Leonardo Cortez leva Os Vencedores ao Sesc Ipiranga e conclui sua Trilogia da Fuga

Os Vencedores de Leonardo Cortez

Encerrando a premiada Trilogia da Fuga, o dramaturgo Leonardo Cortez e o diretor Pedro Granato voltam aos palcos com “Os Vencedores”, uma comédia dramática que transforma o jantar de um casal da periferia em um retrato cruel — e por vezes hilário — das contradições brasileiras.

O espetáculo mergulha no universo de uma família de classe baixa que se vê às voltas com as tensões do trabalho, da sobrevivência e dos afetos. Quando o marido chega em casa acompanhado do patrão embriagado, a noite planejada para celebrar 20 anos de casamento se torna um campo minado de segredos, ressentimentos e verdades incômodas.

Com Gabriel Santana, Glaucia Libertini, Lena Roque, Leonardo Cortez e Luciano Chirolli no elenco, a peça mantém a combinação de crítica social e humor que marcou “Pousada Refúgio” e “Veraneio”, unindo o drama doméstico ao comentário político. Segundo Granato, a montagem reflete “o discurso da prosperidade nas periferias e o servilismo disfarçado de cordialidade”.

A trilha de Dani Nega reforça o tom popular e direto da encenação, que convida o público a rir e se reconhecer nas fraturas de um país dividido entre a esperança e o desencanto.

“Os Vencedores” estreia em 31 de outubro no Sesc Ipiranga, com sessões até 14 de dezembro (sextas e sábados às 20h; domingos e feriados às 18h).

SERVIÇO
Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822, São Paulo
Ingressos: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia) / R$ 18 (credencial plena)
Sessão com intérprete de Libras: 21/11
Informações: (11) 3340-2035
Vendas pelo site sescsp.org.br/ipiranga, no aplicativo Credencial SescSP e nas unidades do Sesc

Brasil ganha mostra dedicada no Tokyo International Film Festival

Mostra Classics Brazil Film Week

O cinema brasileiro é o homenageado da edição 2025 do Tokyo International Film Festival. Entre 28 de outubro e 2 de novembro, a National Film Archive of Japan recebe a mostra especial “Classics: Brazil Film Week”, organizada pela Linhas Produções Culturais em parceria com o TIFF, a NFAJ, a Embaixada do Brasil em Tóquio e o Instituto Guimarães Rosa. A iniciativa integra as celebrações dos 130 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Japão e busca reafirmar, para o público japonês, a vitalidade histórica e contemporânea da produção nacional.

A seleção reúne seis títulos entre inéditos e clássicos. Abrindo a programação está “O Último Azul” (2024), de Gabriel Mascaro, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 2025 e exibido pela primeira vez no Japão. Outro destaque é “Milton Bituca Nascimento” (2024), documentário dirigido por Flávia Moraes com narração de Fernanda Montenegro, que recupera a trajetória do ícone da música brasileira por meio de imagens raras e depoimentos inéditos. O drama “Kasa Branca” (2024), de Luciano Vidigal, representa o olhar para o Brasil urbano e periférico em uma história marcada pela dimensão humana e social.

O eixo histórico da programação inclui “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles — vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Oscar — e dois marcos de Glauber Rocha: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969). Os filmes reafirmam a influência duradoura do Cinema Novo na formação de uma linguagem crítica e inventiva reconhecida mundialmente.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

O Último Azul
• 28/10 — 15h
• 30/10 — 15h
• 01/11 — 19h

Milton Bituca Nascimento
• 02/11 — 16h

Kasa Branca
• 30/10 — 19h
• 01/11 — 15h

Central do Brasil
• 28/10 — 19h
• 02/11 — 13h

O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (Antônio das Mortes)
• 29/10 — 19h
• 31/10 — 15h

