Resenha Crítica | Uma Sexta Feira Mais Louca Ainda (2025)

Assim como rolou na nova trilogia “Halloween”, Jamie Lee Curtis outra vez volta para um grande sucesso em sua carreira, “Sexta-feira Muito Louca”, um filme que parece que foi feito totalmente para ela ainda que a atriz tenha sido chamada no último minuto do segundo tempo (Annette Bening desistiu do projeto e Jamie teve menos de uma semana para se preparar antes de pisar no set).

Ao contrário das tralhas feitas pelo David Gordon Green, cuja duologia se transformou em três filmes apenas para arrecadar uma grana extra, essa sequência de “Sexta-feira Muito Louca” ressurge realmente com reações nobres, onde Jamie escolheu dar tempo ao tempo para Lindsay Lohan se reencontrar na vida e ter a maturidade o suficiente para interpretar uma mãe solteira.

O fato de existir um coração pulsando aqui, de um tipo que se sensibiliza com o quarteto feminino e seus diferentes dramas internos (a idosa com medo da solidão, a jovem em dilemas profissionais e amorosos, a adolescente 1 em luto e a adolescente 2 irritada por decisões que não a contemplam diante de uma nova configuração familiar) é muito importante, pois “Uma Sexta Feira Mais Louca Ainda” empalidece demais quando lembramos do ótimo filme original, que era um remake de uma obra que popularizaria para o mundo a surrada premissa da troca de corpos.

Infelizmente, a diretora Nisha Ganatra não tem o mesmo sarcasmo e ousadia do Mark Waters em extrair o maior potencial cômico das cenas, inclusive nos custando bastante tempo para conseguir fazer o seu elenco virar a chave que o faz compreender que devem assumir personalidades diferentes em seus novos corpos. Jamie Lee Curtis é sempre perfeita, Lindsay Lohan se entende melhor na segunda metade da história e Julia Butters e Sophia Hammons poderiam não existir.

O curioso é que esses descompassos são muito bem camuflados em algo que eu não testemunha há um bom tempo em uma comédia: figuras secundárias super passageiras que realmente roubam a cena.

Além de estar mais gostoso do que nunca, Chad Michael Murray volta muito bem como o ex-namorado da Lindsay Lohan. E amei a diretora da X Mayo, a feiticeira charlatã da Vanessa Bayer e, principalmente, a agente do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos interpretada por Santina Muha.

★★★
Direção de Nisha Ganatra
Em exibição nos cinemas (Walt Disney Studios)

Resenha Crítica | Faça Ela Voltar (2025)

Aquisição da A24 que se tornou um dos seus principais sucessos comerciais, “Fale Comigo” se destacou dentro da boa safra de terror atual sobretudo pela forma bastante original como a dupla Philippou desenhou o seu núcleo jovem de personagens, priorizando aquele recorte australiano meio gente como a gente que se desvincula de registros americanos com os quais estamos mais habituados.

Outra vez, isso é repetido em “Faça Ela Voltar”, aqui condensando as atenções entre dois meio-irmãos, a Piper (Mischa Heywood), que tem deficiência visual, e Andy (Billy Barratt), que carrega o peso de se responsabilizar por toda uma família quando sequer atingiu a maioridade. Antes de mais nada, é um filme que estabelece uma dinâmica muito bonita entre essa dupla e que felizmente se furta de criar um espetáculo totalmente voltado á condição especial de uma de suas protagonistas/atrizes.

Mais adiante disso, no entanto, parece claro que “Faça Ela Voltar” seja mais a aposta dobrada em uma fórmula testada e aprovada anteriormente do que efetivamente um passo seguinte na carreira dos Philippou, que outra vez voltam a versar sobre relações familiares e o luto como uma dor insustentável que encontra conforto nas falsas promessas do sobrenatural.

Não há problema algum em ir pelo caminho seguro, sobretudo se ele renderá uma experiência positiva ao fim, mas bem que alguns aspectos poderiam ser melhor lapidados aqui, como a sutileza em reabordar os temas citados. 

