Entrevista com o diretor Victor Rodenbach, de “Os Bastidores do Amor”

Victor Rodenbach

Roteirista em filmes como “Um Amor Necessário” e de séries como “Dix pour cent”, Victor Rodenbach ensaiava há algum tempo a sua estreia como diretor em longa-metragem. Após os curtas “Stronger” (2011), “Petit bonhomme” (2013) e “Les aoûtiens” (2014), o seu momento de finalmente brilhar no formato, com um roteiro de sua própria autoria, chega com “Os Bastidores do Amor”, um dos destaques da programação do Festival de Cinema Francês do Brasil 2025.

Em entrevista concedida para o Cine Resenhas, o diretor reflete sobre alguns embates encenados em sua história, centralizados no na dupla profissional e amorosa formada por Henri (William Lebghil) e Nora (Vimala Pons) para assim observar as distinções entre a arte dos palcos e do cinema.

Após essa passagem pelo estival de Cinema Francês do Brasil 2025, “Os Bastidores do Amor” será lançado comercialmente pela Bonfilm. No entanto, ainda não há uma data prevista de estreia.

Victor, minha primeira pergunta é sobre sua trajetória como diretor. Você iniciou a carreira como curta-metragista, realizando filmes entre 2011 e 2014, e agora, pouco mais de dez anos depois, estreia na direção de longas. Como foi esse processo de transição do curta para o longa-metragem?

Ao sair da escola de cinema, fiz curtas-metragens e comecei a trabalhar como roteirista. Durante todo esse tempo, ganhei experiência escrevendo histórias para outros, o que me permitiu precisar meu desejo de direção. Fiz do roteiro o meu ofício de artesão e levei tempo para deixar nascer um verdadeiro desejo de mise-en-scène, para que isso se tornasse algo excepcional na minha vida.

Gostaria de saber sua percepção sobre a relação entre cinema e teatro. No filme, elas parecem duas artes em conflito. O protagonista, vindo do teatro, parece se ‘vender’ ao ir para o cinema, como se isso fosse um crime contra a expressão artística. Essa foi a interpretação que tive.

O cinema é a minha vida e sou apaixonado pelo teatro; são dois mundos que amo sinceramente. Minha ambição no filme era que isso fosse sentido com igualdade, que a obra demonstrasse o mesmo amor por ambos os universos. Na realidade, são mundos vizinhos; alguns profissionais têm um pé em cada um, mas eles também se observam com desejo, com vontade e, às vezes, com um pouco de ciúme. Com certeza, isso me divertia e me interessava brincar com essa dinâmica.

Victor Rodenbach
Durante entrevista com Victor Rodenbach (Foto de Felipe Teixeira – Agência Febre)

Ainda sobre esse tema: no Brasil, vivemos um cenário pós-pandêmico onde os teatros continuam cheios, às vezes lotados, enquanto o cinema enfrenta queda de público e desinteresse, especialmente em relação à produção nacional. Qual é a sua perspectiva sobre isso na França? O cenário pós-pandemia é semelhante, com teatros lotados e cinemas vazios para os filmes franceses?

O cinema na França sofreu com a pandemia, sem dúvida. Os números de bilheteria não são mais os mesmos de antes, enquanto o teatro talvez tenha continuado mais vivaz. De qualquer forma, acredito que são dois mundos que enfrentam dificuldades comuns hoje, especialmente em termos de financiamento público e acesso a recursos, dos quais dependem para sobreviver. Existe um teatro público na França que é uma exceção cultural, assim como o cinema francês, e que hoje precisa lutar para continuar existindo. Há, sem dúvida, diferenças no impacto de público, mas, mais uma vez, são mundos vizinhos confrontados com desafios comuns.

Acredito que a experiência do teatro é mais difícil de substituir em casa. O encontro com atores no palco é algo que parou durante a pandemia, mas, assim que pudemos voltar, não conseguimos encontrar isso em outro lugar — seja nas plataformas de streaming ou em outras formas de ver filmes. O cinema, sem dúvida, sofreu mais com essa concorrência.

Para encerrar, uma pergunta que sempre faço a convidados de festivais internacionais: existe alguma obra brasileira pela qual você tenha um afeto especial? Pode ser um filme, um disco ou um livro pelo qual nutra um carinho particular.

