Resenha Crítica | Fatal (2008)

Fatal | ElegyO americano Philip Roth, de 75 anos, é um escritor reconhecido mundialmente. Embora se tenha registrado um ou outro roteiro que fora adaptado de um romance do escritor foi somente em 2004 através de “Revelações” que Roth se tornou um nome mais conhecido no cinema. “Fatal”, que surgiu através de “O Animal Agonizante”, aqui no Brasil traduzido em 128 páginas pela Companhia de Letras, marca um segundo esforço do roteirista há muito tempo indicado ao Oscar por “Visões de Sherlock Holmes”, Nicholas Meyer. Embora tanto “Revelações” e este “Fatal” sejam bons ambos os dramas tem uma falha comprometedora: uma direção irregular. A boa notícia é que Phillip Noyce, um diretor muito competente, vai ser o responsável por “American Pastoral”, que trás os nomes ainda não confirmados de Jennifer Connelly, Paul Bettany e Evan Rachel Wood.

Enquanto isto, pode-se apreciar o mais recente “Fatal”, trazendo um relacionamento parecido com o de “Revelações”, de um personagem central velho apaixonado por uma mulher muito mais jovem. David Kepesh (Ben Kingsley) é um professor universitário que, no passado, rompeu o casamento com sua mulher e que até hoje mantém distância de seu filho Kenneth (Peter Sarsgaard, com raras aparições durante a projeção). Entre os relacionamentos amorosos com a amante Carolyn (Patricia Clarkson) e os de amizade com o poeta George O’Hearn (Dennis Hopper), David reserva espaço para se apaixonar quase que perdidamente pela sua aluna Consuelo (Penélope Cruz). O caso não é muito intenso até o momento que Consuelo quer firmar um compromisso sério, enquanto David tenta se distanciar desta responsabilidade com as incertezas que sua idade oferece.

Com tantos temas como o relacionamento entre pai e filho, onde Kenneth parece seguir os rumos do pai deixando o seu casamento em risco ao confessar um caso extraconjugal, e a dor que uma perda pode causar, Isabel Coixet, a diretora do excelente “Minha Vida Sem Mim”, confere frieza naquilo que há de melhor no filme: o casal formado por David e Consuelo. Ben e Penélope exibem notável beleza na encenação de cenas amorosas, mas o filme parece não se movimentar com o excesso de sentimentos tão conflitantes, mesmo com um primeiro ato muito bem resolvido. Como Robert Benton fez em “Revelações”, Isabel Coixet não tem pulso forte necessário no comando de “Fatal”. O resultado é bem morno. Como curiosidade, elegia é o nome que se dá a um poema lírico e triste, enquanto o animal agonizante é o título que inspirou Philip Roth através de um poema de William Butler Yeats.

Título Original: Elegy
Ano de Produção: 2008
Direção: Isabel Coixet
Elenco: Ben Kingsley, Penélope Cruz, Dennis Hopper, Deborah Harry, Patricia Clarkson e Peter Sarsgaard

11 Comments

  1. Avatar de Desconhecido

    Eu achei “Fatal” interessante apenas pelas performances de Penelope Cruz (principalmente) e Ben Kingsley. A nota é a mesma que a sua – inclusive concordo bastante com a maioria das colocações que fez – especialmente a direção de Isabel Coixet que eu achei pouco madura.
    Nota: 6,0
    Abraço!

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  2. Avatar de Desconhecido

    Realmente o resultado é morno, mas acho que gostei um pouco mais do filme do que você. Não que a história tenha me conquistado especialmente, mas o elenco é sensacional, cada atuação melhor que a outra – especialmente da Penélope. Abs!

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  3. Avatar de Desconhecido

    Alex, este pode não ser um excelente filme, mas vale pelas performances de Ben Kingsley e Penélope Cruz. Mas, a Isabel Coixet vai ficar lembrada como a diretora que fez, até agora, a melhor adaptação de um dos livros do Philip Roth para o cinema. Só fico surpreendida com isso porque o autor do roteiro de “Fatal” é Nicholas Meyer, que também escreveu o horroroso “Revelações”….

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  4. Avatar de Desconhecido

    Weiner, os desempenhos é o forte de “Fatal”. Abraço!

    Vinícius, acho que o meu desempenho predileto daqui foi o de Dennis Hooper.


    Kamila, eu já li o seu texto de “Revelações” quando você me enviou por e-mail e que acabou ficando de fora de um especial do Cinemateque, mas não esperava que, no resultado geral, você tinha achado o longa horroroso.

    Hugo, por se tratar da mesma Isabel de “Minha Vida Sem Mim” se esperava mais de sua direção aqui em “Fatal”.

    Cleber, Penélope já entregou desempenhos bem melhores do que este apresentado em “Fatal”. Abraço!

    Pedro, eu também me senti um pouco exausto por causa do pulso fraco conferido ao filme.

    Kau, pelo visto este é aquele filme bom e só! Abraços!

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