E nem falo sobre a violência brutal, por vezes bem gráfica, de algumas tomadas, que causam um desconforto efetivo que poucos se arriscam em encenar. Mas sim a respeito desses tons exacerbados que nos fazem telegrafar as coisas a quilômetros de distância delas se efetivarem. 

É um filme que a gente já sabe como se construirá nos primeiros segundos em que batemos os olhos nas expressões de desequilíbrio de Sally Hawkins e em seu lar cheio de lodos de um passado recente que essa mulher falsamente bem-intencionada quer trazer de volta a qualquer custo.

★★★
Direção de Danny Philippou e Michael Philippou
Em exibição nos cinemas (Sony Pictures)

Resenha Crítica | Corra que a Polícia Vem Aí! (2025)

Uma nova versão de “Corra que a Polícia Vem Aí” era tudo o que precisávamos atualmente. Não somente com o desprestígio da comédia americana como experiência coletiva na sala de cinema, mas também pela extinção desse modelo de humor que o trio ZAZ dominava, onde o alvo central era a satirização de um gênero ou de um determinado lote de clássicos modernos emoldurada pelo besteirol.

Embora David Zucker tenha caído em desgraça pelo fracasso de seus últimos projetos para cinema e por abraçar o trumpismo, o espaço que ocupa na história do cinema com as suas melhores comédias é incontestável e um novo “Corra que a Polícia Vem Aí” que não tenha se preocupado sequer com a sua benção é uma antecipação de que algo de errado aconteceu no processo criativo de elaboração de um novo filme.Pois não se deixem enganar pelo bom material publicitário e pela recepção prévia bem acalorada: o novo “Corra que a Polícia Vem Aí” é um desastre monumental, um projeto em que nenhum dos envolvidos parece saber ao certo o que pretende reverenciar e o que de novo quer apresentar.

As escalações de Liam Neeson (antes um ator super sério que revirou a carreira como astro de ação na terceira idade) e de Pamela Anderson (que volta a abraçar o humor também após um processo radical de mudanças artística e pessoal) soam perfeitas na teoria para ocupar as posições que eram no passado de Leslie Nielsen e Priscilla Presley, mas o resultado é um desperdício: na boca do primeiro, enfiam um monte de piadas que ele não entende (sobretudo aquelas que citam coisas como “Buffy”, Janet Jackson ou The Black Eyed Peas); para a segunda, restou a personagem etariamente equivalente que se perde a todo o momento na história.

História é uma coisa que inclusive não faz qualquer sentido aqui, seja na sua incapacidade de entender os nossos tempos ou de oferecer deixas para gags visuais. Se nos dois primeiros filmes da série tínhamos comentários subliminares sobre figuras de autoridade, como a rainha britânica ou o presidente americano, aqui restou um plot idiota de uma tecnologia capaz de controlar o temperamento das pessoas. Pior: a coisa é feita num tom até desproporcionalmente sério, tingindo o filme com uma estética às vezes sombria que elimina qualquer chance da gente se divertir – as poucas piadas realmente boas estão todas no trailer, eu juro!

Entendo o apreço que algumas pessoas têm pelo Seth MacFarlane, que se popularizou por suas criações animadas para a televisão. Da minha parte, sempre soou como um comediante meio intragável e que aqui arruína para as novas gerações o que no passado foi um material brilhante. O que ele viabiliza aqui com o seu diretor e os seus roteiristas é digno de prisão perpétua.

Definitivamente, um dos piores filmes de 2025!


Direção de Akiva Schaffer
Em exibição nos cinemas (Paramount Pictures)

Resenha Crítica | Juntos (2025)

Elaborar um body horror para tratar sobre a dinâmica atual dos relacionamentos pode até ser uma obviedade, mas “Juntos” realmente levanta pontos bem pertinentes para quem tem a sua cara-metade e vai arriscar levá-la ao cinema para uma sessão do filme – aos solteiros, haverá um cardápio muito vasto de motivos para continuar sozinhos.