Gosto muito do cinema de Kleber Mendonça Filho. O filme do Kleber que eu mais gostei foi “O Som ao Redor” (“Les Bruits de Recife”). E um músico brasileiro… Caetano Veloso.

Entrevista com Valérie Donzelli, diretora de “Mãos à Obra”

O que acontece quando o bloqueio criativo de um artista colide frontalmente com a dura realidade econômica e a precarização do trabalho no mundo contemporâneo? Essa é a provocação central de “Mãos à Obra”, novo filme da diretora e roteirista francesa Valérie Donzelli, muito conhecida em nosso território por “A Guerra Está Declarada!”.

A partir de sua vinda ao Brasil a convite do Festival de Cinema Francês do Brasil 2025, Valérie concedeu entrevista para o Cine Resenhas para falar sobre a sua premiada adaptação do livro homônimo de Frank Courtès, laureado como Melhor Roteiro no último Festival de Veneza.

Na conversa, ela revela como sua própria crise pessoal a conectou profundamente com a história do protagonista, discute os dilemas éticos de usar a intimidade como matéria-prima para a ficção e compartilha seu carinho por Caetano Veloso e “Baby”, de Marcelo Caetano.

“Mãos à Obra” tem distribuição assegurada nos cinemas pela Bonfilm. Ainda não há previsão de lançamento.


Ao assistir “Mãos à Obra”, identifiquei muitas pautas sendo trabalhadas em seu roteiro, entre as quais a precarização do trabalho na Europa, a crise que invade artistas em sua sobrevivência em tempos de bloqueio criativo ou a experiência que estes deveriam ter diante do que compreendemos como uma vida mundana. Qual foi o tema que disparou aquele gatilho para você fazer esse filme?

Foi o conjunto de todos esses temas que se tornou importante para mim. Ao mesmo tempo, quis contar a dificuldade de criar, a radicalidade da escolha deste homem e a descoberta da uberização do trabalho, bem como as dificuldades de ser bem valorizado hoje em dia.

No fim das contas, a ideia do lucro está por toda parte: na indústria do cinema, na literatura… tudo tem que gerar receita. O trabalho foi atingido em cheio nessa loucura do capitalismo e do liberalismo econômico. Agora, o trabalho tem que ser ainda mais rentável e, por isso, eliminamos os relacionamentos humanos. Torna-se apenas uma plataforma que drena o dinheiro; ela não existe, é completamente virtual e explora um monte de trabalhadores.


O drama atravessado por Paul Marquet (protagonista vivido por Bastien Bouillon), o de não ter um próximo trabalho, é um que você teme atravessar em sua carreira?

Sim, com certeza. Quando quis adaptar o livro, eu mesma estava tentando escrever algo que não conseguia. Eu não tinha mais dinheiro e estava também em uma crise pessoal. Então, quando li o livro, disse a mim mesma: “Na verdade, é isso que eu quero adaptar”. O que eu conto no filme é um pouco mais a minha história do que a do Frank.

Valérie Donzelli
Durante entrevista com Valérie Donzelli (Foto de Felipe Teixeira – Agência Febre)

Algo exibido nessa história que também considero bastante provocador é essa questão do uso que artistas fazem de aspectos privados de suas vidas como materiais para as suas obras ficcionais. Assim como Paul Marquet, você também atravessa esse dilema de expor situações ou pessoas que talvez a desaprovem?

Acho que todos os cineastas contam coisas que falam sobre eles mesmos. Não se pode deixar a si mesmo de fora quando se faz um filme. Para mim, ou são coisas ligadas diretamente à minha vida, como no início da carreira, ou adaptações de livros que contam algo íntimo sobre mim. Está sempre ligado ao íntimo. É isso que me interessa no cinema: conseguir tocar as pessoas contando algo que dialogue com a intimidade delas.


Como você se sentiu ao receber o prêmio de Melhor Roteiro no último Festival de Veneza?

Fiquei extremamente lisonjeada e honrada pelo filme ter sido premiado e estar entre os vencedores, pois o júri era composto por grandes figuras do cinema. Também fiquei contente porque o prêmio recompensou o filme em um aspecto importante, que é a sua história. Como adaptei um livro e, ao mesmo tempo, o revisamos com Gilles Marchand, tudo isso formou praticamente um roteiro novo. Achei divertido ter recebido justamente o prêmio de melhor roteiro.


