Resenha Crítica | A Festa (2017)

The Party, de Sally Potter

A realizadora britânica Sally Potter costuma ser bem relacionada com atores de alto gabarito. Para tanto, os seus últimos filmes valem mais pela reunião de um time respeitado de intérpretes e a capacidade de segurar o interesse por uma história do que necessariamente por sua direção convencional e ausente de picos dramáticos.

Foi o que aconteceu com “Rage” (2009, inédito no Brasil) e “Ginger & Rosa” (2012). O mesmo poderia se suceder com “A Festa”, mas Potter opta por um quase minimalismo que funciona. Com somente sete integrantes em todo o elenco, um único cenário, duração enxuta de 71 minutos e a fotografia em preto e branco do russo Aleksei Rodionov,  há ainda maior evidência de um bom texto segurando as rédeas.

Para comemorar o cargo político que assumirá, Janet (Kristin Scott Thomas, felizmente desistindo da aposentadoria) organiza uma pequena festa para amigos ao lado de seu marido Bill (Timothy Spall), que parece não estar em um bom dia. Os casais formados por April (Patricia Clarkson, dona da melhor personagem) e Gottfried (Bruno Ganz) e Martha (Cherry Jones) e Jinny (Emily Mortimer) são os primeiros a chegar.

Mesmo com as observações sempre sarcásticas de April e a passividade de Bill em sua poltrona, as coisas só começam a ficar fora do eixo mesmo com a vinda de Tom (Cillian Murphy). Além de não estar acompanhado por sua esposa, há todo o momento visita o banheiro para cheirar cocaína e manuseia uma arma que esconde dentro do terno.

A sensação para alguns será a de teatro filmado, mas há certa informalidade na operação da câmera de Sally Potter mais condizente com a linguagem cinematográfica e o elenco se apropria do espaço restrito com uma liberdade oposta ao engessamento das marcações. São virtudes que colaboram para a fluência da narrativa, dessas que literalmente nos pregam surpresas até o seu último segundo.

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