
Se antes Hollywood permitia a troca de uma ou duas gerações para reviver uma franquia (ou um personagem) que passou a não dar mais certo em determinado ponto, agora a máquina não pode parar e futuras versões são anunciadas quando a atual sequer teve tempo de desafiar o seu inevitável fracasso.
19 anos se passaram entre “Superman 4: Em Busca da Paz” e “Superman: O Retorno”. Já esta encarnação de 2025 entrou em desenvolvimento quando Henry Cavill sequer tinha sido convocado para o RH da Warner para dar baixa em sua carteira de trabalho.
Essa necessidade de se fabricar filmes baseados em quadrinhos como se fossem sanduíches em um fast food é o que de pior acontece para James Gunn, agora com o desafio de revitalizar a DC Comics nos cinemas. Não dá mais para reiniciar o personagem, é preciso começar de um ponto onde se conta com a boa vontade do público para considerar que ele conhece muito bem a base da existência do herói, seus aliados e inimigos.
Portanto, não temos aqui o “Superman by James Gunn”, pois o personagem apresentado tem 33 anos com fragmentos do que já sabemos deles nos quadrinhos, nas séries animadas e televisivas e em todos os títulos cinematográficos até aqui. O mesmo vale para Louis Lane e Lex Luthor – os demais não passam de coadjuvantes sem introduções adequadas e que se perdem na administração da dramaturgia.
Embora demonstre ser um sujeito bem-humorado e que às vezes apresenta bons achados visuais, James Gunn realmente nunca foi um grande diretor, sequer quando estava em seu estágio mais autoral na realização de “Seres Rastejantes” e “Super”.
Por tudo isso, nem vale a pena cair na ilusão de que este “Superman” é revolucionário porque Gunn disse que ele é um imigrante, o que faz muita gente ingênua acreditar até que isso daqui é o blockbuster mais político do ano – é sério que ainda tem adulto que se emociona com criança levantando bandeira de alienígena em pleno conflito armado como se isso fosse sinal do quanto esse povo finge se preocupar com a Palestina?
A única coisa que esse “Superman” realmente faz para a nova fase da DC Comics é recuperar as suas cores depois do Zack Snyder achar que fazia releitura de Jesus Cristo lá em 2013. Nada mais que isso.
★★
Direção de James Gunn
Em exibição nos cinemas (Warner Bros. Pictures)