Como de costume, sempre pergunto para talentos internacionais alguma obra artística brasileira que tenham um apreço particular. Você tem um filme, um livro ou mesmo um disco que gosta muito produzido por nós?

O filme que vi mais recentemente é “Baby”, do diretor Marcelo Caetano. Achei magnífico. Eu o vi no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz e nós inclusive o premiamos. Já um álbum que adoro é um do Caetano Veloso. (Neste momento, Valérie Donzelli se levanta e apanha o seu celular da bolsa, para fazer uma pesquisa no Spotify.) Tem uma música nesse álbum que eu gosto muito, “O Leãozinho”.

Os 10 Melhores Filmes de 2025, segundo John Waters

Em sua lista anual publicada originalmente na Vulture, John Waters revelou quais foram, para ele, os dez filmes mais importantes de 2025. Como de costume, a seleção reúne obras que resumem a predileção do diretor por obras autorais por vezes pouco vistas ou cercadas por recepções nada unânimes. Esta é a tradução para o português da publicação, que destaca títulos como “Eddington”, “Premonição 6: Laços de Sangue” e “Quando Chega o Outono”.

Para acessar o artigo original, clique aqui.

1. Eddington (Ari Aster)
Meu filme favorito do ano é um conto desagradável, porém altamente divertido, tão exaustivo quanto a política atual, com personagens por quem ninguém conseguiria torcer. Ainda assim, é tão assustadoramente engraçado, tão confusamente casto e perverso, que você vai se sentir meio doido e supercult depois de assistir. Se você não gostar deste filme, eu te odeio.

2. Premonição 6: Laços de Sangue (Adam B. Stein, Zach Lipovsky)
A melhor sequência da franquia cinematográfica mais legal de todas. Feroz, fragmentado e cheio de tantas surpresas assustadoras e retorcidas — este filme vai além do trash e entra em um novo reino de arte exploitation.

3. Trilogia de Oslo: Dreams, Love e Sex (Dag Johan Haugerud)
Três filmes noruegueses excelentes, dirigidos pelo mais novo herdeiro do trono de Ingmar Bergman, explorando como todo amor e desejo homo e hétero são complicados, mas esperançosos, e no fundo muito parecidos. Os diálogos mais inteligentes sobre romance em muito, muito tempo.

4. Sirāt (Oliver Laxe)
Sai da frente, “Mad Max”. Se apresse, “O Salário do Medo”. Esta nova e impressionante road trip cinematográfica rumo a uma festa rave nos desertos devastados pela guerra no Marrocos faz esses clássicos parecerem lerdos. Tragédia após tragédia, de intensidade indescritível, fazem deste roteiro a melhor aventura psicodélica “pra se sentir mal” já filmada. Vai explodir sua mente… [alerta de spoiler] literalmente.

5. Sauna (Mathias Broe)
Como um “Trash” moderno de Andy Warhol, este primeiro longa sexy e bem atuado fala de um caso entre um gay sarado e estiloso que trabalha em uma sauna de Copenhague limpando glory holes e um homem trans que agora se identifica como gay. Cunilíngua torta — um novo território a considerar?

6. Room Temperature (Dennis Cooper, Zac Farley)
Um filme poeticamente enigmático, propositalmente tedioso e terno, focado em uma família preparando sua casa no bairro para uma atração de terror de Halloween. Justo quando você começar a odiar o filme, de repente vai se pegar pensando — hã? Eu gostei. É estranho, perturbador e talvez… só talvez, ótimo.

7. Misericórdia (Alain Guiraudie)
Um thriller impossivelmente perverso em que assassinato, incesto enrustido e a atração inadequada por um homem culpado colidem, deixando o público atônito com reviravoltas sexuais e um final maluquíssimo. Socorro! Este saiu totalmente dos trilhos!

8. Quando Chega o Outono (François Ozon)
Um drama comovente (e quando você já me ouviu usar essa palavra?), sem julgamentos, sobre uma prostituta aposentada e seu filho gay, gentil mas cheio de raiva, que sai da prisão e a ensina que talvez matar seja a coisa certa a se fazer.

