melhor ajambrado nos dois primeiros “Premonição”. 

★★★
Direção de Adam B. Stein e Zach Lipovsky
Em exibição nos cinemas (Warner Bros.)

Resenha Crítica | Acompanhante Perfeita (2025)

Diretor e roteirista especializado em projetos televisivos, Drew Hancock debuta no formato de longa-metragem bastante seguro daquilo que está sintonizado o público mais jovem pretendido para o seu “Acompanhante Perfeita”: o comentário sobre tecnologia se apropriando das conspirações de “Black Mirror” numa roupagem mais afável para abrigar bastante comicidade em uma premissa de ficção científica com terror.

Quando foi lançado nos cinemas, muitos alegaram se afastar o máximo possível dos comentários e materiais de divulgação, como se o filme estivesse ocultando um grande mistério o máximo possível. Não procede, sobretudo porque há pistas da dinâmica da coisa já nos primeiros minutos.

É a velha premissa de que evoluções tecnológicas não estão prontas para serem jogadas para o público sem supervisão humana. No entanto, é bem legal como o roteiro evidencia que os maiores riscos estão em como não somos capazes de aplacar nossas solidões e como o discernimento é borrado quando depositamos nossas emoções verdadeiras em subterfúgios artificiais.

Uma pena que Drew Hancock empaque ao pensar nos inúmeros potenciais da Iris, interpretada por uma Sophie Thatcher com cada vez mais sede de dominar Hollywood. Quando promete fazer um novo “Lucy”, a personagem ainda assim segue limitada a uma mera mocinha da premissa de vítima sobrevivendo em um lugar isolado.

Destaque para o saca-rolhas.

★★★
Direção de Drew Hancock
Disponível no MAX