Deus e o Diabo na Terra do Sol
• 29/10 — 15h
• 31/10 — 19h

SERVIÇO
Mostra Classics: Brazil Film Week
Quando: 28 de outubro a 2 de novembro de 2025
Onde: National Film Archive of Japan (NFAJ), Tóquio
Organização: Linhas Produções Culturais, Tokyo International Film Festival (TIFF), National Film Archive of Japan (NFAJ), Embaixada do Brasil em Tóquio e Instituto Guimarães Rosa
Ingressos e informações: https://www.nfaj.go.jp/english/film-program/tiff-nfaj-classics-brazil-film-week/

Resenha Crítica | O Beijo da Mulher Aranha (2025)

Ainda é um pouco cedo para compreender qual será o nível de disposição que os brasileiros irão depositar nesta nova versão de “O Beijo da Mulher Aranha”, uma vez que a primeira adaptação do romance de Manuel Puig é estabelecida, 40 anos desde a sua produção, como uma das obras artísticas com características de nosso país mais queridas, sobretudo por sua repercussão internacional.

Gosto do filme do Hector Babenco. Já este de Bill Condon, eu amei. Mais calcado na encarnação da Broadway, o diretor americano volta a revisitar elementos que tornaram o seu roteiro de “Chicago” um espetáculo, onde os números musicais soam como fugas da realidade para os seus personagens, agora aqui revisitando os horrores da ditadura argentina que perdurou até o fim de 1983.

É um filme que consegue ser ainda mais pulsante em seus elementos fantasiosos, queer e políticos, construindo uma relação entre Valentin Arregui e Luis Molina bastante complexa e cativante: um herói encarcerado, Valentin é também um sujeito cheio de preconceitos pela vida tê-lo forçado a se comportar como um “macho” diante de situações adversas, ao passo que Molina dá a esse companheiro de cela o dom de se refugiar nos sonhos do filme que narra e compreende, graças a ele, que a sua existência por si só já é um ato político.

Se William Hurt recebeu o único Oscar de sua carreira sobretudo porque a época fez a leitura de que foi extremamente corajoso para um ator hétero viver um gay também drag, o que Tonatiuh faz aqui é muito além das honrarias de estatuetas douradas, encarnando Luis Molina na plenitude que esse personagem exige. Ainda há coisas para assistir, mas não me parece precipitado apontá-lo como o responsável pela melhor interpretação do ano. Também são belos os trabalhos de Diego Luna e Jennifer Lopez, esta outra vez reforçando a grande atriz que é, vivendo diversas personalidades de uma diva hollywoodiana enquanto é vista em coreografias e registros vocais bem diferentes de sua zona de conforto.

★★★★
Direção de Bill Condon
Assistido na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
Em breve nos cinemas (Paris Filmes)

Gilda Nomacce será homenageada no Morce-GO Vermelho Festival 2025 em Goiânia

O Morce-GO Vermelho Goiás Horror Film Festival, que acontece de 30 de outubro a 2 de novembro no Cine Cultura, em Goiânia, presta homenagem a Gilda Nomacce, um dos nomes mais potentes do cinema brasileiro contemporâneo. A celebração acontece no sábado, 1º de novembro, com a exibição do longa “A Herança”, de João Cândido Zacharias, sessão que contará com a presença da atriz para debate. A programação é gratuita e os ingressos serão disponibilizados em breve via Sympla.

Nascida em Ituverava (SP), Gilda Nomacce iniciou sua trajetória artística no teatro aos 12 anos, formou-se em Artes Cênicas pela ECA/USP e ampliou sua formação em Londres e Nova York. No cinema, estreou em 2007 com o curta “Um Ramo” e consolidou uma carreira marcada pela intensidade e pela versatilidade, transitando por dramas, comédias, narrativas queer e produções de horror, gênero no qual se tornou referência. Com mais de 108 obras no currículo, foi indicada ao Prêmio Guarani por “Quando Eu Era Vivo” e “Ausência” (2015) e disputou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro com sua atuação em “As Boas Maneiras” (2018).