9. Jayne Mansfield, Minha Mãe (Mariska Hargitay)
Um documentário de primeira linha que revela segredo após segredo sobre Jayne Mansfield e sua família, deixando você na ponta da cadeira e, possivelmente, às lágrimas.

10. The Empire (Bruno Dumont)
Não sou fã de ficção científica, mas quando uma nave brutalista pousa no norte da França neste filme, caí de joelhos para adorar as divindades mutantes a bordo. Não percebi que o roteiro era para ser engraçado até ler o release depois da sessão. É engraçado. De certo modo. Não engraçado “haha”. Não engraçado “esquisito”. Mas engraçado “haha esquisito”, exatamente como o diretor.

Festival de Cinema Francês do Brasil anuncia programação e homenagens

Festival de Cinema Francês do Brasil

O 16º Festival de Cinema Francês do Brasil, que acontece de 27 de novembro a 10 de dezembro em cinemas de todo o país, chega à nova edição reforçando sua vocação: aproximar o público brasileiro da diversidade, da tradição e da renovação do cinema produzido na França. Com uma programação que reúne estreias, sessões especiais, encontros com artistas e retrospectivas, o evento se consolida como um dos principais festivais internacionais do calendário nacional.

Além da robusta seleção de filmes, o festival recebe uma delegação artística francesa que participa de sessões comentadas e debates no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Entre os convidados estão a atriz Isabelle Huppert, homenageada desta edição, as diretoras Valérie Donzelli e Fabienne Godet, os diretores Jean-Claude Barny e Victor Rodenbach, o ator e diretor Pierre Richard — que ganha uma retrospectiva especial — e os atores Bastien Bouillon e Salif Cissé.

A edição apresenta títulos inéditos que chegam ao Brasil com destaque em festivais internacionais, incluindo “Mãos à Obra” (“A pied d’œuvre”), de Valérie Donzelli, premiado em Veneza, e “O Segredo da Chef” (“Partir un jour”), que abriu o Festival de Cannes deste ano. O público também poderá conferir comédias, dramas, estreias e produções de novos talentos, reforçando a amplitude do cinema francês contemporâneo.

Entre as atrações especiais, Pierre Richard retorna à direção com “Sonho, Logo Existo” (“L’homme qui a Vu L’ours qui a Vu L’homme”) e será celebrado com exibições de clássicos como “A Cabra”, “O Brinquedo”, “Os Fugitivos” e “O Loiro, Alto e de Sapato Preto”. Já Isabelle Huppert abre o festival no Cine Odeon com “A Mulher Mais Rica do Mundo”, além de realizar atividades com o público e uma pré-estreia em Salvador.

A edição 2025 conta com patrocínio master de Varilux – EssilorLuxottica, e apoio de BNP Paribas, Edenred, Voltalia, Fairmont, Air France, Ministério da Cultura via Lei Rouanet e Prefeitura do Rio de Janeiro.


Serviço

16º Festival de Cinema Francês do Brasil
Quando: 27 de novembro a 10 de dezembro de 2025
Onde: Cinemas de todo o Brasil
Atrações: Mostras de filmes inéditos, retrospectivas, pré-estreias e sessões com convidados
Convidados: Isabelle Huppert, Pierre Richard, Valérie Donzelli, Fabienne Godet, Jean-Claude Barny, Victor Rodenbach, Bastien Bouillon, Salif Cissé
Mais informações: https://festivalcinefrances.com.br/

DH Fest 2025 começa hoje (25/11) celebrando memória, terra e liberdade em SP

5º DH Fest – Festival de Cultura em Direitos Humanos

O 5º DH Fest – Festival de Cultura em Direitos Humanos chega a São Paulo de 25/11 a 2/12 trazendo uma programação intensa dedicada ao tema memória, terra e liberdade. Com entrada franca, o evento ocupa o Centro Cultural São Paulo, Cinemateca Brasileira, Galpão Cultural Elza Soares, Espaço Petrobras de Cinema, Reserva Cultural e também a plataforma CultSP Play, que disponibilizará parte dos filmes gratuitamente.

Realizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Criatura Audiovisual, o festival marca também os 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog, homenageado por meio de um ciclo especial de documentários sobre sua vida e legado.

