Nicolas Cage já deu muitas evidências de talento numa filmografia que hoje ultrapassa sessenta títulos. Entretanto, raramente se testemunhou um intérprete tão bom investindo em projetos tão medíocres, aquém de sua capacidade. Para se ter uma clara noção, Nicolas Cage não se envolveu em nenhum projeto relevante desde 2005, ano em que protagonizou “O Senhor das Armas” e “O Sol de Cada Manhã”. O motivo de se envolver nos últimos anos em uma dívida milionária ao governo americano não justifica tantos tropeços, ainda que seu cachê seja gordo nos blockbusters que estampa seu nome artístico. Neste sentido, o ator deve muito a Werner Herzog, o principal responsável pelo seu desempenho perfeito em “Vício Frenético”, talvez o melhor entre todos os trabalhos masculinos ao longo do ano passado.
O cineasta alemão não é afeito a refilmagens, mas confiou e rodou o texto de William M. Finkelstein assumindo não ter conferido o filme original realizado por Abel Ferrara em 1992 e protagonizado por Harvey Keitel, evitando assim comparações entre as duas versões. A ação se passa em New Orleans, onde o tenente Terence McDonagh (Nicolas Cage) tem uma contusão na coluna ao resgatar um presidiário pós-Furacão Katrina. Algum tempo se passa e a história se dedica em mostrar as suas investigações sobre uma mulher assassinada.
O diferencial na narrativa se mostra quando vemos que o que nos atrai é o caráter duvidoso do tenente Terence: corrupto, viciado em drogas, amante de uma prostituta (Eva Mendes) e mentiroso. Com tantas características negativas, não é difícil imaginar que o abismo que cairá será mais profundo conforme mergulha de cabeça no submundo do crime. Tal impressão também é extraída com o título original de “Vício Frenético”, o tenente mau.
Preservando na releitura algumas características de seu cinema, como os delírios de Terence materializado através das aparições de iguanas, Werner Herzog apresenta um personagem central notável. Sempre acreditando que está acima da lei em um cenário preenchido por sordidez, o tenente Terence é uma figura que provoca empatia justamente por conhecemos suas ações errôneas. No fundo, é a exposição da natureza selvagem de um homem que não se modifica. A ressalva é que “Vício Frenético” se beneficiaria ainda mais se concebesse o mesmo tratamento para os personagens que cercam Terence, defendidos por um elenco de apoio tão bom quanto Nicolas Cage.
Título Original: The Bad Lieutenant: Port of Call – New Orleans
Ano de Produção: 2009
Direção: Werner Herzog
Roteiro: William M. Finkelstein, baseado no filme “Vício Frenético”, de Abel Ferrara
Elenco: Nicolas Cage, Eva Mendes, Val Kilmer, Xzibit, Shawn Hatosy, Jennifer Coolidge, Tom Bower, Vondie Curtis-Hall, Brad Dourif, Denzel Whitaker, Irma P. Hall, Shea Whigham e Michael Shannon

Como é bom ver Cage aplicando todo seus tiques de atuação num trabalho em que eles funcionam perfeitamente, e num filme muito divertido. Mendes também está ótima.
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Lição a ser tirada desse filme: Nicolas Cage sabe ser bom ator quando quer, né???
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Gostei. Herzog não se acanha em colocar elementos bizarros numa história meio que batida. Cage é bom ator, mas é inconstante em suas escolhas. Daria 4 estrelas.
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Mais do que eu esperava. Cage quando trabalha com o diretor certo, geralmente tem resultados bons.
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[…] Outros indicados: “A Vida Durante a Guerra“ | “Alice no País das Maravilhas“ | “Preciosa – Uma História de Esperança“ | “Vício Frenético“ […]
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[…] uma performance perfeita na versão de “Vício Frenético” dirigido por Werner Herzog e uma participação discreta, mas eficaz em “Kick-Ass – […]
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