Resenha Crítica | Nas Terras Perdidas (2025)

O fato de o diretor inglês Paul W. S. Anderson estar na ativa ainda hoje é um milagre. Embora seja a engrenagem essencial no que se refere à possibilidade de se adaptar games para o cinema (“Mortal Kombat” é a primeira que deu certo e a franquia “Resident Evil” quadriplicou nas bilheterias o seu custo geral na casa dos 300 milhões de dólares), ele também amargou fracassos que o deixaram em maus lençóis por um tempo, sobretudo na dobradinha “O Enigma do Horizonte” e “O Soldado do Futuro”, hoje exaltados como os seus melhores filmes.

Embora seja um diretor que sempre procurou acompanhar o avanço da tecnologia para a arquitetura de universos fantásticos (foi o primeiro a se consultar com James Cameron para empregar as mesmas câmeras 3D de “Avatar” em “Resident Evil 4: Recomeço”), hoje ele parece preso naquilo que víamos há 20 anos lançado direto em DVD.

Apesar da expectativa em vê-lo trabalhando um texto de George R.R. Martin (o criador de “Game of Thrones”), o fato de priorizar os efeitos elaborados em computação gráfica aproxima o seu “Nas Terras Perdidas” mais de “A Era da Escuridão”/”Mutant Chronicles” do que de “Mad Max” ou “Duna”, ao mesmo tempo engajando por esse apreço e afastando diante de sequências que não passam de borrões digitais.

Além do mais, a falta de continuidade para estabelecer alguma coerência na evolução dos eventos segue sendo o maior pecado de Paul W.S. Anderson. Onde os protagonistas conseguem aqueles cavalos, mesmo depois dos cabos do ônibus bondinho serem cortados? Pra quê estabelecer aquela conexão entre Boyce (Dave Bautista) e Mara (Deirdre Mullins) se a importância da segunda vai se dissipar na velocidade de um estalar de dedos?

A premissa é bem bacana, ambientada em um futuro pós-apocalíptico pautado por regras da Idade Média, mas faltou um interesse em compreender os personagens além do seu potencial em se transformar em bonequinhos de alguma rede de fast food. Excetuando a presença de Arly Jover, atriz espanhola que vive uma liderança que conspira contra o Trono, o restante fica a dever.

★★
Direção de Paul W.S. Anderson
Em exibição nos cinemas (Diamond Films Brasil)

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