Uma das grandes novidades desta edição é o Prêmio Marimbás, criado pela cartunista Laerte. O troféu reconhece personalidades ligadas à cultura e aos direitos humanos, nesta estreia, os homenageados são Sebastião Salgado (in memoriam) e Zezé Motta, que ainda apresenta um pocket show.

A programação inclui cinema, debates, shows, gastronomia e, pela primeira vez, uma peça teatral. O espetáculo musical “Cerrado!”, do Grupo Pano, indicado ao Prêmio Shell 2025, ganha apresentação especial no CCSP.

No sábado, 29/11, o Galpão Cultural Elza Soares recebe uma programação extensa: almoço da Cozinha Escola Dona Ilda (MST), debate sobre alimentação e luta pela terra, a festa Discopédia e um show especial de Leci Brandão, marcando seu retorno aos palcos.

O debate central do festival, “Memória, Terra e Liberdade”, reúne o pesquisador martinicano Malcom Ferdinand e a escritora e ativista guarani Geni Nunez para discutir as interseções entre colonialismo, meio ambiente e luta ancestral.

Mais de duas dezenas de produções audiovisuais compõem a mostra de filmes, incluindo obras inéditas de Aurélio Michiles, Evaldo Mocarzel, Joel Zito Araújo, Tainá Müller e uma nova série dirigida por Caru Alves de Souza. Estão na seleção filmes premiados, lançamentos aguardados e curtas que abordam questões indígenas, LGBTQIA+, socioambientais, violência, memória política e justiça.

A noite de abertura, no dia 25/11, exibe o longa “Alma Negra, do Quilombo ao Baile”, de Flavio Frederico, que retrata o movimento dos bailes black como espaços de resistência e afirmação da cultura negra.

Entre longas, curtas, debates e encontros, o DH Fest 2025 reafirma a importância da arte como ferramenta de memória, afeto, enfrentamento e liberdade, um convite para refletir sobre o país que somos e o que ainda podemos construir.


SERVIÇO – 5º DH Fest

25 de novembro a 2 de dezembro de 2025
Entrada gratuita
Locais:

  • Centro Cultural São Paulo (CCSP) – salas Lima Barreto e Ademar Guerra
  • Cinemateca Brasileira
  • Galpão Cultural Elza Soares
  • Espaço Petrobras de Cinema
  • Reserva Cultural
  • Plataforma CultSP Play (online)

Abertura – 25/11, às 20h — Reserva Cultural
Filme: “Alma Negra, do Quilombo ao Baile” (dir. Flavio Frederico)

Premiação Prêmio Marimbás – 2/12, às 20h — Espaço Petrobras de Cinema
Homenageados: Sebastião Salgado (in memoriam) e Zezé Motta (com pocket show)

Programação completa: https://www.dhfest.art.br/

A Natureza das Coisas Invisíveis conquista o Coelho de Ouro no 33º Festival MixBrasil

A Natureza das Coisas Invisíveis Rafaela Camelo Festival MixBrasil
Foto: Amanda Clemente/Festival MixBrasil

Diretora de “A Natureza das Coisas Invisíveis”, Rafaela Camelo recebe o principal prêmio do 33º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, o Coelho de Ouro de Melhor Longa-Metragem, Prêmio concedido pelo Júri de Longas, que também premiou o drama em Melhor Interpretação para Laura Brandão e Serena.

Formado pela multiartista Andrezza Czech, pelo ator João Pedro Mariano e pelo especialista em indústria cinematográfica Wiktor Morka, o júri justificou a escolha: “Trata-se de um filme que aborda temas profundos com leveza e sensibilidade, guiado pela potência de um olhar infantil que transforma dor em delicadeza. A narrativa convida o espectador a um território íntimo, onde silêncio e emoção falam mais que palavras. Cada gesto revela afeto, poesia e um modo de ver o mundo que resgata a capacidade de sentir como pela primeira vez“.

No filme, Glória tem 10 anos e passa as férias no hospital onde sua mãe trabalha como enfermeira. Lá ela conhece Sofia, uma menina que está convencida de que a piora na saúde da bisavó é causada pela internação no hospital. Unidas pelo desejo de sair dali, as crianças encontram conforto na companhia uma da outra. Quando a partida se torna inevitável, as meninas e suas mães seguem para um refúgio no interior de Goiás para passar os últimos dias de um verão inesquecível.

