Resenha Crítica | A Superfície da Sombra (2017)

A Superfície da Sombra, de Paulo Nascimento

Publicado em 2012 pela editora Grua Livros, o romance “A Superfície da Sombra” é um dos 15 livros publicados de Tailor Diniz e que o confirma como um autor persistente na arte do mistério, elaborando histórias que giram em torno de crimes e mortes. Pela primeira vez, é adaptado para os cinemas pelo cineasta Paulo Nascimento, com quem aliás retomará parceria ainda este ano com a série televisiva “Chuteira Preta”.

No prólogo do filme, se faz presente a descrição de Diniz quanto a fronteira que separa o Brasil do Uruguai. Ela é atravessada por Tony (Leonardo Machado), sujeito de Porto Alegre que vai visitar Adèle, uma velha amiga. Ao chegar em sua residência, é recepcionado pela filha dela, Blanca Lucía (Giovana Echeverreria), e informado sobre o seu recente falecimento.

Restou para Tony a possibilidade de despedida com Adèle já no caixão. Ainda assim, não decide regressar de imediato, interagindo com a pequena população que se comunica em portunhol. Além de Blanca, passa a desenvolver uma conexão com um coveiro e cantor de tango interpretado pelo sempre fascinante César Troncoso, uma espécie de porta de entrada para um ambiente particular repleto de misticismos.

A princípio, o aspecto mais elogioso de “A Superfície da Sombra” se concentra na fotografia de Renato Falcão. Responsável pela estética das animações dirigidas e produzidas por Carlos Saldanha, ele transforma Chuí, município do Rio Grande do Sul com menos de 7 mil habitantes e principal locação do longa, em um universo coberto por nuvens densas em que os raios solares se manifestam timidamente.

Porém, a hipnose provocada pela boa exploração do ambiente e a sua potencialidade para obter uma iluminação particular logo se desfaz, graças a um roteiro que investe na aparição pontual de figuras que relembram ou profetizam acontecimentos que não costuram ao final uma boa resolução. Pouco ajuda a caracterização incompreensível de Tony, com um look à lá Nicolas Cage em “Coração Selvagem”, bem como a trilha instrumental absolutamente inadequada de Paulinho Supekovia. Uma decepção dupla para a conta de Paulo Nascimento, que agora prova não saber fazer suspense a um mês do lançamento do igualmente insípido “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos”.

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