Realizado com recursos do Programa Goyazes, o Morce-GO Vermelho busca fortalecer o gênero fantástico no país, aproximando público, artistas e realizadores, além de celebrar obras e trajetórias que expandem o imaginário do cinema brasileiro.

Serviço
Morce-GO Vermelho Goiás Horror Film Festival
30/10 a 02/11 — Cine Cultura, Goiânia (GO)
Entrada gratuita — Ingressos em breve no Sympla
Classificação: 18 anos
Site: morcegovermelhofestival.com.br | @morcegovermelhofest

Resenha Crítica | Bom Menino (2025)

Diretor de vários curtas, Ben Leonberg faz a sua estreia em longa finalmente matando aquela curiosidade somente sugerida em filmes de terror: teriam os cachorros o dom de identificar a manifestação do sobrenatural?

Quando testemunhamos esse fenômeno, ele geralmente marca a transição de um prólogo pacífico para algo que começa a ficar efetivamente perturbador quando um cão late para as sombras. Quando vamos um pouco além disso, ou o bicho de estimação sai de circulação ao ser ferido ou vira objeto do ridículo, a exemplo daquele que tem flashbacks em “Quadrilha de Sádicos 2”.

Com muita paciência e pouco dinheiro do bolso, Ben Leonberg faz de “Bom Menino” uma obra bastante efetiva, indo além do mero “filme gimmick” ou da sensação de que esticou as coisas por sempre fazer bom uso de Indy, uma variação de Retriever sem treino como “ator” e do qual é tutor.

Excetuando a direção de arte, que não é capaz de criar um ambiente que realmente soe assombrado e gerenciado por um protagonista humano em estado de saúde crítico – é tudo organizado demais para representar uma situação tão deprimente -, “Bom Menino” usa muito bem as ferramentas que tem em mãos, sendo elaborado no respeito à perspectiva canina e numa montagem que segura o ritmo do filme e enaltece a magnética presença de Indy.

No entanto, o que há de melhor aqui é como a história consegue virar um pouco o jogo. Em “filmes de cachorrinho”, a gente quase sempre vai se deparar com a finitude do animal e o propósito que cumpriu na vida de uma família. Aqui, a fidelidade que Indy demonstra para o seu tutor da ficção é colocada à prova de outra forma, dando um contorno dramático bastante inesperado e que eleva “Bom Menino” inclusive para quem se frustrar com as expectativas de medo geradas antes de assistir a esse experimento.

★★★
Direção de Ben Leonberg
Em breve nos cinemas (Paris Filmes)

Resenha Crítica | The Mastermind (2025)

Hoje uma das vozes mais independentes e autorais do cinema americano, a diretora Kelly Reichardt segue persistente em suas convicções com a construção de narrativas que desconstroem entendimentos heroicos que seus conterrâneos têm sobre determinados gêneros.

Os animais em filmes como “Wendy e Lucy” e “First Cow” estão ali mais para representar necessidades primitivas do que estabelecer vínculos graciosos com humanos e não há uma obra mais anti-western do que “O Atalho”.

Agora com “The Mastermind”, o espectador testemunhará aquela que é a pior encenação de um roubo já visto no cinema, onde o protagonista interpretado por Josh O’Connor arquiteta com dois capangas a invasão em um museu à plena luz do dia para sequestrar as pinturas de um mesmo artista.

O que de diferente rola em “The Mastermind” é que a obstinação de Reichardt em promover esse cinema minimalista, onde verdadeiras emoções humanas brotam da banalidade, atinge um ponto de exaustão aqui. A partir do segundo ato, passaremos a acompanhar um homem cada vez mais abandonado por familiares e amigos diante da escolha que fez, nada de muito gratificante comunicando sobre essa solidão que o invade a partir do momento que passa a viver como um nômade convicto de que reverterá tudo ao seu favor.