Com distribuição da Sessão Vitrine Petrobras, “A Natureza das Coisas Invisíveis” estreia comercialmente na próxima quinta-feira, 27 de novembro.

Prêmios do público e do júri consagram Apolo no Festival MixBrasil 33º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade

Tainá Müller Festival MixBrasil
Foto: Amanda Clemente/Festival MixBrasil

“Apolo”, documentário dirigido por Tainá Müller e Isis Broken, recebeu dois importantes reconhecimentos no 33º Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade, com cerimônia de premiação realizada na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, nesta quarta-feira. A produção conquistou o Coelho de Prata (Prêmio do Público) de Melhor Longa Nacional e uma Menção Honrosa do Júri na categoria de Melhor Longa-Metragem, reforçando sua força, relevância social e impacto emocional.

A justificativa do júri para a Menção Honrosa ressalta a profundidade e a urgência do filme: “Um filme que emociona por transbordar resistência, mas, principalmente, amor, respeito e cuidado. Com uma narrativa que expõe a intimidade de forma corajosa para denunciar violências institucionais, mas é amarrada pelo amor entre o casal e o acolhimento da família de ambos, este trabalho firma sua relevância pela riqueza de imagens e a potência não apenas de levantar o debate acerca das famílias transcentradas, mas de trazer esperanças para o que há por vir. No país que, no presente, mais mata pessoas trans no mundo, este filme reescreve a história por meio de uma carta para o futuro. Um futuro no qual a existência e o afeto entre famílias LGBTQIAPN+, e principalmente entre pessoas trans, deverá ser não apenas respeitado, mas celebrado. O filme é um registro histórico, uma carta de amor e um poético manifesto do futuro que é escrita como uma carta para esta vida tão aguardada e que tanto merece ser celebrada.

Presente na cerimônia, Tainá Müller subiu ao palco para receber o certificado de Menção Honrosa do Júri na categoria de Melhor Longa-Metragem, afirmando ser “uma emoção recebermos esses prêmios por um filme que foi uma batalha fazermos. Mas principalmente uma batalha de Isis Broken e Lourenzo Gabriel. Hoje vemos Apolo tão lindo, tão saudável, e essa família brasileira, transcentrada, tão maravilhosa. Acho que é a maior satisfação que a gente pode ter. É isso, o amor supera tudo”.

Os prêmios no 33º Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade (onde o filme recebe reprise nesta sexta-feira, 21/11, no Instituto Moreira Salles – IMS Paulista, às 19h),  chegam após a forte recepção do filme no Festival do Rio deste ano, onde “Apolo” fez sua première nacional e venceu nas categorias Melhor Longa-Metragem Documentário e Melhor Trilha Sonora Original, composta pelo músico Plínio Profeta.

“Apolo” acompanha a jornada de uma família formada por um casal transgênero revelando as nuances do amor. Enquanto acompanhamos a gestação de Apolo, refletimos sobre os diferentes dramas de um casal transgênero: Isis Broken e Lourenzo Gabriel. O pai está dando à luz e a sociedade não está preparada para isso.

“Apolo” é produzido pela Capuri, Puro Corazón e Biônica Filmes, esta última também distribuidora do filme, e tem apoio do Grand Mercure Copacabana. Realização Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo. O lançamento comercial acontecerá no dia 27 de novembro de 2025.

Festival MixBrasil anuncia os vencedores da 33ª edição – veja a lista completa

Festival MixBrasil anuncia os vencedores da 33ª edição – veja a lista completa
Foto: Amanda Clemente/Festival MixBrasil

O Festival MixBrasil revelou na noite desta quarta-feira, 19 de novembro, os vencedores da categoria Cinema da sua 33ª edição, em evento na Biblioteca Mário de Andrade. Entre os premiados com o Coelho de Ouro, o maior reconhecimento do festival, estão “A Natureza das Coisas Invisíveis”, de Rafaela Camelo, eleito Melhor Longa Brasileiro; “Arrenego”, de Fernando Weller e Alan Oliveira, destaque da Mostra Reframe; e “Boi de Salto”, de Tássia Araújo, escolhido como Melhor Curta Brasileiro.