Embora a reputação artística de Michael Shanks ainda esteja em jogo por conta de um processo movido pelas semelhanças que “Juntos” apresenta com a comédia “Better Half” (o diretor e roteirista alega ter recibos de que a sua história estava em desenvolvimento desde 2018; os envolvidos pela outra produção de 2023 até menção às “Spice Girls” apresenta), não há como negar a sua excelente sacada ao escalar Dave Franco e Alison Brie, ambos também um casal na realidade.

Bastante comprometidos com o projeto, Dave e Alison conferem aquela dose de intimidade que a dinâmica do casal ficcional exige sem necessariamente borrar as barreiras com a realidade. É bastante efetiva a escalação, pois há aqui uma atração emocional e física – além de um entendimento do amargor que existe em parcerias de vida – que não existiria caso tivéssemos outra opção de dupla como protagonista.

Agora, tenho feito uma leitura um pouco diferente dos amigos com quem tive a oportunidade de trocar impressões sobre “Juntos”. Parece um consenso de que o personagem de Dave Franco é a ponta tóxica do relacionamento, mas não acho que tudo seja tão maniqueísta assim – e olha que é muito fácil eu não ter a simpatia pelo irmão do James Franco.

Não vejo o filme somente pelo lado do quanto o casamento é, acima de tudo, uma imposição social, mas como determinados casais parecem impedidos de desfrutar da felicidade plena quando têm os seus pactos interferidos pelo julgamento de terceiros. Gosto muito dessa particularidade do Dave não saber dirigir e da Alison não saber cozinhar e de como isso vira um problema somente quando é observado por alguém de fora. Mesma coisa quando se discute sobre desistência de sonhos em prol de uma companhia.

Enfim, penso se tratar muito mais de um terror sobre dependência emocional (ou esse entendimento de que somos criaturas condicionadas a se desvincular da solidão independente do custo) do que meramente sobre uma relação tóxica, como grande parte do público defende.

★★★
Direção de Michael Shanks
Em exibição nos cinemas (Diamond Films Brasil)

1º GatoFest traz para o Brasil o inédito CatVideoFest 2025 [09/08]

No dia 9 de agosto, São Paulo recebe a 1ª edição do GatoFest, um festival gratuito totalmente dedicado à cultura pop felina. O evento acontece no Jardim Suspenso do Centro Cultural São Paulo (CCSP), com uma programação recheada de atividades para quem ama gatos.

O destaque fica por conta da exibição inédita no Brasil do CatVideoFest, festival internacional que compila os vídeos de gatos mais divertidos e fofos da internet – incluindo virais, animações e clipes musicais. A sessão será ao ar livre, em uma grande tela de cinema sob as estrelas.

Além da sessão de filmes, o GatoFest oferece:

  • Palestras com especialistas, as “CAT Talks”, sobre comportamento felino e dicas de ambientação para gatos;
  • Discotecagem temática com os DJs Pio e Nat Jakovac;
  • Presença de influenciadores felinos, artistas e ilustradoras;
  • Participação de ONGs como Adote um Gatinho, Catland, Ampara e outras, que estarão arrecadando doações de ração e sachês.

O evento celebra o Dia Internacional do Gato (8/08) e é uma chance única de curtir uma experiência coletiva e divertida com outros gateiros e gateiras. Para mais informações, consulte o serviço ao fim desta publicação.

Serviço:
1º GatoFest
Data: 9 de agosto (sábado)
Horário: a partir das 15h 
Local: Centro Cultural São Paulo, no Jardim Suspenso e sala Lima Barreto
Endereço: Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, São Paulo
Capacidade: salas de palestra 99 pessoas, sessão de cinema 150 pessoas
Classificação: livre
Ingresso: entrada gratuita
Retirada de ingresso na bilheteria do CCSP, 1h antes de cada atração