36ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
Diretor há quase trinta anos, o canadense Guy Maddin fez carreira com a exibição de seus trabalhos em festivais de cinema alternativo. O interesse em registrar o lado obscuro de seus personagens e algumas escolhas nada convencionais (como se vê na grande parcela de suas obras fotografadas em preto e branco) o transformou em um cineasta comparável a David Lynch. “Keyhole”, seu mais recente trabalho exibido, confere estas características particulares e pode despertar o interesse de espectadores de primeira viagem pela sua filmografia. Simultaneamente, é uma encenação frustrante e de ideias macabras que jamais ficam claras.
No fiapo de história, o ranzinza Jason Patric vive Ulysses Pick, um gângster que retorna à sua casa após um longo tempo. O ambiente, impregnado por uma atmosfera densa, serve de único cenário da narrativa, onde acompanhamos Ulysses explorar cômodo por cômodo a fim de reviver memórias do seu passado, que incluem a esposa Hyacinth (Isabella Rossellini, que já havia trabalhado com Guy Maddin em “A Música Mais Triste do Mundo”) e os filhos (papéis de David Wontner e Brooke Palsson).
Sugerindo a todo o momento um tom de perversidade na dinâmica entre esta família e alguns personagens secundários, “Keyhole” não vai além do choque gratuito porque Guy Maddin erra em todas as escolhas que toma como diretor e autor do roteiro (escrito em parceria com George Toles). Os problemas não são as lacunas não preenchidas (se é que elas existem, dada a fragilidade da proposta), mas a redundância com que é encenado o mergulho psicológico do protagonista, preso em um cenário limitado e complementado por uma estética amadora.
Título Original: Keyhole
Ano de Produção: 2011
Direção: Guy Maddin
Roteiro: George Toles e Guy Maddin
Elenco: Jason Patric, Isabella Rossellini, Udo Kier, David Wontner, Brooke Palsson, Louis Negin, Suzanne Pringle, Kevin McDonald, Daniel Enright, Theodoros Zegeye-Gebrehiwot, Brent Neale, Olivia Rameau, Claude Dorge, Jorge Requena e Mike Bell

Poxa, Alex, você foi impiedoso nessa resenha, hein? De todo jeito, parece ser um filme com uma proposta diferente, apesar dos erros cometidos pelo diretor. Se eu tiver a oportunidade, irei conferir, mas sem qualquer expectativa.
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Kamila, este foi o primeiro filme que assisti de Guy Maddin e admito que, embora incrivelmente ruim, o seu estilo bizarro de filmar tenha me chamado a atenção de alguma maneira. Dizem que “A Música Mais Triste do Mundo” é a obra-prima dele. Vou procurar.
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Alex.
recomendo que você veja outros filmes do diretor para tentar apagar essa impressão negativa. Eu vi Keyhole- e ele é mesmo muito ruim, mas existem outros dele que são bacanas. A ‘música mais triste do mundo’ por exemplo.
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Marcelo, tenho curiosidade quanto “A Música Mais Triste do Mundo”, certamente será o próximo filme que verei dele.
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