Nas escolhas do público, “Apolo”, de Tainá Müller e Isis Broken, ficou com o Coelho de Prata de Melhor Longa Nacional, enquanto “A Sapatona Galáctica”, da dupla australiana Leela Varghese e Emma Hough Hobb, levou como Melhor Longa Internacional. Os prêmios de curta-metragem ficaram com “Fardado” (nacional) e “Tão Pouco Tempo” (internacional).

Com o tema “A Gente Quer +”, o MixBrasil segue até domingo em São Paulo com uma programação gigante que atravessa cinema, teatro, artes visuais, XR, literatura e games. No encerramento também serão anunciados os vencedores das demais frentes do festival, como Mix Literário, Dramática, Artes Visuais e o Prêmio Ida Feldmann.

A realização é da Associação Cultural Mix Brasil e do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio de Itaú, Spcine e Prefeitura de São Paulo, além de apoio de SescSP, Embaixada da França e parceria com a Talent, entre outros.


Lista completa de vencedores – Cinema

33º Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade

Coelho de Ouro – Prêmio do Júri (Mostras Competitiva Brasil e Reframe)

Melhor Curta-Metragem Brasileiro: Boi de Salto, de Tássia Araújo
Melhor Longa-Metragem Brasileiro: A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo
Melhor Filme – Mostra Reframe: Arrenego, de Fernando Weller e Alan Oliveira

Incentivo: O longa e o curta premiados da Competitiva Brasil recebem apoio para novos projetos audiovisuais via parceria com DOTCINE e MISTIKA.


Coelho de Prata – Júri (Mostra Competitiva Brasil / Curtas)

Melhor Direção: Rosa Caldeira e Nay Mendl, por Fronteriza
Melhor Roteiro: Luma Flôres, por Como Nasce um Rio
Melhor Interpretação: Leona Vingativa, Aria Nunes, Laiana do Socorro, Victor Henrique Oliver, Agarb Braga, Mac Silva, Juan Moraes – Americana
Menções Honrosas: A Vaqueira, a Dançarina e o Porco, de Stella Carneiro e Ary Zara; e Ví puxovuko – Aldeia, de Dannon Lacerda


Coelho de Prata – Júri (Mostra Competitiva Brasil / Longas)

Melhor Direção: Guto Parente, por Morte e Vida Madalena
Melhor Roteiro: Guto Parente, por Morte e Vida Madalena
Melhor Interpretação: Laura Brandão e Serena, por A Natureza das Coisas Invisíveis
Menções Honrosas: Apolo, de Tainá Müller e Ísis Broken; e Apenas Coisas Boas, de Daniel Nolasco


Coelho de Prata – Júri (Mostra Competitiva de Inteligência Artificial)

Melhor Filme: Sakura Gansha, de Sijin Liu (Reino Unido, Taiwan)
Menção Honrosa: Essa Não É uma Carta de Amor, de Danilo Craveiro (Brasil-SP)


Coelho de Prata – Prêmio do Público

Melhor Curta-Metragem Nacional: Fardado, de Dan Biurrum
Melhor Curta-Metragem Internacional: Tão Pouco Tempo, de Athina Gendry (França, Alemanha)
Melhor Longa-Metragem Nacional: Apolo, de Tainá Müller e Ísis Broken
Melhor Longa-Metragem Internacional: A Sapatona Galáctica, de Leela Varghese e Emma Hough Hobb (Austrália)


Outros Prêmios

Menção Honrosa – Mostra Reframe: Resumo da Ópera, de Honório Félix e Breno de Lacerda
Prêmio Canal Brasil de Curtas: Fronteriza, de Rosa Caldeira e Nay Mendl
Prêmio SescTV Apresenta: Como Nasce um Rio, de Luma Flôres
Prêmio Show do Gongo: A Perna Cabeluda, de Manequins Harmonizades

Santo André recebe a 10ª Mostra de Cinema Chinês com sessões gratuitas no Ponto MIS

Trending Topic, de Xin Yukun

Com o tema “Uma Janela para a China”, a 10ª Mostra de Cinema Chinês de São Paulo chega a Santo André nos dias 12, 19 e 26 de novembro, sempre às 18h, na Sala de Projeção do CCM Emílio Pedutti Filho. A programação é gratuita e integra o circuito do Ponto MIS, iniciativa do Museu da Imagem e do Som em parceria com o Instituto Confúcio na Unesp.

