Resenha Crítica | BRATS (2024)

Como alguém que por anos escreve sobre cinema e que agora também trabalha do lado do jogo em que é preciso vender um filme a partir da relação com a imprensa, consigo compreender muito bem o temor que cerca os artistas em relação à recepção aos seus trabalhos, fugindo de títulos que podem reduzir os seus potenciais.

Quantos diretores ficaram confinados ao gênero terror a partir da alcunha de mestres do gênero? Quantas vezes vocês já viram Brian De Palma irritado ao ser reduzido a um mero aprendiz de Hitchcock? E a antipatia que a Siouxsie Sioux passou a ser vista todas às vezes que negava ser a rainha do gótico, quando sua intenção como musicista era ser um ícone pop?

Por tudo isso, consigo compreender perfeitamente quando Andrew McCarthy, Emilio Estevez, Ally Sheedy, Demi Moore, Rob Lowe, Judd Nelson e Molly Ringwald (quando não também Timothy Hutton, Jon Cryer e Anthony Michael Hall) acharam que estavam com as suas jovens carreiras em risco quando pegou a moda de chamá-los de Brat Pack, assim batizado pelo jornalista David Blum como um acidente feliz num lapso de criatividade.

Associá-los como tal não somente criou a ilusão de que este era um coletivo de pós-adolescentes que se alternavam entre projetos enquanto farreavam fora dos sets (uma inverdade, segundo todos aqui), mas também o fator limitador que poderia fazer com que eles caíssem num ostracismo uma vez que acabasse o fenômeno das comédias juvenis com o dedo de John Hughes.

Andrew McCarthy faz um trabalho ótimo de coleta de depoimentos de seus velhos amigos, agora acima dos 50/60 anos e com um olhar mais generoso sobre os frutos que colheram naquele período tão particular do cinema americano oitentista. Mas o melhor mesmo é o temido encontro justamente com o autor da matéria da New York Magazine que desencadeou tudo, espertamente reservado para o ato final do filme.

★★★
Direção de Andrew McCarthy
Indisponível no Brasil

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