Resenha Crítica | Faça Ela Voltar (2025)

Aquisição da A24 que se tornou um dos seus principais sucessos comerciais, “Fale Comigo” se destacou dentro da boa safra de terror atual sobretudo pela forma bastante original como a dupla Philippou desenhou o seu núcleo jovem de personagens, priorizando aquele recorte australiano meio gente como a gente que se desvincula de registros americanos com os quais estamos mais habituados.

Outra vez, isso é repetido em “Faça Ela Voltar”, aqui condensando as atenções entre dois meio-irmãos, a Piper (Mischa Heywood), que tem deficiência visual, e Andy (Billy Barratt), que carrega o peso de se responsabilizar por toda uma família quando sequer atingiu a maioridade. Antes de mais nada, é um filme que estabelece uma dinâmica muito bonita entre essa dupla e que felizmente se furta de criar um espetáculo totalmente voltado á condição especial de uma de suas protagonistas/atrizes.

Mais adiante disso, no entanto, parece claro que “Faça Ela Voltar” seja mais a aposta dobrada em uma fórmula testada e aprovada anteriormente do que efetivamente um passo seguinte na carreira dos Philippou, que outra vez voltam a versar sobre relações familiares e o luto como uma dor insustentável que encontra conforto nas falsas promessas do sobrenatural.

Não há problema algum em ir pelo caminho seguro, sobretudo se ele renderá uma experiência positiva ao fim, mas bem que alguns aspectos poderiam ser melhor lapidados aqui, como a sutileza em reabordar os temas citados. 

E nem falo sobre a violência brutal, por vezes bem gráfica, de algumas tomadas, que causam um desconforto efetivo que poucos se arriscam em encenar. Mas sim a respeito desses tons exacerbados que nos fazem telegrafar as coisas a quilômetros de distância delas se efetivarem. 

É um filme que a gente já sabe como se construirá nos primeiros segundos em que batemos os olhos nas expressões de desequilíbrio de Sally Hawkins e em seu lar cheio de lodos de um passado recente que essa mulher falsamente bem-intencionada quer trazer de volta a qualquer custo.

★★★
Direção de Danny Philippou e Michael Philippou
Em exibição nos cinemas (Sony Pictures)

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