A mostra exibe nove produções recentes que mergulham em temas como identidade, relações familiares e transformações sociais na China contemporânea. Entre os destaques estão “Impacto”, sobre as lutas de um time de rúgbi marginalizado; “O Amor de Mu Mu”, que retrata uma família surda com delicadeza e lirismo; e “Trending Topic”, que discute a fronteira entre verdade e ficção na era digital.

Com curadoria de Lilith Li e Wang Xiangyi, o festival celebra dez anos de intercâmbio cultural entre Brasil e China e marca também os “50 anos Dourados” das relações diplomáticas entre os dois países. Desde 2015, a mostra já apresentou mais de cem filmes ao público brasileiro, consolidando-se como uma das principais pontes entre as cinematografias oriental e ocidental.

O evento busca aproximar os públicos e revelar a força criativa do cinema chinês contemporâneo — uma produção que, por meio de histórias íntimas e visuais exuberantes, convida à reflexão sobre o mundo em transformação.

PROGRAMAÇÃO

• 12 de novembro, às 18h 
Impacto 
China, 2025, DCP, 108 min, 12 anos 
Direção: Qiangsheng Huang 
Elenco: Zhang Yu, Li Xian 

• 19 de novembro, às 18h 
O Amor de Mu Mu  
China, 2025, DCP, 102 min, 12 anos 
Direção: Han Yan 
Elenco: Zhang Yixing, Li Luoan 

• 26 de novembro, às 18h 
Trending Topic  
China, 2023, DCP, 115 min, 16 anos 
Direção: Xin Yukun 
Elenco: Zhou Dongyu, Song Yang, Yuan Hong 

10ª Mostra de Cinema Chinês de São Paulo – “Uma janela para a China”
Local: Ponto MIS Santo André – Sala de Projeção do CCM “Emílio Pedutti Filho”
Endereço: Avenida Sampaio Vidal, 245 – piso superior, Santo André (SP)
Datas: 12, 19 e 26 de novembro de 2025
Horário: 18h
Entrada gratuita
Idioma: mandarim, com legendas em português
Mais informações: mostracinema.institutoconfucio.com.br/mostra-cinema-chines-interior-sp

“Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar 2025, é destaque no 16º Festival de Cinema Brasileiro na Rússia

16º Festival de Cinema Brasileiro na Rússia

O cinema brasileiro vive um ano histórico, e o 16º Festival de Cinema Brasileiro na Rússia chega para celebrar esse momento. Entre 13 de novembro e 7 de dezembro, cidades como Nizhny Novgorod, Kaliningrado, São Petersburgo e Moscou exibem sete longas que representam a força e a diversidade da produção nacional.

O grande destaque é “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. Adaptado do livro de Marcelo Rubens Paiva, o filme narra a história de Eunice Paiva, mulher que enfrenta o desaparecimento do marido durante a ditadura militar e precisa reinventar sua vida e a dos filhos.

A mostra também traz o documentário “Milton Bituca Nascimento”, de Flávia Moraes, uma jornada afetiva pela obra e espiritualidade de um dos maiores nomes da música brasileira. “Retrato de um Certo Oriente”, de Marcelo Gomes, revisita a saga de imigrantes libaneses na Amazônia, enquanto “Pasárgada”, estreia de Dira Paes na direção, acompanha uma bióloga isolada na Mata Atlântica em busca de reconexão com sua ancestralidade.

16º Festival de Cinema Brasileiro na Rússia

Entre os documentários, “Mangueira em Dois Tempos”, de Ana Maria Magalhães, revisita as crianças retratadas no histórico “Mangueira do Amanhã”, revelando histórias de resistência e transformação. “Querido Mundo”, de Miguel Falabella, e “Tia Virgínia”, de Fábio Meira, completam a programação com olhares sensíveis sobre encontros, família e recomeços.

Realizado pela Linhas Produções Culturais com apoio da Embaixada do Brasil em Moscou e patrocínio da ApexBrasil, o festival se consolida como um dos principais eventos dedicados à cultura brasileira no exterior. Mais de 50 mil pessoas já prestigiaram o evento desde sua criação em 2008 — e, em 2025, a celebração promete ser ainda mais especial.