É uma pena que o filme menor de Reichardt chegue justamente no momento em que muitos podem encará-lo como o seu projeto mais acessível. Este é apenas o seu segundo filme a ganhar exibição comercial no Brasil (o primeiro em um contexto fora da pandemia) e, infelizmente, muitos espectadores não se sentirão motivados a explorar o seu belo cinema depois da experiência enfadonha que é “The Mastermind”.

★★
Direção de Kelly Reichardt
Em exibição nos cinemas (MUBI Brasil e Imagem Filmes)

Mostra Ray Harryhausen – O Mestre do Cinema Stop-Motion entra na reta final na CAIXA Cultural Rio de Janeiro [até 19/10]

Fundação Ray & Diana Harryhausen

Em exibição até 19 de outubro, a mostra “Ray Harryhausen – O Mestre do Cinema Stop-Motion” segue em cartaz na CAIXA Cultural Rio de Janeiro com programação gratuita que celebra os 105 anos de nascimento do lendário artista que revolucionou os efeitos visuais no cinema.

Com curadoria de Alexandre Juruena e Breno Lira Gomes, a retrospectiva reúne filmes que contam com a colaboração de Harryhausen nos efeitos visuais, curtas infantis dirigidos por ele, documentários e títulos que inspiraram sua carreira. A iniciativa reverencia o pioneirismo do cineasta e aproxima novas gerações de sua obra, marcada por criaturas mitológicas, dinossauros e monstros fantásticos que influenciaram mestres como George Lucas, Steven Spielberg e Guillermo del Toro.

A segunda semana de programação inclui sessões de clássicos como “Fúria de Titãs” (1981), “Jasão e os Argonautas” (1963) e “As Viagens de Gulliver” (1960), além de uma sessão comentada de “Simbad e o Olho do Tigre” com o crítico Rodrigo Fonseca e a oficina de criação de criaturas lendárias, voltada a crianças e adultos.

A mostra é uma realização da Festivarte, com coprodução da BLG Entretenimento, apoio da Fundação Ray & Diana Harryhausen e patrocínio da CAIXA e do Governo Federal.

Serviço
CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Rua do Passeio, 38, Centro
📅 Em cartaz até 19 de outubro de 2025
🎟️ Entrada gratuita (ingressos 30 minutos antes das sessões)
Mais informações: caixacultural.gov.br | @caixaculturalrj

Aguardado há anos, “A Palavra”, novo filme de Guilherme de Almeida Prado, finalmente chega aos cinemas

Pôster A Palavra, de Guilherme de Almeida Prado

O cineasta Guilherme de Almeida Prado, conhecido por clássicos como “A Dama do Cine Shanghai” e “Perfume de Gardênia”, retorna aos cinemas em 16 de outubro com “A Palavra”, um drama que mistura fé e investigação.

Inspirado na história bíblica de Elias e Eliseu, o filme transpõe o enredo para os dias atuais e acompanha Jezebel (Regina Maria Remencius), uma repórter de TV em busca de sua próxima grande matéria. Sua missão é localizar Elias (Tuca Andrada), homem que realiza milagres no sertão nordestino, curando doentes e ajudando a amenizar a seca. Determinada a desmascará-lo como um farsante, Jezebel começa a rever suas próprias convicções à medida que se aproxima dele.

Produzido pela FJ Produções e Star Filmes, e distribuído pela PlayArte, o longa traz ainda no elenco nomes como Luciano Szafir, Oscar Magrini, Karina Barum, Johnnas Oliva, Soia Lira, Carlos Casagrande e Ana Miranda.

Segundo os produtores, a proposta é refletir sobre como seria a Bíblia se fosse escrita hoje, em um contexto de forte polarização de ideias, mas sem perder a força da fé e seu poder de transformação.

Guilherme de Almeida Prado, que tenta lançar “A Palavra” há anos, também está com outros dois projetos no gatilho. O primeiro, já finalizado, é “Odradek”, que teve première nacional na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2024. Já “Um Olhar Um Suspiro Um Sorriso”, uma versão reimaginada e reduzida de “Odradek”, está previsto para ser lançado em 2026.