Resenha Crítica | 78/52 (2017)

78/52, de Alexandre O. Philippe

Morto há 38 anos, Alfred Hitchcock tem sido nas últimas semanas uma das principais tendências culturais dos paulistanos com a exposição “Hitchcock – Bastidores do Suspense”, atualmente em cartaz no MIS – Museu da Imagem e do Som. O que pode ter passado batido é a disponibilidade do documentário “78/52” na Netflix, um ano após a sua exibição no festival É Tudo Verdade.

O diretor Alexandre O. Philippe centra o seu interesse naquela que é uma das cenas mais emblemáticas de toda a história do cinema: o assassinato de Marion Crane (Janet Leigh) enquanto toma uma ducha em “Psicose”. Concebido no período de uma semana por Hitchcock e a sua equipe, o feito empregou 78 planos distintos e 52 cortes.

Ainda hoje apavorante, a cena do chuveiro é também uma das mais referenciadas e parodiadas que se tem notícias. Mas há muitas possibilidades de discussão que vão além da complexidade de sua realização. É como se um sem número interpretação surgisse em cada revisão.

Para tanto, O. Philippe convocou um misto interessante de artistas para compartilhar apontamentos sobre esse trecho específico de “Psicose”, que dura segundos. Entre eles, temos o escritor Bret Easton Ellis (“Psicopata Americano”), a cineasta Karyn Kusama (“O Convite“), a atriz Illeana Douglas (“Cabo do Medo”), Mick Garris (que conduziu para a tevê “Psicose IV: A Revelação”), entre outros.

Há duas participações que se destacam entre as demais. A primeira é do compositor Danny Elfman, que refez a partitura de Bernard Herrmann para o remake dirigido por Gus Van Sant (que, segundo O. Philippe, preferiu não participar do documentário por desejar guardar consigo as suas impressões sobre ambas as versões – mas você pode saber um pouco sobre elas aqui). A segunda é de ninguém menos que Jamie Lee Curtis, que prestou homenagem à mãe Janet Leigh na série “Scream Queens”.

Acertando ao fazer uma coleta mais descontraída dos depoimentos, “78/52” tem aquele poder de aumentar a percepção diante da contemplação de uma obra fílmica, confirmando que cada segundo é rico de informações quando se trata do audiovisual. Em 91 minutos, O. Philippe ministra uma aula que vale muito mais que um semestre todo de escola de cinema.

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