
“John Wick”, “Bourne” e “Missão: Impossível” são franquias que realmente conquistaram uma região de fãs quando fixaram uma cabeça criativa específica como norte. Desenvolvido um estilo que fez um determinado capítulo atingir um grande êxito comercial, o que passou a ser feito é compensar a repetição de uma premissa com uma ação que vai se mostrar cada vez mais elaborada para o seu time de dublês – ou para o próprio Tom Cruise.
De todas essas cinesséries mencionadas, vou sempre defender que o material de base, a obra original, persistirá como superior às sequências. Pois, para mim, são os filmes que se desafiaram a um risco e os mais autênticos, fazendo o máximo possível em um orçamento muito mais modesto.
Perdi a paciência com “John Wick”, que passou a ter quase três horas para terminar do ponto em que começa e com uma coreografia de embate cada vez mais óbvia e repetitiva. Sequer assisti ao quarto filme. E enquanto os fãs dos filmes com Keanu Reeves vão detestar “Bailarina”, esse capítulo com Ana de Armas é o que há de mais refrescante desse universo justamente desde “De Volta ao Jogo”.
Enquanto Chad Stahelski é esse coordenador de dublê que se transforma em diretor, Len Wiseman é um diretor de ação muito mais interessante. Com Kate Backinsale, provou que você pode construir uma franquia inteira de ação liderada por uma mulher com “Anjos da Noite” e até fez uma boa adição para “Duro de Matar” em 2007. Seu principal vacilo na carreira foi querer refilmar “O Vingador do Futuro”, mas nada tão grave que justifique o fato de “Bailarina” ser o seu primeiro filme para cinema em nada menos que 13 anos.
Se Ana de Armas não é Kate Backinsale em termos de presença nos embates físicos, ela é talentosa o suficiente para segurar o velho fiapo de narrativa envolvendo uma vingança familiar. Ela se beneficia porque, ao contrário de John Wick, que sempre tem a pontaria certeira para eliminar os seus alvos, Eve está mais em situações em que a sua perspicácia para lidar com o improviso é a que a manterá viva.
E o que não falta aqui é imaginação nos confrontos, desde maneiras muito especiais para explodir homens com granadas até uma cena maravilhosa com facas em um restaurante russo. Isso sem dizer o clímax absurdo, trazendo uma briga com lança-chamas.
Um deleite – sorry, futuros haters!
★★★
Direção de Len Wiseman
Em exibição nos cinemas (Paris Filmes)
