Talvez o cineasta mais transgressor em atividade, o dinamarquês Lars von Trier não perde a oportunidade de criar polêmica com intenção de se promover. Especialmente no festival de Cannes, tendo em coletivas para a imprensa se declarado o melhor diretor do mundo e, em ocasião recente no evento onde virou persona non grata, simpatizante de Hitler. Traço incômodo na personalidade de um artista compensado pela linguagem cinematográfica nada usual de sua filmografia, capaz de discutir o comportamento de uma sociedade sem salvação através de personagens martirizadas tanto sob um tablado delineado com giz (“Dogville”) quanto flertando com o musical (“Dançando no Escuro”). O mesmo faz em “Melancolia”, mesmo com o caráter, digamos, mais acessível.
Dividido em dois extensos capítulos, “Melancolia” se dedica em registrar o comportamento de duas irmãs em ocasiões definitivas, tendo em comum a onipresença do planeta Melancolia. A primeira delas, Justine (Kirsten Dunst, prêmio de melhor atriz em Cannes), se casará com Michael (Alexander Skarsgård, do seriado “True Blood”) enquanto uma sucessão de contratempos familiares surge, culminando numa celebração que resgata muito de “Festa de Família”, obra assinada pelo também dinamarquês Thomas Vinterberg e primeira a figurar na lista do movimento Dogma 95. Não é difícil notar que Justine é uma jovem deprimida, forçando uma harmonia que não lhe pertence. Será na segunda e última parte da história que conheceremos melhor sua irmã mais velha Claire (Charlotte Gainsbourg). Casada com o rico astrônomo John (Kiefer Sutherland) e mãe de um filho (Stefan Cronwall), ela está visivelmente temerosa quanto à previsão que anuncia a colisão entre o planeta Melancolia e a Terra.
Com um esplêndido prólogo composto por imagens que se assemelham as obras de pintores como John Everett Millais e Caspar David Friedrich, como também embalada pela ópera “Tristão e Isolda” de Wagner, “Melancolia” é denominado por Lars von Trier como sua perspectiva sobre o fim do mundo sem final feliz. A informação antecipada é pequena diante da experiência proposta por seu autor, repleta de simbolismos e imprimindo com ela emoções diversas.
A decisão em dividir uma história em dois não soa gratuita. Com foco em Justine e Claire, mas sem abrir mão de personagens secundários importantes, “Melancolia” estabelece dois extremos. O primeiro é Justine descrente de sua própria existência, seduzida pela garantia da liberdade que deseja com a possibilidade da colisão entre Melancolia e a Terra. O segundo extremo é Claire com o medo da morte, do que o evento lhe proporcionará posteriormente. Dois enigmas que também colidem na conclusão mais desoladora que já testemunhei.
Título Original: Melancholia
Ano de Produção: 2011
Direção: Lars von Trier
Roteiro: Lars von Trier
Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling, John Hurt, Alexander Skarsgård, Stellan Skarsgård, Brady Corbet, Udo Kier, James Cagnard, Jesper Christensen, Deborah Fronko, Cameron Spurr e Stefan Cronwall
Cotação: ![[5star.jpg]](https://blogcineresenhas.files.wordpress.com/2008/10/5star.jpg?w=67)

Isso que o Von Trier fez no Festival de Cannes não chamo de provocação, chamo de marketing barato. Provocação é o que o próprio filme faz, uma história que caminha para o caos e faz sua protagonista encontrar a paz de espírito. Não acho que seja excelente (odeio as cenas iniciais do filme, me soam pretensiosas e forçadas), mas mostra o quanto o Von Trier ainda é capaz de alcançar a boa forma de obras-primas como Ondas do Destino e Dançando no Escuro.
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Rafael, acho a maior besteira essas pessoas se promoverem proferindo um monte de asneiras. A sorte é que o talento artístico que von Trier tem ofusca o seu jeito idiota de ser. Que ele continue fazendo obras com a mesma qualidade e que a punição em Cannes, bem como a reação geral de seus comentários, lhe dê um pouco de juízo, rs.
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E finalmente concordamos com alguma coisa. Só acho que a transgressão fica para os diretores orientais.
Abs! :D
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Pedro, não penso desse jeito. Só “Os Idiotas” faz o diretor merecer o título. Um abraço.
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Apesar de ter estar um tanto de saco cheio com o Von Trier, Melancolia parece mesmo ser imperdível!
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Victor, de saco cheio com o von Trier? Poxa, se você com outro chatonildo como Steven Soderbergh eu até fazia coro!
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Bela crítica, Alex. Tô bem ansiosa para conferir este filme, apesar de achar que ele vai demorar bastante pra chegar por aqui!
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Muito obrigado, Kamila. Infelizmente, “Melancolia” ganhou uma distribuição muito precária em nosso país. Mesmo assim, fiquei feliz em testemunhar que este tipo de filme ainda tem público, como se vê nas filas enormes que ele ganhou em sua estreia aqui em São Paulo.
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Justine é uma pessoa melancólica, pois é filha de pais separados com um pai mulherengo e uma mãe totalmente pessimista.
Portanto esta jovem se tornou uma pessoa depressiva que vê a vida como algo imerecido e trágico. Ela acha que é dotada de uma sensibilidade apurada tanto que prevê o fim da terra com uma certeza absoluta.
Porem pode-se notar que o fim do mundo não ocorre efetivamente, mas ele é o fim da família de Justine e todos que estão a sua volta por causa da sua melancolia.
Se vocês puderem rever o fim percebam que no momento que Claire tenta ligar os carros para fugir, Justine comenta que isto não tem nada haver com o povoado e esta situação é repetida varias vezes durante o filme, porém de modo menos explicito, notem quando ao chegarem perto da ponte que divide o campo de golfe com o povoado algo impede deles continuarem o percurso, então podemos concluir que o filme expressa como a melancolia afetou uma família inteira e que o não desejo de viver da Justine se reverteu em destruição de todos a sua volta.
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