
Sequência anunciada quando o original nem tinha concluído a sua carreira comercial nos cinemas, “M3GAN 2.0” poderia facilmente se basear em tudo o que deu certo por uma segunda vez, sobretudo porque o filme de 2022 estava estufado de sacadas transformadas em memes instantâneos, das expressões da boneca comandada por inteligência artificial até as danças prontas para serem reprisadas no TikTok.
Outra vez no comando da direção (e agora do roteiro), o neozelandês Gerard Johnstone, no entanto, quer transferir tudo para outro território, em proposta e em tom.
Rejeitando repetir o argumento da “boneca amaldiçoada” no contexto da tecnologia do amanhã, “M3GAN 2.0” se apresenta para nós mais como uma ficção científica do que propriamente um terror, agora com uma ameaça de amplitude global que ensaia ser uma versão feminina de “O Exterminador do Futuro”.
A intenção soa muito saborosa, mas o resultado frustra. Embora não tenha perdido a sua comicidade, essa é uma continuação que se perde demais tentando explicar as coisas, do funcionamento das bonecas-robôs até todos os dilemas morais envolvidos.
O resultado não é apenas algo mais longo do que deveria, mas que também se esquece de se divertir no processo. Pior: traz M3GAN como coadjuvante em seu próprio filme, havendo pouco espaço para o seu sarcasmo e com chances reduzidas de repetir o que a tornou um ícone, a exemplo de quando resolve cantar novamente, agora “This Woman’s Work”, da Kate Bush.
Lembra muito o que a gente vivenciou em “A Morte Te Dá Parabéns 2”, outro caso raro em que preferia o mais do mesmo do que algo todo desconstruído.
★★
Direção de Gerard Johnstone
Em exibição nos cinemas (Universal Pictures)



